O Cruzeiro encaminhou para a apreciação dos conselheiros do clube o balanço referente ao ano fiscal de 2020. O demonstrativo financeiro, ainda em análise pela auditoria Moore, mostra uma redução na dívida global da Raposa, atingindo R$ 897 milhões. Isso levando em conta o que foi apresentado no balanço intermediário do ano passado, referente aos meses de janeiro a setembro, quando a Raposa identificou que sua dívida havia chegado R$ 1,036 bilhão. 

"O Cruzeiro Esporte Clube está trabalhando para melhorar os índices de liquidez, reduzindo o passivo circulante e alongando dívidas. Em constante negociação com os credores, buscou-se uma melhor forma em que ambas as partes estejam em comum acordo. É possível notar a redução do curto prazo em R$ 298 milhões em comparação 31/12/2019, em contrapartida aumento no passivo não circulante de R$ 391 milhões", afirma o Cruzeiro.

"Essa situação permitiu ao clube ter uma melhoria no fluxo de caixa. Por fim, no último trimestre de 2020, foram celebrados acordos trabalhistas e fiscais expressivos que possibilitaram o alongamento de dívidas", complementa. 

O déficit 

Em contrapartida, o Cruzeiro aponta no comentário de desempenho atrelado ao balanço que registrou no ano passado um resultado negativo de R$ 227 milhões. Os principais efeitos negativos foram: 

• R$ 60 milhões como provisões para contingências; 
• R$ 33 milhões variação cambial líquida por conta da desvalorização do real no período; 
• R$ 53 milhões perda de parcelamentos tributários; 
• R$ 48 milhões de custo líquido de liberação de atletas; 
• R$ 36 milhões de custo de acordos/indenizações de processos judiciais; 
• R$ 15 milhões de atualização de juros s/empréstimos; 
• R$ 9 milhões de impairment de atletas

O acordo com a PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional) proporcionou ao clube uma redução da dívida tributária em R$ 152 milhões. Com os feitos desta repactuação, o déficit celeste em 2020 chegaria a R$ 118 milhões. As receitas do Cruzeiro tiveram uma redução no montante de R$ 166 milhões em relação ao ano anterior 2019.

Custo do futebol 

Chama atenção a operação no vermelho do clube. O futebol gerou uma receita bruta de quase R$ 92 milhões, mas os custos da atividade foram de R$ 182 milhões, com uma margem de déficit de R$ 90 milhões. (veja abaixo o comentário do balanço e a demonstração financeira). 

O custo contabilizado do futebol em 2020 foi de R$ 250 milhões. A redução em relação ano passado foi de 43%. Em 2019, o futebol contabilizou R$ 438 milhões.

Venda de atletas 

O Cruzeiro registra no demonstrativo que obteve um faturamento de R$ 23 milhões com a venda de atletas no ano passado. R$ 17,2 milhões foram na venda de direitos econômicos no mercado nacional, R$ 2,575 milhões em vendas para o exterior, R$ 2,242 milhões em mecanismo de solidariedade da Fifa, R$ 805 mil em multas contratuais e R$ 627 mil referentes aos empréstimos de atletas. 

Dívidas na Fifa 

No balanço, o Cruzeiro aponta que encerrou o ano de 2020 com débitos na Fifa na ordem de R$ 82.657 milhões. O detalhamento ainda ressalta que as perdas em variação cambial foram de R$ 33 milhões. 

Evolução da dívida acumulada 

Em setembro do ano passado, os conselheiros do Cruzeiro se reuniram para aprovar, com ressalvas, o balanço de 2019, último ano da gestão de Wagner Pires de Sá. Naquela época, o Cruzeiro apresentou, de acordo com os dados, uma dívida acumulada de 803.486.208 (os valores não contavam o déficit dos primeiros meses do ano passado). O déficit foi recorde, na casa dos R$ 394 milhões. 

No ano anterior, em 2018, o balanço revisto apresentou déficit superior a R$ 73 milhões. O conselho deliberativo do Cruzeiro somente aprovou o documento no primeiro semestre do ano passado, ad referendum. Ou seja, dependendo dos resultados das investigações da Polícia Civil e Ministério Público rrelativas à administração Wagner Pires de Sá. 

Mais dados do balanço de 2020 

Em comunicado, o Cruzeiro destaca que reduziu as dívidas de curto prazo. No balanço de 2019, elas representavam 77% do valor total. O índice atual seria menos da metade: 36,5%.

O clube ainda aponta um superávit de R$ 33 milhões a partir de junho de 2020, período que corresponde ao início do período da administração do presidente Sérgio Santos Rodrigues. A Raposa destaca que vai expor todos os detalhes do balanço com profissionais do clube na próxima semana. A auditoria Moore ainda finaliza os trabalhos e validação.de dados. 

(última atualização às 23h19)