Montanhas, clima frio à noite, natureza, boa gastronomia e muita história. Essa combinação é irresistível nas montanhas do centro-oeste fluminense. Principalmente se vem acompanhada de um festival de sabores para animar os viajantes. Após décadas de abandono, o Vale do Café vem se reerguendo como destino turístico. De 7 e 16 de junho, estabelecimentos de 11 municípios – Valença, Vassouras, Barra do Piraí, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Rio das Flores, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Paraíba do Sul e Rio Claro e os distritos Ipiabas e Conservatória – vão oferecer receitas de dar água na boca, atrações musicais gratuitas e feirinha de produtos típicos.

Além do festival, o visitante pode explorar verdadeiras joias arquitetônicas da região, fazendas do século XIX que, no período áureo, produziram 70% do café consumido e exportado do país. Originais ou restauradas, essas fazendas remetem a um século de riqueza, mas sempre se mantendo produtivas, além de servir de cenários para novelas e filmes. O declínio do Vale do Café aconteceu na década de 1880, com o esgotamento das terras e a assinatura da Lei Áurea (1888), que libertou a mão-de-obra escravizada. Hoje, as fazendas atendem ao turismo: várias delas estão abertas ao público para visitação. Nesse sentido, o Delícias do Vale do Café é uma ótima oportunidade de explorar essas raridades históricas.

A igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Vassouras, principal cidade do Vale do Café - Foto: Vale do Café / Divulgação

Como nas edições anteriores, os estabelecimentos participantes servem uma receita criada exclusivamente para o evento e a preços fixos. Uma feira também deverá ocupar, de 7 a 9 de junho, a praça da Preguiça, no município de Piraí. A Delícias na Praça oferecerá exposição, degustação e vendas de produtos regionais e artesanato, além de apresentações musicais gratuitas. Em 2024, a personalidade homenageada pelo festival será Eufrásia Teixeira Leite, nascida em Vassouras. Oriunda de família rica, neta e herdeira de nobres, ela teve uma educação diferenciada e aprendeu cedo a lidar com dinheiro, tornando-se a primeira mulher a investir na Bolsa de Valores. Sua história está contada no Museu Casa de Hera.

O Vale do Café produz queijos de cabra e de búfala, cafés artesanais, hortaliças orgânicas, linguiça, mel, cachaças e licores e uma infinidade de produtos. Para o visitante, serão oferecidos ainda dois roteiros turísticos pela região, ambos com a exigência de agendamento: a Rota do Queijo, um tour de degustação de queijos premiados em concursos mundiais por seis propriedades – Empório Rural, Du Vale Queijaria, Vale do Vento, Ateliê do Leite, Capril do Lago e Latte Buono – e a Rota da Cachaça, que leva aos alambiques Magnífica de Faria, Pindorama Werneck e Kana Karam. 

O Vale do café é um vale de grãos que outrora fizeram a riqueza dessa região na época do Brasil Império - Foto: Fazenda Florença / Divulgação

Três fazendas trazem seus sabores para o Delícias do Vale do Café. A Fazenda São Luiz da Boa Sorte, em Vassouras, preparou a Torta Boa Sorte, com base sablée, recheio de ganache de chocolate aromatizada com café solúvel e chantilly de creme de leite fresco e cobertura chantininho com gotas de chocolate. Já o Hotel-Fazenda Florença, em Conservatória, exibe a Tradição Tricolor, uma massa tricolor acompanhada da bracciola (carne elaborada em quatro horas em fogão à lenha). O Hotel-Fazenda Rochedo, por sua vez, em Conservatória, apresenta a Delícia Colonial, sanduíche no pão-de-leite meia cura, linguiça, mostarda à l’ancienne artesanal e cebola caramelizada com pimenta.

Para reviver e recontar essa história, a Fazenda São Luiz da Boa Sorte abre suas portas para uma visita com foco total no café: sua trajetória e importância para a economia brasileira e as novas formas de produção. Na São Luiz da Boa Sorte, o visitante vai compreender como o café chegou ao Brasil e impactou a vida da comunidade, em uma abordagem que inclui tanto o ponto de vista dos barões quanto o dos escravizados e a forma como eles lidavam com as fazendas. A fazenda conta ainda com o Museu do Café, com exposição de peças de maquinário antigo, apresentação do grão em diferentes etapas e vista para o cafezal varietal. Além disso, a visita inclui a casa-sede, restaurada para recompor o cenário da época, com seus objetos e móveis raros, remetendo aos tempos dos barões.

A Fazenda Florença, em Conservatória: da produção de café a hospedagem - Foto: Fazenda Florença / Divulgação

Muitas fazendas também hospedam os turistas. Datada de 1836, a Fazenda União pertenceu ao visconde do Rio Preto e preserva coleções de arte e mobiliário de época. O proprietário, Mário Vasconcelos Fernandes, construiu uma vila histórica nas proximidades e fez adaptações nos 28 aposentos e na antiga senzala para dar conforto aos hóspedes. Para os turistas, ele oferece visita guiada por um historiador no casarão. As delícias da fazenda são servidas em uma tulha, antigo local de armazenamento das sacas de café, adaptado para restaurante. Erguida em 1852, a Fazenda Florença oferece acomodações aconchegantes e confortáveis em meio a um acervo de móveis antigos e objetos de arte. As visitas guiadas na sede, no cafezal e na cafeteria – essa última localizada em meio ao cafezal – remontam o Ciclo do Café. Para ambientar o visitante, um sarau com personagens vestidos com trajes do Brasil Império acontece nos fins de semana.

Não se pode sair da região sem tomar uma aguardente premiada na Cachaça Werneck, experimentar muçarela de búfala e os queijos coalho, frescal e curado do Rancho La Buono, visitar a Fazenda Florença, onde foi gravada a primeira versão da novela “Escrava Isaura”, conhecer os antigos maquinários de café na Fazenda Paraíso, presenciar um sarau ou seresta em Conservatória e conhecer o artesanato de Manuel Duarte, um distrito de Rio das Flores. 

Serviço

O quê: 3ª Edição do Festival Gastronômico Delícias do Vale do Café
Quando: 7 a 16 de junho
Onde: Vale do Café (RJ)
Para saber mais, acesse: Delícias do Vale do Café 
Instagram: @deliciasdovalerj
Delícias na Praça: De 7 a 9/6, das 16h às 22h (7/6; 10h às 22h (8/6) e das 9h às 16h (9/6), na praça da Preguiça, em Piraí
Como chegar: são duas opções a partir de Belo Horizonte para se chegar ao Vale do Café. Na primeira, pegue a BR-116 e um trecho da BR-393. Na segunda, pegue a BR-040 e depois a BR-393.

Onde se hospedar:

Hotel Fazenda Florença (Conservatória)
Pousada Vale do Café (Ipiabas)
Pousada Pôr do Sol (Ipiabas)
Hotel-fazenda Rochedo (Conservatória)
Hotel Amora (Conservatória)
Pousada Arara (Valença )
Uaná Etê Jardim Ecológico (Paulo de Frontin)
Hotel Bliss (Vassouras)