Dia histórico para o futebol brasileiro. Nesta terça-feira (15), Miraildes Maciel Mota, mais conhecida apenas como Formiga, se tornou a primeira mulher a ser homenageada na Calçada da Fama do Mineirão.

A atleta, que entre homens e mulheres é quem mais vestiu a camisa da Seleção Brasileira, não foi recebida no Gigante da Pampulha por acaso. Em sua história de mais de duas décadas de futebol, ela coleciona medalhas olímpicas, de Copa do Mundo, Copa América e Pan-Americanos em seus 234 jogos com a amarelinha. Ainda assim, Formiga, em entrevista à Rádio Super 91.7FM, disse que foi pega de surpresa pelo convite.

“Eu fiquei surpresa porque é muito difícil ver alguém querer homenagear uma jogadora de futebol, pelo preconceito que ainda enfrentamos no nosso país. Isso acontecendo engrandece ainda mais o nosso trabalho e a nossa luta, do futebol feminino, por esse reconhecimento”, desabafou.

Para ela, essa ação pode se desdobrar em mais respeito, não só para mulheres do futebol, mas todas as mulheres brasileiras.

“Eu espero que, com essa homenagem, o respeito venha a acontecer o quanto antes, e que tantas outras meninas que venham a fazer história no futebol feminino possam ter a oportunidade de guardar seus pés e suas mãos na história do futebol. Acredito que não vai atingir só o futebol feminino, mas as mulheres em geral, que estão ainda buscando espaços, reconhecimento e respeito. Fico muito feliz de ser a primeira mulher e mulher negra (a receber essa homenagem). A gente ainda luta contra esse preconceito. Espero que outros se inspirem nessa situação e deem oportunidade para outras meninas terem esse reconhecimento”, comentou.

Na entrevista, Formiga ainda aproveitou para comentar sobre o crescimento do futebol feminino em Minas Gerais e seus planos de carreira para depois que resolver abandonar os gramados. Atualmente, aos 44 anos, a atleta defende a camisa do São Paulo, mas garante que quer fazer cursos de treinadora e gestão esportiva para seguir atuando no futebol e comenta sobre receber contato de Lindsay Camila, técnica do Galo e sua amiga próxima, para trabalharem juntas no futuro.

“Estamos crescendo. Não está no ideal, mas já demos um passo muito grande, que é ter a presença do público e o fortalecimento dos clubes para que o campeonato seja bem atrativo para as pessoas. Hoje a seleção brasileira vive de renovação, como todo mundo sabe, então, aqui em Minas podem sair novas jogadoras para brilharem na seleção e levar o nome do Estado para tantos outros lugares. Isso só vai acontecer dessa forma, com as federações e a confederação estruturando cada vez mais o futebol feminino, para que a gente possa enfim dizer que hoje o futebol feminino no Brasil virou realidade”, comentou Formiga. 

“Após terminar de jogar e pendurar minhas chuteiras, pretendo fazer o curso de treinadora lá na CBF e de gestão também. E claro, tendo essa oportunidade de trabalhar ao lado da Lindsay, que é uma amiga que já trabalhamos e jogamos juntas, uma pessoa que conhece a minha luta e sabe de como eu quero realmente estar ajudando e batalhando pelo futebol feminino”, concluiu.

Veja a entrevista completa: