O presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, se pronunciou na manhã desta quarta-feira (23) a respeito do vazamento do suposto contrato de intenção de compra de 90% das ações da SAF pelo ex-jogador Ronaldo. O mandatário do clube celeste afirmou se tratar apenas de um 'documento preliminar', que teria passado por várias alterações no decorrer das negociações.
Por meio de nota emitida via assessoria de imprensa do clube, antes mesmo de esclarecer sobre algumas questões previstas no suposto acordo, Sérgio Rodrigues demonstrou 'surpresa' em relação à matéria vinculada pelo GE nesta terça (23).
"Em relação à reportagem baseada em um Documento Preliminar que representava o início dos entendimentos entre Cruzeiro e Ronaldo, portanto não o contrato final, surpreende o acesso ao documento, pois poucas pessoas envolvidas na operação tinham acesso a ele. O motivo da confidencialidade nunca foi esconder nada, mas justamente preservar um negócio sujeito a alterações já que, repito, se tratava de um início de entendimento", destacou Sérgio Rodrigues.
De acordo com o presidente do clube, o caráter emergencial da negociação exigiu que um documento preliminar fosse redigido. "Como explicado reiteradas vezes, nossa negociação precisava de mais urgência já que tínhamos débitos essenciais - salários e FIFA - que precisavam ser pagos e o aporte só poderia ser feito com a assinatura de documento que desse um mínimo de lastro e conforto para o investidor", defendeu, em outro trecho da nota.
Sérgio Rodrigues ressaltou que o ponto principal que precisa ser levado em questão é que o documento em questão "já está muito modificado após conversas entre as partes; percebe-se, por exemplo, que nele nada é falado do pagamento da dívida tributária; assim como essa cláusula, várias outras mudaram depois e no contrato definitivo estarão regidas de forma diferente".
O presidente do Cruzeiro afirmou que os detalhes do contrato de compra das ações da SAF serão totalmente esclarecidos na próxima reunião do Conselho Deliberativo do clube, marcada para o próximo dia 4 de abril.
"Obviamente, as cláusulas do documento final serão todas debatidas na assembleia do dia 4/4, oportunidade em que será feita uma apresentação completa sobre a negociação e haverá espaço para perguntas. Inclusive, diante da importância do tema, deveremos ter a presença do próprio Ronaldo para tranquilizar os Conselheiros quanto ao projeto proposto ao Cruzeiro", ressaltou, acrescentando que até aqui o Conselho Fiscal também foi atendido em todas as solicitações de documentos que fez.
Por fim, Sérgio Rodrigues buscou ressaltar a transparência do acordo com a equipe de Ronaldo e pediu o apoio para se evitar 'polêmica'. "Não há qualquer motivo para que se esconda qualquer aspecto desse negócio. Nosso compromisso é e sempre foi com o Cruzeiro, de forma transparente, apenas respeitando a confidencialidade inicial que, reitero, existe exatamente para evitar situações como essa, em que uma análise é feita com base em um documento que não será o termo final e acaba criando polêmica desnecessária em meio a um período tão importante pra nós no âmbito desportivo", finalizou.
Entenda
No suposto documento vazado, composto por dez páginas, estariam descritos deveres e obrigações de ambas as partes, sendo que a negociação teria "termos melhores para quem compra do que para quem vende".
Entre os diversos pontos questionados, alguns chamam a atenção, entre eles o possível fato de Ronaldo não ter a efetiva obrigação de aportar R$ 350 milhões dos R$ 400 milhões inicialmente previstos, mesmo que receitas da SAF sejam baixas; e o fato de o Fenômeno poder "obrigar a associação a recomprar a SAF pelo mesmo valor que ele tiver gastado na operação, caso entenda que não foram tomadas providências para reestruturar seu endividamento".
A venda de patrimônios do clube - Sede Campestre, a sede social do Barro Preto e a sede administrativa - também constaria nesse suposto contrato, destacado por Sérgio Santos Rodrigues apenas como 'preliminar'.