Análise

Galo improdutivo e sem gols é rei da posse sem criatividade e passes para o lado

Time de Rafael Dudamel teve média de posse superior a 60% nos últimos três jogos, mas só balançou as redes uma vez

Por Gabriel Pazini
Publicado em 07 de fevereiro de 2020 | 15:49
 
 
 
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Um filme (de terror) tem se repetido nos últimos jogos do Atlético. O time de Rafael Dudamel controla a posse de bola mas, lento no ataque, apático, sem criatividade sentindo a falta de um camisa 10, um armador, não cria muitas oportunidades de gol. Improdutivo, o Galo exagera nos passes para o lado que nada acrescentam, não encontra (nem tenta encontrar ou cria) espaços na defesa adversária e finaliza pouco. Nas poucas vezes em que consegue finalizar, o time sente, então, a falta de um camisa 9 confiável, com Di Santo e Ricardo Oliveira vivendo péssimas fases e desperdiçando as poucas chances criadas.

Se no ataque o time não tem criatividade e agressividade, é lento e improdutivo, na defesa, o cenário também é não é dos melhores. Lenta e desatenta, a retaguarda do Galo tem sofrido mesmo contra adversários fracos.

Não à toa, nos últimos jogos, o Atlético dominou a posse de bola, tendo média superior a 60%, mas marcou apenas um gol, empatou contra os fracos Coimbra e Tombense no Independência, e tomou uma surra do inexpressivo Unión-ARG.

Na Argentina, pela Copa Sul-Americana, o Galo teve 61,2% de posse de bola e trocou 518 passes. No entanto, sem criatividade e agressividade, a maioria deles foram para o lado e o time de Dudamel criou poucas chances claras de gol. Foram somente cinco chutes ao alvo em 90 minutos, mesmo tendo a pelota durante tanto tempo. Os erros no ataque aliados ao desempenho também pífio e desastroso da defesa lenta e desatenta e do meio-campo desconectado, renderam na acachapante derrota por 3 a 0, que complica muito a vida do Atlético na competição continental. Para avançar à segunda fase, a equipe alvinegra precisará vencer por quatro ou mais gols de diferença no jogo de volta, em Belo Horizonte, em 20 de fevereiro.

Antes disso, o Galo teve 58,9% de posse contra o Tombense, mas apenas seis finalizações certas no empate por 1 a 1 no Horto pelo Campeonato Mineiro. Na rodada anterior, incríveis 67,6% do tempo com a bola nos pés contra o Coimbra e, ainda mais incrível: apenas um chute no alvo no 0 a 0 contra o estreante na elite estadual. Os mesmos erros vistos contra o Unión já tinham ocorrido nos dois jogos anteriores. O Atlético tem repetido seus equívocos partida após partida e sofrendo sem um armador, um centroavante confiável e um time apático, sem criatividade e com defesa lenta.

Na goleada por 5 a 0 sobre o Tupynambás, antes da terrível sequência atual, o Galo teve 64,7% de posse, mas finalizou muito mais: 17 vezes, sendo 10 certas. O time foi muito mais agressivo. No entanto, vale destacar que o Atlético jogou com um jogador a mais desde a expulsão de Henrique, aos 28 minutos de jogo. Antes disso, a equipe alvinegra tinha dificuldades para criar e encontrar espaços na defesa rival, o que ficou fácil com a vantagem numérica em campo e ajudou na construção da goleada sobre o lanterna do Campeonato Mineiro, que não venceu um jogo sequer dos quatro disputados até aqui. Ou seja, a boa vitória foi uma exceção que contou com "ajuda" de um frágil adversário.

A única partida com cenário diferente foi a estreia atleticana em 2020, contra o Uberlândia, fora de casa, na vitória por 1 a 0. Naquele jogo, o Galo teve 46,7% de posse, mas acertou o gol adversário cinco vezes, superando o número do embate com o Coimbra e igualando o do confronto com o Unión em Santa Fé, em partidas nas quais o time de Dudamel teve muito mais posse de bola. O desempenho, porém, também não agradou, com uma equipe mais reativa e também apresentando vários problemas.

Dudamel ainda inicia seu trabalho e encontra sua equipe, que sente muita falta de um camisa 10 como Juan Cazares. Ele não é o principal culpado e é apenas o começo de um trabalho, mas o cenário não é animador e muitos erros precisam ser corrigidos. Não à toa, o início de temporada do Atlético é o segundo pior desta década.

O Galo tentará dar a volta por cima após três jogos sem vitórias neste domingo (9), às 18h (de Brasília), contra a URT, em Patos de Minas, pela 5ª rodada do Campeonato Mineiro.

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