Um dos maiores goleadores da história do futebol brasileiro irá se despedir dos campos neste sábado (9). Fred, atacante do Fluminense, faz seu último jogo como profissional contra o Ceará, em um Maracanã que estará lotado de tricolores.
Inicialmente, o plano do atacante Fred era encerrar a carreira no fim do ano de 2022, mas uma condição que afeta sua visão o forçou a adiantar a data da despedida: a diplopia. A disfunção, principalmente, faz com que a pessoa enxergue objetos duplicados e pode estar ligada a problemas neurológicos.
Entenda o que é a diplopia, doença que forçou aposentadoria de Fred
Ao jornal O TEMPO, Tiago César Pereira Ferreira, oftalmologista especialista em catarata, lentes de contato, cirurgia refrativa e ceratocone, explicou como essa condição afeta a visão e quais os principais fatores que podem causar a diplopia.
Segundo o especialista, a diplopia não é bem uma doença, e sim, uma condição, ou um sinoma, causado por outros problemas no corpo.
"Diplopia não é uma doença. Ela é caracterizada pela formação de mais de uma imagem para um único objeto, ou seja, a pessoa vê mais de um objeto, olhando para apenas um. Geralmente, formam-se duas imagens, mas existem casos de diplopia em que a pessoa enxerga até mesmo mais de duas imagens. Ela pode ser monocular, quando o problema ocorre apenas com um dos olhos abertos, ou binocular, em que o efeito cessa quando um dos olhos da pessoa é coberto", explicou Ferreira.
O que causa a diplopia?
Em geral, a diplopia está relacionada ao envelhecimento, podendo ser causada por alterações na estrutura ocular e até mesmo neurológicas.
"As causas variam de acordo com o tipo de diplopia. Na monocular, algumas causas mais comuns são catarata, irregularidades na córnea, como ceratocone, erros refrativos que não foram corrigidos, como astigmatismo, assim como outros problemas que acometam a córnea, como cicatrizes ou o próprio deslocamento da lente. No caso da binocular, as causas mais comuns estão ligadas ao acometimento de regiões cerebrais responsáveis pelo controle da irrigação do sistema ótico, como um ACV, paralisia do par do crânio, ou mesmo uma infiltração orbitária, assim como outros fatores que gerem o desalinhamento ocular", contou o especialista.
A diplopia tem tratamento?
Como essa condição não pode ser considerada uma doença primária, e sim um sintoma secundário, o especialista afirma que é preciso tratar a causa para que a visão volte ao normal. Os tratamentos, porém, não são complexos.
"Tratando-se o que está a causando, tratamos também a diplopia. O tratamento é a identificação e tratamento correto do doença que esteja causando esse comprometimento ocular. Na maioria dos casos é possível tratar com o uso de óculos específicos que promovem o alinhamento progressivo dos dos olhos e, em casos extremos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica", contou Tiago Ferreira.
Segundo o médico, é um problema reversível e controlável, que não compromete a qualidade de vida de uma pessoa que tenha tratamento adequado.
Quais são os sinais de alerta?
A diplopia é um problema relacionado ao envelhecimento, e normalmente acomete pessoas em idade mais avançada. Segundo o médico, quaisquer alterações devem ser avaliadas por um profissional da oftalmologia e, para um cuidado ainda mais efetivo, as visitas ao médico devem ser regulares.
"Qualquer alteração na formação das imagens é sinal de alerta, seja para a diplopia ou para outros problemas oculares. O importante é que a pessoa mantenha uma rotina de visitas anuais ao oftalmologista, ao menos uma vez por ano, dessa forma, será possível identificar precocemente, e até mesmo evitar a evolução de alguma doença mais grave associada, por exemplo", finalizou o especialista.