Barreiras

Pandemia e internet têm peso extra para estrelas 'sucumbirem' em Tóquio

O psicológico dos atletas, incluindo algumas das principais estrelas, foi afetado durante todo o período de preparação, com limitações de espaços e intensidade dos treinamentos

Por Daniel Ottoni
Publicado em 31 de julho de 2021 | 09:20
 
 
 
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A pandemia afetou as Olimpíadas de uma forma muito além de não permitir torcida nos locais dos jogos e exigir testes diários das delegações em Tóquio. O psicológico dos atletas, incluindo algumas das principais estrelas, foi afetado durante todo o período de preparação, com limitações de espaços e intensidade dos treinamentos. 

Entrar para ter seu melhor desempenho sem o apoio que muitos se acostumaram, vindo das arquibancadas cheia, pode ter tido alguma influência para o esperado desempenho. 

A parte mental teve uma importância ainda maior no contexto da humanidade durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, com atletas do mais alto nível mostrando que são tão humanos quanto qualquer outro, chegando a 'sucumbir', uma situação que chama atenção mas é, ao mesmo tempo, normal e compreensível. 

O caso mais recente foi da ginasta norte-americana Simone Biles, que preferiu se retirar de parte de suas apresentações nos Jogos, abrindo mão de novos ouros e recordes, para preservar sua saúde mental.  A decisão foi após uma avaliação médica em que a atleta optou por cuidar do seu bem estar emocional.

A equipe de ginástica dos Estados Unidos confirmou a decisão pelas redes sociais e disse apoiar a atleta. Já a tenista número 2 do mundo e ídolo local, Naomi Osaka, se despediu do torneio após perder para a número 42 do ranking ainda nas oitavas de final, após viver um período de depressão que afetou seu desempenho também em outras competições.  

 “A questão pode estar relacionada à própria pandemia. A incerteza de se e quando ia acontecer já causa desordem. A ansiedade não é apenas uma pendência de resolução. Mas também uma pendência sob a incerteza. Mudar a rotina já causa pendência. Há uma organização e esta, por sua vez, conduz o psicológico. Isso porque adaptamos à mente a competição, a preparamos e assim regulamos à emoção mediante à razão”, analisa o PhD, neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu.

Rede não tão amiga

Boa parte da pressão sentida pelos atletas vem da internet. O acesso frequente às redes sociais, uma companheira constante nos momentos de folga, escancara a expectativa por meio de centenas de mensagens, email, matérias e entrevistas. Todas essas informações acabam sendo um peso extra para o atleta quando ele precisa atingir seu melhor desempenho no maior evento esportivo do mundo. 

 “A internet é um péssimo hábito que promove a disfunção, prejudicando a saúde mental. Se esses atletas estão usando a internet, então estão adicionando obstáculos já que é extremamente necessária a homeostase para as competições. A questão emocional de todos, inclusive os envolvidos com os atletas, também interfere como um comboio afetado emocionalmente que contagia a todos. Cria-se uma atmosfera pesada que, com a pressão, não são todos que conseguem superar”, pontua Fabiano. 
 

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