O vôlei do continente sul-americano se colore novamente com um azul celeste que resplandece a cada vez que o Sada Cruzeiro entra em quadra. Na sua primeira presença como anfitrião do Sul-Americano, o clube não perdeu a oportunidade de fazer valer seu mando de quadra para conquistar a América pela sétima vez e garantir presença no Mundial de clubes pela nona vez seguida.

Neste sábado, jogando no ginásio do Riacho, em Contagem, os mineiros venceram o UPCN (ARG) por 3 a 1 (25/18, 14/25, 25/19 e 25/23) para não decepcionar a torcida que lotou o poliesportivo. O ginásio 'ferveu' com a China Azul, que jogou junto do começo ao fim, colocando uma pressão a mais nos hermanos.  

Nenhum clube brasileiro tem a história, os títulos e a trajetória do Cruzeiro. Ano após ano, os azuis insistem em fazer seus adversários se contentarem com posições abaixo, reforçando uma história de seguidas conquistas, não deixando dúvidas sobre uma hegemonia que perdura há mais de uma década. 

O consolidado projeto dá mais um passo rumo à participação internacional para fazer frente a algumas das maiores forças do planeta. Enquanto alguns sonham com tal realidade, o Cruzeiro a vive intensamente, sabendo tirar proveito de sua estrutura, camisa, torcida e de um elenco que não se cansa de chegar aos lugares mais altos. 

Diante de um time argentino duas vezes campeão sul-americano, o Sada Cruzeiro sabia do trabalho que teria. Afinal, o time de San Juan havia deixado para trás potências do tamanho de EMS Taubaté Funvic (SP) e Personal Bolívar, dois favoritos ao título. A grande arma da equipe hermana era o ponta cubano Lopez, com um 'canhão' no braço direito e um dos maiores pontuadores do torneio. O jogador foi um tormento para a recepção e defesa azul, conseguindo ter muito sucesso nas viradas de bola e também nas suas passagens pelo saque, que fizeram estrago do outro lado da quadra. 

Carne de pescoço
A estratégia celeste era buscar o caribenho no saque para diminuir seu potencial de ataque. A ideia deu certo no primeiro set, quando o oposto búlgaro Uchikov, do UPCN, esteve apagado, facilitando a vida do time celeste, que saiu na frente. No segundo set, Lopez fez estrago na recepção e defesa azul. Em uma única passagem pelo saque, ele fez seu time abrir larga diferença como no 12 a 4. Os argentinos aproveitaram para crescer no jogo e ter uma vantagem quase impossível de ser tirada como no 16 a 7 e 18 a 8. O empate foi inevitável. O Cruzeiro voltou a tomar a dianteira do placar com menos erros e bom volume de jogo. O UPCN abusou dos erros, que foram bem aproveitados pelos celestes para desafogar a pressão. 

O quarto set era o momento de ir com tudo para jogar pra longe chance de tie-break e uma emoção ainda maior na partida. O UPCN seguiu insistente e regular para mostrar que venderia caro qualquer resultado. A pequena diferença no placar fez a torcida ter a certeza de que sua participação poderia ser decisiva no resultado final. E foi 'carregando' o time a cada ponto no solo argentino que as arquibancadas do Riacho contribuíram quando o time mais precisava. O UPCN chegou a ter 9 a 5 na parcial e obrigou o Cruzeiro a correr atrás do prejuízo. Sem desistir e com a eficiência da relação saque/defesa, o empate veio nos 16 pontos. Foi aí que o time cresceu e foi pra cima para 'matar' o duelo e não dar chance para que o título escapasse, com boa presença dos centrais e do argentino Facundo Conte.

 
Agora, falta um outro hepta
A taça enche o time de motivação para a sequência do, finalmente, último compromisso da temporada. Depois de Campeonato Mineiro, Supercopa, Copa Brasil, Mundial de clubes e Sul-Americano, chega a vez de fechar a conta com o maior torneio do país, liderado pelo time de BH até aqui, faltando poucas rodadas para o fim do returno. Um novo hepta voltará a ser buscado em breve, algo em nível nacional para ratificar a condição de favorito também em território brasileiro. 

Escalações:
Sada Cruzeiro: Cachopa, Evandro, Isac, Otávio, Conte, Perrin e Lukinha. Entraram: Rodriguinho, Evandro, Hugo, Filipe. Técnico: Marcelo Mendez
UPCN: Brajkovic, Uchikov, Gauna, Ramos, Lopez, Toro e Perren. Entraram: Martina, Bozikovich, Armoa, Mishchuk, Zerba. Técnico: Fabián Armoa
Arbitragem: Silvio Cardoso (BRA) e Nicola Casado (ARG)