Ainda não podemos mensurar a falta que Neymar fará ao Barcelona. Por mais que o time possua uma estrela do tamanho de Lionel Messi, um extraterrestre como muitos dizem, existia ali uma sintonia, um esquema de jogo construído para abalar a confiança de qualquer rival quando se defrontava o trio MSN.
Pensei eu, inutilmente, que o clube catalão aproveitaria a deixa da saída do craque brasileiro para reinventar-se taticamente, mas logo percebeu-se a dependência do esquema com três homens ofensivos. E quando se está no desespero, por vezes, você é obrigado a dar repostas, nem sempre muito lógicas.
O preço disso? 105 milhões de euros (R$ 392 milhões), mais 40 milhões de euros (R$ 149,5 milhões) de variáveis em bônus e uma cláusula rescisória de R$ 1,5 bilhão por um jogador.
Dembélé foi o nome escolhido para dar fim, ou pelo menos tentar, ao dilema de não ter Neymar. E é visível o remorso. Mal chegou e o francês recebeu a camisa 11 que pertencia ao brasileiro.
O complicado negócio fechado com o Borussia Dortmund, ex-clube de Dembélé, envolveu troca de acusações, principalmente de aliciamento, pois ora, um dia após uma primeira reunião entre as partes, o jovem francês, de 21 anos, decidiu simplesmente não treinar mais. O Barcelona, que reclamou da maneira como o PSG fez sua investida em Neymar, é o mesmo que deu um ‘empurrãozinho’ para a insatisfação de Dembélé. O grande trunfo do clube catalão é ter ao seu favor o lado psicológico dos vários negócios que conduz.
Pois, afinal de contas, quando se recebe uma proposta do Barça, o panorama se inverte e a cabeça do atleta fica mexida.
A saída de Neymar para o PSG, um clube de representatividade mediana dentro do cenário dos campeões da Europa, mexeu com o brio catalão e colocou em xeque as decisões do presidente Josep Maria Bartomeu e a lógica de que o Barcelona é absoluto. O que vale, neste novo mercado de transferências, é a grana. E os clubes, assim como o Liverpool na situação de Coutinho, estão certos em baterem o pé e exigirem o máximo que puderem.
E os bastidores estão intensos. As decisões da diretoria blaugrana foram ironizadas pelos próprios jogadores nas redes sociais, quando do processo que o Barcelona moveu contra Neymar pelo não cumprimento da renovação de contrato por parte do brasileiro.
Ou seja, o mesmo clube que joga com o psicológico de seus alvos é capaz de processar um ex-atleta por simplesmente ter tomado o seu rumo. E ora, se havia uma cláusula contratual que liberava Neymar mediante ao pagamento de multa, quem está errado na história?
Permanecer no centro das atenções é algo realmente necessário ao Barcelona, um clube que não quer ficar à sombra de seu rival Real Madrid, que vem papando tudo quanto é título na Europa, inclusive o Espanhol. Existia uma ordem cronológica de sucessão de estrelas na Catalunha, de Ronaldinho para Messi, de Messi para... As reticências são hoje a prova de que o futuro culé está em aberto.
E isso, querendo ou não, é um choque para quem se acostumou a ditar tendências. O jogo virou, Barcelona!
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