A cada ano, há pessoas bradando pelo fim dos estaduais com os mais diversos argumentos. Contudo, quem defende a extinção talvez não tenha a exata noção do que representa o Campeonato Mineiro para os nove clubes do interior. Em alguns casos, a única competição do calendário. Em outros, a possibilidade de “prorrogar” a temporada ao garantir vaga em torneios nacionais.

Considerando-se que, teoricamente, os times da capital mineira largam em vantagem na disputa, as equipes fora de BH promovem um campeonato à parte, em busca de um lugar ao sol. Por causa disso, o Mineiro é para os “pequenos” a possibilidade de manter o futebol ativo pelo maior número de meses na temporada, bem como os profissionais do esporte empregados por um tempo maior durante o ano.

Tombense

A última temporada do Tombense foi ótima. Terminou o Mineiro em quarto lugar, foi o melhor do interior, além de ter conseguido o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. Em 2022, a expectativa do time da Zona da Mata é, pelo menos, manter o desempenho.

“A gente vem sempre com os pés no chão. Primeira etapa é fazer 11, 12 pontos para sair do rebaixamento, porque isso é normal. Mas o Tombense pensa um pouco mais, em relação a tentar chegar entre os quatro, igual temos conseguido fazer. Aí, se tiver uma chance, disputar o título do Mineiro, que é o nosso sonho”, afirma Lane Gaviolle, presidente do Tombense.

O Gavião Carcará manteve o treinador Rafael Guanaes e peças importantes como o experiente goleiro Felipe Garcia, de 34 anos, além dos atacantes Keké, que passou pelo Cruzeiro em 2021, e Daniel Amorim, após vestir a camisa do Vasco.

URT

Para a disputa do Estadual, a URT contratou 24 jogadores que se juntaram aos remanescentes Jairo (goleiro), Evair (meio-campo) e Matheus Oliveira (atacante). Para o comando técnico, está de volta Welington Fajardo, que dirigiu a equipe em 2021. Neste ano, além do Mineiro, o Trovão Azul estará na Copa do Brasil e na Série D do Brasileiro.

“Retornamos com o Welington Fajardo, pois gostamos do trabalho dele em 2021. A maioria dos jogadores contratados é nova, nunca jogou aqui em Patos de Minas. Contudo, o elenco formado pela nossa equipe de futebol agradou bastante”, avalia a presidente Maria Isabel Pimenta.

Em relação às pretensões da URT na competição, Maria Isabel pondera que o clube vai brigar por objetivos, de forma gradativa. “Clube do interior sempre almeja estar entre os quatro primeiros colocados e ter vaga na Copa do Brasil. Mas, lógico que, primeiramente, pensamos em permanecer na Primeira Divisão do Mineiro, que é um campeonato muito competitivo, muito difícil”, pontua.

Pouso Alegre

Depois de ficar 28 anos sem disputar o Módulo I, o Pouso Alegre voltou com tudo em 2021. Além de se manter, conquistou vaga na Copa do Brasil e na Série D do Campeonato Brasileiro. Por causa da pandemia, não pôde contar com a presença da torcida no Manduzão, que passou por reforma no gramado e recebeu iluminação. Em 2022,  confia na força da torcida para ir ainda mais longe.

“Esperamos que o torcedor seja o nosso 12º jogador, porque estamos há dois anos jogando sem público. Queremos fazer uma boa campanha para ficar, pelo menos, entre quinto e oitavo na primeira fase, o que nos dará a possibilidade de brigar por competições nacionais mais uma vez. Cuidamos do gramado do Manduzão e poderemos ter jogos à noite”, destaca Paulo da Pinta, presidente do Pousão.

Caldense

A Caldense projeta um desempenho melhor na temporada, apesar das adversidades econômicas que enfrentará, conforme explica o gerente de futebol Luis Antônio Sebastião

“Há as dificuldades que todo mundo tem, ainda mais neste ano, porque o contrato para a transmissão dos jogos teve um valor muito reduzido, e acho que vai dificultar para todos”, ressalta Luisão, como é conhecido.

A Veterana será comandada por Gian Rodrigues, de volta ao Ronaldão. Ele substituirá Marcus Grippi, que foi para a Portuguesa do Rio de Janeiro. Entre os profissionais que compõem a comissão técnica está Gladstone, ex-zagueiro, em início de carreira como auxiliar.

Athletic

O Athletic de São João del Rei reativou o futebol profissional em 2018, depois de 48 anos ausente. Galgou as divisões de acesso, chegou ao Módulo I ano passado e conseguiu se manter. Nesta temporada, buscou jogadores experientes como Danilinho, ex-Atlético, além de seguir com Lee e Sidmar, remanescentes. O comando será do ex-atacante Roger, com passagens, entre outros, por Ponte Preta, Botafogo e São Paulo.

“O campeonato é duro, mas a gente está se preparando para isso, sabemos das dificuldades. Precisamos passar bem pelos primeiros quatro jogos e, depois, vamos para os confrontos diretos. O Athletic está bem, cabeça está boa. É um grande desafio, mas tenho certeza de que posso trazer coisas boas e fazer uma grande campanha no Mineiro”, vislumbra Roger.

Uberlândia

Por pouco, o Uberlândia não conseguiu o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro no ano passado. O Verdão do Triângulo caiu nas quartas de final da Quarta Divisão, mas não se abateu. Encara este Campeonato Mineiro como nova possibilidade de brigar na parte de cima da tabela e, de quebra, garantir classificação para a Série D.

Para isso, é fundamental arrancar com o pé direito na disputa estadual. “Queremos chegar entre os quatro primeiros do Mineiro e, na sequência, buscar um lugar na final da competição. Sabemos que não será fácil, mas nos preparamos bem para atingir o objetivo”, destaca Rênio Carlos Garcia, presidente do Uberlândia.

Patrocinense

Para melhorar a campanha em 2022, o Clube Atlético Patrocinense, também conhecido como CAP, aposta no técnico Gustavo Brancão, ex-Tupynambás. Ele assumirá o posto de Rogério Henrique que, ano passado, conseguiu manter o time no Módulo, tendo terminado a competição em décimo lugar.

Gustavo Brancão quer brigar nas primeiras colocações do Estadual, mas prega respeito aos rivais.

“Pode parecer clichê, mas a expectativa do CAP é a melhor possível. Será um campeonato muito difícil, igual, complicado, e as equipes mais regulares farão as melhores campanhas. No entanto, esperamos estar entre os times que estarão na frente, brigando. Tudo isso com muito comprometimento, profissionalismo e uma entrega muito grande, entrando em todo jogo como se fosse a final de campeonato, uma guerra”, pondera o treinador.

Villa Nova

Depois de correr sério risco de fechar as portas, imerso na mais grave crise dos seus 113 anos de fundação, o Villa Nova resistiu. Então rebaixado em 2021, a participação no Módulo II esteve ameaçada. Aos 45 do segundo, a parceria formada com o Coimbra garantiu sobrevida ao Leão do Bonfim.

O clube de Contagem cedeu comissão técnica, jogadores e estrutura para treinamentos, mantendo a tradicional camisa alvirrubra e fazendo do Castor Cifuentes seu Alçapão. Com uma grande campanha na Segunda Divisão mineira, o Villa sagrou-se campeão e está de volta à elite estadual.

“O ano de 2021, realmente, foi muito conturbado, difícil. O Villa esteve prestes a fechar as portas, mas com muito carinho, dedicação e honestidade, conseguimos resgatar a credibilidade do clube. Não só junto ao mercado, mas em relação aos torcedores. Junto com isso veio a parceria com o Coimbra, muito exitosa. Além disso, enalteço a participação de outras pessoas, outros abnegados que gostam do clube", relembra Bruno Sarti Almeida, presidente o Villa Nova.

Para 2022, a parceria foi mantida com o Coimbra que, novamente, cedeu profissionais e toda a estrutura para a temporada do Leão, que estará sob a batuta do técnico Bruno Pivetti.

“O Campeonato Mineiro é muito difícil, disputa de tiro curto. Seguramente, está entre os três mais difíceis do Brasil. Mas, com muito planejamento e dedicação, estamos otimistas quanto à participação do clube neste ano”, confia Bruno Sarti.

Democrata-GV

O Democrata-GV é uma das novidades do Módulo I. Fora da Primeira Divisão desde 2018, quando foi rebaixada, a tradicional Pantera de Governador Valares só pensa em grande campanha para se manter na elite. O técnico Paulo Shardong foi mantido e a meta é seguir entre os principais do Estado.

Entre as caras novas, está o atacante Filipe Carvalho, com passagem recente pelo São Caetano. Em sua estreia no Mineiro, o jogador espera contribuir para que a Pantera se destaque na competição.

“Vestir essa camisa é motivo de orgulho, pois é um clube tradicional e com grande torcida. Agora, neste retorno para a Primeira Divisão, é preciso ter uma participação positiva e buscar grandes coisas na competição. Como é a minha primeira vez no futebol mineiro, toda a preparação que está sendo feita é de grande importância. Fui muito bem recebido e minha adaptação foi ótima. Quero proporcionar alegrias ao clube e aos torcedores”, promete Filipe Carvalho.