Um dos responsáveis por protocolar o pedido de impeachment do presidente Sérgio Santos Rodrigues, o advogado Fábio Stockler, associado do Cruzeiro e presidente da SDC, a Sociedade Democrática Cruzeirense, repercutiu no Super.FC as recentes declarações do mandatário celeste, que apontou à rádio 98 FM que a petição era uma 'peça de comédia'. Para o advogado, Sérgio agiu de forma desrespeitosa e antiética, não só com a torcida, mas com seus colegas de profissão. já que o presidente celeste também é advogado.
"Recebemos sem surpresa a forma como o presidente agiu. Cumpre ressaltar a forma absurdamente antiética com que o advogado Sérgio Santos Rodrigues trata seus colegas de profissão que desenvolveram a peça de impeachment. Passo seguinte, não é novidade a forma totalmente desrespeitosa com que o presidente Sérgio Santos Rodrigues trata os torcedores do Cruzeiro Esporte Clube, que democraticamente utilizaram de um meio previsto no estatuto do clube (artigo 20,X e artigo 6, II), para buscar o impedimento do mesmo", declarou Stockler.
O advogado apontou ainda os fatores que basearam o pedido de impeachment, ressaltando o quanto Sérgio seria nocivo à instituição
"Quanto ao conteúdo da peça, conforme demonstrado, o estatuto não traz critérios objetivos para propositura e deferimento do impeachment.
Baseamos em critérios estatutários e regimentais para demonstrar que o atual presidente é nocivo a instituição, lesando constantemente a imagem e gestão do clube. Não se pode esperar o cometimento de um crime comum para propositura de um impeachment de presidente de associação desportiva. Os critérios são diferentes da área pública", salienta o advogado.
"Como exemplo, deixo a pergunta; "Vestir a camisa do Atlético Mineiro em público é crime?" Obviamente que não! mas e se o presidente do Cruzeiro Esporte Clube o fizer publicamente ?! Isto afetaria diretamente a imagem do clube, certo?! E neste caso, existe previsão estatutária sobre o ato nocivo ao clube. Dentro deste exemplo, podemos pegar um dos tópicos da peça de impeachment. Todos sabemos que a torcida do Cruzeiro é seu maior patrimônio e existem áudios em que o presidente Sérgio Santos Rodrigues literalmente ameaça de morte torcedores que forem manifestar na rua de sua casa, além de dizer literalmente que está "cagando e andando para torcida". Este é só um exemplo da conduta nociva do presente, afetando diretamente a imagem do clube", ressaltou Stockler no contato com a reportagem.
O presidente da SDC, em defesa da peça publicada, apontou que Sérgio mente de forma contumaz e contesta a fala do dirigente, quando cita que a demissão de um técnico não é motivo para um pedido de impachment.
"Lado outro, podemos pegar os tópicos citados por ele, de forma debochada, e mostrar que Sérgio mais uma vez mente de forma contumaz. Na peça, não pedimos o impeachment pelo fato de ter demitido o Felipe Conceição, mas sim pelo fato de Sérgio ter tentado burlar as regras da CBF literalmente mentindo publicamente, quando disse que a saída do treinador foi de comum acordo. Dias após, o presidente foi desmentido, e o registro da demissão realizada de forma obrigatória por decisão CNRD. Neste episódio, além de mais uma grave lesão a imagem do clube, que teve mais uma vez seu presidente "pego na mentira", ainda ficamos reféns de um técnico iniciante (Mozart) que não poderá mais ser demitido conforme novas regras da CBF.
Em resumo, todos os pedidos têm relação com a constante lesão a imagem do clube, provocada pela ingerência e imaturidade do presidente, além de alguns tópicos relacionados a desvios orçamentários e gestão temerária", pontuou Stockler.
Ainda ao Super.FC, o advogado comentou quais serão os próximos passos do SDC em relação ao requerimento protocolado. Existe a necessidade da avaliação do presidente do conselho deliberativo celeste, Nagib SImões. Mas Stockler acredita que o tema não precisará passar por uma judicialização, relembrando que o Ministério Público pode ser acionado para fazer cumprir o estatuto.
"Existe o pedido para convocação de Assembleia Geral Extraordinária, conforme determina o artigo 6, II. Em paralelo, o Ministério Público tem prerrogativa de fiscalizar o cumprimento das regras de nosso estatuto, o que poderá ser requerido, se for o caso. Apenas em último caso, cogitaríamos uma judicialização, acreditamos que não será necessário", salientou.
O presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, foi procurado pela reportagem para comentar as falas em relação à sua pessoa e administração, mas não respondeu aos contatos. Na entrevista à 98 FM, ele disse que a petição foi proposta por pessoas que não tiveram a capacidade e competência para estar na posição que ele ocupa.