E-sports

Counter-Strike contribuiu para a formação de profissionais

Com competições que tiveram início em 2001, o jogo já encabeça os principais campeonatos no mundo, distribuindo premiações milionárias

Por Jéssica Malta
Publicado em 29 de abril de 2024 | 07:30
 
 
 
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As contribuições de Counter-Strike extrapolaram o campo do lazer, fazendo com que o jogo não fosse apenas uma diversão casual, mas também um importante pilar dos esportes eletrônicos. Com competições que tiveram início em 2001, o jogo já encabeça os principais campeonatos de e-sports no mundo, distribuindo premiações milionárias. 

Foi, inclusive, por conta desse filão que Belo Horizonte ganhou a primeira equipe dedicada à disputa de competições do jogo: a BH Bounty Hunters. CEO da Studio Games (espaço de educação e entretenimento gamer) na cidade, Nathália Emiliano conta que a organização foi criada justamente para representar a capital nos torneios e levar para os e-sports a identidade de Minas Gerais. “Começamos mesmo com esse propósito de trazer a paixão pelos e-sports para BH, mas tudo foi crescendo e tomando uma dimensão muito grande. E, com isso, era importante que a gente crescesse também no cenário competitivo”, explica Nathália. 

Foi justamente por isso que a organização ganhou novos atletas, inclusive estrangeiros. Além de pro players argentinos, a BH Bounty Hunters também trouxe um novo treinador do país vizinho. Outro nome importante contratado foi Gustavo “Shoowtime” Gonçalves. Capitão do time, ele atua como profissional há 9 anos. 

Com quase uma década de atuação, Shoowtime ressalta a importância do game em sua trajetória. “Quando comecei a jogar profissionalmente, minha família e meus amigos começaram a ver que de fato o negócio era sério, que não era só uma brincadeira”, diz. Ele conta que embora sempre tenha tido o sonho de se tornar um pro player, ele não imaginava que isso realmente aconteceria. “Eu sabia que era bem difícil, porque são casos muito raros. Quantas pessoas jogam CS mundialmente e quantas realmente jogam profissionalmente? Eu comparo bastante essa parte com a realidade de qualquer outro atleta, porque muita gente se dedica, mas não consegue atingir esse objetivo de se profissionalizar”, observa.

Violência?

 

Jogos violentos sempre levantaram discussões sobre sua influência - ou não - no comportamento de jogadores, principalmente dos jovens. Embora ainda não exista um consenso sobre o tema, abordagens menos alarmistas têm sido adotadas diante desse gênero de games. Na Dinamarca, por exemplo, policiais têm utilizado o tempo de trabalho para jogar Counter-Strike e outros jogos com os mais jovens. A iniciativa faz parte da estratégia do departamento de patrulha online para conquistar a confiança de crianças e adolescentes e prevenir crimes na internet. 

Entre os pesquisadores, o olhar diante desse tipo de jogo também tem sido menos negativo. Um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford em 2019 apontou que a relação entre a violência dos jogos e um comportamento mais agressivo dos jogadores não foi bem pesquisada. Em uma entrevista ao jornal "The Independent", o coautor do estudo, Dr. Netta Weinstein, da Universidade de Cardiff, apontou que é possível que os vieses dos pesquisadores tenham influenciado as pesquisas ao longo do tempo, distorcendo a compreensão sobre os efeitos dos videogames. 

Para Nathália Emiliano, CEO da Studio Games e da BH Bounty Hunters, é preciso olhar para os jogos de uma forma diferente. “Como mãe, eu obviamente entendo a preocupação com jogos violentos, mas eu acho que game, em si, não é o responsável por incitar a violência”, afirma. “Temos tantas outras coisas com as quais a gente pode se preocupar durante o dia, com a criação dos nossos filhos, com a forma como podemos tentar protegê-los da realidade do mundo, que não é através de um jogo que vamos incentivar esse tipo de violência”. 

Para ela, o comportamento violento tem uma relação muito maior com o exemplo e o tipo de educação dada a crianças e adolescentes. “Às vezes há uma dificuldade no relacionamento com os filhos e os pais podem até utilizar os jogos para se aproximar, para tentar dialogar, ao invés de simplesmente proibi-lo de jogar por ser um jogo de tiro”, orienta.

Nathália ainda observa que é possível ressaltar outros aspectos dos games que podem trazer contribuições. “Podemos trabalhar os jogos ressaltando as coisas positivas deles. Há uma questão de foco, de disciplina e até mesmo nas relações. Counter-Strike é um trabalho em equipe, então ele também vai contribuir para que as crianças e adolescentes aprendam a se relacionar melhor”, afirma.

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