Calendário

Relatório aponta baixo aproveitamento do calendário do futebol brasileiro

Estudo feito pela Pluri Consultoria mostra que média de aproveitamento nacional é de 35%. Minas Gerais teve 40 clubes analisados e chega a 28%

Por Léo Campos
Publicado em 22 de abril de 2020 | 06:00
 
 
 
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Os grandes clubes questionam a quantidade excessiva de jogos, enquanto os que não estão na elite do futebol brasileiro sofrem com a falta de partidas. Um estudo recente, feito pela Pluri Consultoria retrata o grande dilema vivido pelas equipes do país, analisando o calendário de 650 clubes ativos que disputaram ao menos uma competição profissional em 2019. De modo geral, o calendário no Brasil é pouco utilizado, com uma média de 35%, sendo que apenas 77 clubes, o equivalente a 12%, principalmente os das séries A e B, ultrapassaram a marca de 80% de utilização do calendário, enquanto quase o quíntuplo (382), que representam 59%, atuaram em, no máximo, 30% do calendário útil do futebol na temporada passada – cerca de três meses. Outras 219 equipes (34% total) tiveram calendário inferior a dois meses e outras 55 (8% total), tiveram calendário inferior a um mês.

Para Paulo Bracks, diretor executivo do América, ex-diretor de competições da Federação Mineira de Futebol (FMF) e com passagens pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), antes de analisar o calendário dos clubes de menor expressão, é preciso identificar se as agremiações são realmente profissionais. “Possuem centro de treinamento, estrutura para abrigar os jogadores, pagam seus atletas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), observam a legislação federal e a Lei Pelé? Pergunte para eles se eles querem diluir o orçamento em 12 meses para ter calendário o ano todo ou se preferem continuar só jogando três meses e treinando outro”, questionou. 
Quanto à realidade de cada federação do país, Minas Gerais está entre os 14 Estados que têm a taxa de utilização do calendário igual ou inferior a 30%: a média do aproveitamento dos 40 clubes analisados da FMF é de 28%. Com uma taxa de 27%, Goiás é outra federação que tem clubes de destaque no cenário nacional, mas com pouca média de utilização do calendário. São Paulo, que teve 89 equipes observadas, mais que o dobro de Minas, tem o melhor aproveitamento, com 53%.
“Em Minas Gerais, de acordo com os quase quatro anos que trabalhei como diretor de competições da FMF, o cenário não mudou. A maioria dos clubes, da segunda e da terceira divisões do Estado não quer calendário estendido. Eles não querem atividades durante seis ou sete meses. Então, essa conta nunca vai fechar mesmo. Os interesses são diversos e, se eles não querem ou não têm condição de ter calendário, a culpa vai ser do calendário? Já foi oferecido para esses clubes uma competição mais extensa. Eles recusaram. Refutam isso há anos. Então eu penso que estes 35% estão destorcidos”, destacou Bracks.

Atual diretor de competições da FMF, Leonardo Barbosa disse que tomou conhecimento do estudo, mas que ainda não analisou o relatório e suas premissas. Já a comunicação da CBF entende que o momento é inoportuno para discutir o calendário do futebol, tendo em vista a paralisação dos campeonatos por conta do novo coronavírus. Ainda assim, a entidade informou que pensa em ajustes nas séries C e D do Brasileiro para melhorar o aproveitamento das datas.

Análise considerou 335 dias com calendário útil
Foram considerados 335 dias com o calendário útil do futebol, já descontando os 30 dias de férias aos quais os atletas têm direito. O cálculo leva em consideração o intervalo entre o primeiro e o último jogo disputado pelas equipes em 2019. Não foram descontados os dias de pré-temporada dos clubes.
São Paulo, unidade de federação que possui mais equipes profissionais (89), é o Estado com melhor aproveitamento do calendário (53%), apesar de 55 clubes jogarem menos de 60% das datas disponíveis em 2019.
A segunda federação com melhor taxa é a do Rio Grande do Sul, com 49%, seguido por Mato Grosso (48%), Espírito Santo (47%), Paraná e Maranhão (42%). Rio de Janeiro é o sétimo do ranking (39%), seguido por Bahia e Ceará (37%). Em 15º lugar, Minas Gerais teve taxa equivalente a 28%, com 40 equipes analisadas, sendo que apenas os três grandes da capital realizaram tiveram aproveitamento superior a 80%.

Números baixos
O futebol roraimense tem apenas seis clubes profissionais em atividade e só um deles conseguiu atingir taxa de utilização superior a 30% no ano passado, sendo que nenhum clube de Roraima e Rondônia jogou partidas de futebol no segundo semestre. Nenhum clube de Amazonas, Amapá, Piauí, Rondônia e Roraima atuou em mais de 60% do calendário útil. No Amapá, apenas um clube jogou de janeiro a abril, enquanto no Tocantins apenas um atuou no primeiro trimestre. No Acre, apenas uma equipe (10% do total) jogou após o mês de junho.
Pará, com 19% de utilização, foi a unidade de federação com menor taxa de utilização do calendário no ano de 2019, seguida por Sergipe, Roraima, Piauí, Paraíba e Distrito Federal com 20% cada. 

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