A pandemia do novo coronavírus obriga que a retomada do futebol, em discussão por federações, clubes e autoridades de saúde, aconteça com estádios de portões fechados, pelo menos, num primeiro momento. As partidas, de toda forma, reúnem uma grande quantidade de profissionais, além dos jogadores em campo, o que indica uma aglomeração, o que não é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Super FC fez as contas. Consultando regulamentos, súmulas, staff de clubes, promotores de eventos e emissoras de TV, o número mínimo de profissionais em serviço é de, pelo menos, 200 pessoas (veja abaixo o detalhamento de cada segmento). O levantamento considera alguns serviços essenciais, deixando de fora alguns profissionais que não precisariam comparecer às praças esportivas, como diretores, atletas não relacionados e parte da imprensa.

 

Só de profissionais de comunicação, um jogo pode reunir entre 150 e 400 profissionais, por exemplo, sendo 90 desses de câmeras, operadores e técnicos que cuidam da transmissão de televisão. Ou seja, na prática, a presença de dezenas de jornalistas poderia ser dispensada neste momento.

O presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Adriano Aro, acredita que o número mínimo de pessoas em jogos sem público será bem menor. O assunto já é tratado pela entidade em reuniões com o Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes), da Secretária de Estado de Saúde (SES).

"A própria CBF sugeriu um modelo e nós, da federação, em conversa com a secretaria de saúde, estamos aprimorando esse protocolo, conforme as peculiaridades de Minas Gerais. Já tivemos reuniões, onde foram debatidos alguns pontos. O protocolo prevê o número mínimo de pessoas, não sei se chegaremos a 200, me parece que serão bem menos pessoas. A próxima etapa é discutir com os departamentos médicos dos clubes para que eles também possam opinar para saber se é viável ou não. Uma vez definido o protocolo, esse documento será submetido ao Coes para saber se ele pode ser implementado na prática", detalha o dirigente.

A CBF encaminhou, na semana passada, um documento com mais de 20 páginas para ser aprovado pelo Ministério da Saúde. O protocolo, que reúne a avaliação de dezenas de profissionais de clubes e infectologistas, sugere testes rápidos e medição de temperatura em jogadores e comissão técnica e cuidados com higienização de uniformes, alimentação e transporte.

"Os únicos que poderiam ter contato entre eles são os jogadores e o juiz. Todos os outros deveriam manter distanciamento entre si, usar máscaras, higienizar a mão, etc.", sugere o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. Membro do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte, o especialista não participou da elaboração das recomendações da CBF, mas é favorável à realização de testes e do confinamento de atletas para se evitar o contágio.