Revelação do futebol brasileiro, o jovem atacante Paulinho, do Bayer Leverkusen, é um dos exemplos de superação no caminho para os Jogos Olímpicos de Tóquio. O sonho de perseguir o ouro do outro lado do mundo e a sequência de uma carreira promissora foram abalados em julho do ano passado, quando o atleta, de apenas 20 anos, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho durante um treinamento. Uma lesão que o tirou dos gramados por praticamente um ano, retornando apenas há pouco tempo, no dia 22 de maio, na última rodada da Bundesliga.
Apesar da longa sequência inativa, Jardine guardou o lugar do garoto, que teve também sua importância no atual ciclo olímpico. Ir aos Jogos Olímpicos é também uma espécie de renascimento para Paulinho, que se inspira em ninguém menos que Ronaldo Fenômeno para dar a volta por cima. A história dos dois jogadores se cruzam. Até mesmo em cenários.
Foi em Yokohama que Ronaldo completou uma das maiores epopeias de recuperação de um atleta na história do esporte, saindo das incertezas após romper o tendão e os ligamentos do joelho direito, para comandar a seleção brasileira no penta, marcando os dois gols na final contra a Alemanha de Oliver Kahn. No próximo dia 22 de julho, também em Yokohama, contra a Alemanha, Paulinho e a seleção olímpica vão iniciar a trajetória em busca do ouro olímpico e é impossível para o garoto, cria da base do Vasco, não se lembrar da história de seu ídolo Ronaldo.
"Essa situação do Brasil e Alemanha em Yokohama, eu já tinha visto também. Lembra um jogo muito importante para nós, brasileiros. Eu era muito pequeno, mas sei de toda história. Eu me inspiro muito no Ronaldo Fenômeno porque ele, se você pegar a história, passou por um momento muito difícil antes da Copa de 2002, que foi a lesão dele, ficou muito tempo sem jogar. Ele mesmo falou que tinha aquela dúvida se poderia jogar ou não", aponta Paulinho, em questionamento da rádio Super 91.7 FM.
Nos passos de Ronaldo, Paulinho também quer escrever a sua história na seleção brasileira. Fazer valer a pena cada momento para trazer orgulho a quem o apoiou nesta jornada de reabilitação, que inclusive virou uma minissérie no canal do Bayer Leverkusen no YouTube, chamada 'Never Stop Fighting', 'Nunca pare de lutar' em português, e dar alegria ao torcedor brasileiro na maior competição esportiva do planeta.
"O Ronaldo foi um cara que mostrou totalmente sua superação, sua força de vontade, a vontade de querer vencer, a ambição de querer estar na seleção brasileira e conseguiu ser um dos protagonistas daquela Copa do Mundo, do nosso penta, e eu carrego muito essa história comigo porque eu passei quase a mesma coisa e sei que eu também posso agregar muito à seleção olímpica como o Ronaldo agregou na Copa do Mundo de 2002", ressaltou o jovem atacante.
A favor da ciência
A grande maioria dos atletas não gosta de expressar posicionamentos políticos com receio de represálias e outras manifestações. Mas Paulinho não se intimidou. No início deste ano, ele usou suas redes sociais para pedir o Impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O atacante da seleção olímpica compartilhou um meme do perfil 'Vascomunistas' com a enfermeira Monica Calazans, a primeira pessoa em solo brasileiro a ser vacinada contra a Covid-19, substituindo o cartão de vacina com a mensagem 'Só falta o impeachment'.
Bem isso! ✊🏾 https://t.co/wW5rLD8P0g
— Paulinho (@PaulinhoPH7) January 18, 2021
LEMBRANDO! Não tem nada haver com partido político... Eu sou a favor da ciência! O que está acontecendo no nosso país é um absurdo. Impeachment já
— Paulinho (@PaulinhoPH7) January 18, 2021
"Eu sou a favor da ciência! O que está acontecendo no nosso país é um absurdo. Impeachment já", escreveu Paulinho, na ocasião.
Amigo e rival
Nesta caminhada pelo ouro, Paulinho vai encontrar logo de cara, na estreia brasileira, marcada para 8h30 (de Brasília), um companheiro de time, o meia-atacante Nadiem Amiri, um dos jogadores acima da idade olímpica convocado pelo técnico Stefan Kuntz. Amiri foi um dos destaques da Alemanha campeã europeia sub-21 em 2017 e é a prova de que o Brasil vai encarar um jogo duro em Yokohama.
"Eu conheço bem o Amiri, ele joga comigo há dois anos no Bayer Leverkusen. É um jogador muito bom, de muita qualidade e eu sei que ele vai ajudar muito a seleção alemã. Com certeza vai ser um jogo muito duro, muiito difícil, porque são duas seleções grandes no futebol mundial, mas eu acredito muito no nosso potencial e vamos fazer tudo para conseguir estrear bem", reforçou Paulinho.
O Brasil está no grupo D do torneio olímpico masculino de futebol e, além da Alemanha, ainda encara a Arábia Saudita e a Costa do Marfim.