Três investigadores da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) são investigados, suspeitos de formar uma milícia armada para beneficiar empresários da mineração em Teixeiras, na Zona da Mata mineira. O esquema teria movimentado mais de R$ 30 milhões em cerca de cinco anos. Os suspeitos foram alvo de operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) nessa quinta-feira (4/9).
Segundo as investigações, conduzidas pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPMG (Gaeco), para viabilizar o esquema, os agentes públicos criaram empresas de fachada em nome de “laranjas”, a fim de ocultar e dissimular o recebimento das vantagens. As empresas também prestavam serviço clandestino de segurança privada, com ampla utilização do aparato estatal.
De acordo com o MPMG, um assessor parlamentar ficava responsável por intermediar o pagamento de propinas aos policiais corruptos. Além disso, está sendo apurada a existência de uma rede de usura e lavagem de capitais estabelecida na comarca de Teixeiras, com destaque para a atuação de três empresários da cidade. Juntos, eles movimentaram mais de R$ 30 milhões em aproximadamente cinco anos.
Conforme o MP, há fortes indícios de que o grupo investigado praticou delitos licitatórios e contratos fraudulentos com o município de Teixeiras, inaugurando uma esfera de “poder paralelo” na região, com uso de violência e grave ameaça contra terceiros.
Além dos policiais civis, também são investigados um assessor parlamentar, três empresários, um contador, um ex-escrivão, um profissional autônomo e uma profissional da área ambiental.
Operação cumpriu mais de 30 mandados
Durante a operação, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, três mandados de afastamento de cargos públicos e de suspensão do porte e da posse de armas de fogo; três mandados de monitoramento eletrônico; 11 mandados de indisponibilidade de bens, dentre outras medidas cautelares.
As cautelares foram deflagradas nas cidades de Teixeiras, Viçosa, Ponte Nova, Rio Casca, Pedra do Anta e Belo Horizonte. Ao todo, foram apreendidos diversos dispositivos eletrônicos, armas de fogo, documentos, aproximadamente R$ 106 mil em espécie, 740 folhas de cheque, dentre outros materiais de interesse às investigações.
Participaram da operação sete promotores de Justiça, quatro delegados de polícia, aproximadamente 70 policiais civis, e servidores do Ministério Público de Minas Gerais.