Capitólio e outros 59 municípios da região das regiões do lago de Furnas e da serra da Canastra ganharam, nesta segunda-feira (10/6), mais um instrumento de promoção dos destinos com o lançamento do livro turístico e cultural "Furnas, Peixoto e Serra da Canastra". O evento aconteceu na Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer da cidade e contou com a participação do vice-governador Mateus Simões, do secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, e do prefeito de Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva.
Viabilizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e patrocinado pela Cemig, "Furnas, Peixoto e Serra da Canastra" é a segunda publicação do projeto iniciado com "Via Liberdade – Rota Turístico-Cultural". "O projeto de elaboração de guias turísticos e culturais das regiões de Minas Gerais propõe uma extensa pesquisa das diversas regiões do Estado. 'Mar de Minas e Canastra' é o segundo e ainda este ano vamos lançar um dedicado ao Vale do Jequitinhonha", revelou Leônidas Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo.
Oliveira disse que, ao tomar posse em maio de 2020, em plena pandemia, o primeiro pedido do governador Zema foi que cuidasse do ‘Mar de Minas’. O gestor se referia à necessidade de manter os níveis dos reservatórios de Furnas e Peixoto em contas mínimas de 762 e 663 metros acima do mar, respectivamente, para garantir a sustentabilidade da região e o uso múltiplo das águas, não apenas para a geração de energia. Em 2021, o maior reservatório de água de Minas deu lugar a pasto e lama com uma crise hídrica, prejudicando diversos municípios.
“Nós destruímos muitas histórias com a construção de Furnas. Eu reconheço que Furnas foi importante para a história de Minas e do Brasil. Mas é inadmissível que um povo que sofreu com a construção da barragem fosse penalizado com o esvaziamento do lago. Ele é muito mais do que um reservatório de água, em torno do lago se estruturou uma economia que depende dele acima da cota. É a cota que garante o funcionamento das balsas, o turismo náutico e a agricultura. Eu sofria bastante em ver o mar de lama que nos convivemos durante anos”, disse Simões.
O discurso de Simões vem ao encontro do coro das autoridades, como os prefeitos de Capitólio, Cristiano da Silva, e de Nepomuceno, Iza Menezes, que reclamaram da difícil relação dos municípios com a Eletrobras e a direção de Furnas Centrais Elétricas. Iza reclama que, após a privatização de Furnas, não sabe mais com quem conversar. “Cerca de 240 milhões destinados às cidades não foram revertidos para melhoria de infraestrutura. É preciso que Eletrobras e Furnas entendam que precisam fazer essa recompensação aos municípios”, cobra Da Silva.
O embate com os responsáveis pela geração de energia de Furnas vem desde janeiro de 2023, quando o assoreamento no canal de escoação da água do rio Piumhi resultou no alagamento de diversos municípios, inclusive Capitólio. A situação fez o governo estadual acionar o Ministério Público, que resultou na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), onde Furnas Centrais Elétricas reconheceu a necessidade de manutenção e limpeza do canal. Simões disse que “está novamente na hora de acionar o MP para que Furnas cumpra a lei”.
Maria Elisa Ordones de Oliveira, coordenadora e fundadora do Movimento Pró-Furnas 762, afirma que o turismo no lago sustenta 5.000 empreendimentos e 20 mil empregos diretos. É preciso ainda, segundo ela, garantir o uso múltiplo das águas, compatibilizando geração de energia com agricultura e turismo, respeitando uma decisão constitucional, a lei nº 9.433. Ele alerta que o pior período na região é após o mês de abril, ou período da seca. De acordo com Maria Elisa, já existe inclusive governança local na luta por manter essa cota mínima.
O livro
As 272 páginas de "Furnas, Peixoto e Serra da Canastra" trazem textos que evidenciam aspectos culturais, históricos e paisagísticos da região, entremeados por fotos, mapas e infográficos, revelando rotas turísticas, contando a história dos municípios e destacando os atrativos. "O livro é mais do que um guia, porque valoriza as cidades que margeiam o lago, incentiva sua promoção, reforça o conceito de 'Mar de Minas' a partir da bacia do Rio Grande e revela uma região privilegiada em roteiros turísticos, muito próxima à serra da Canastra", destaca Maria Elisa Ordones, fundadora do movimento Pró-Furnas 762 e uma das organizadoras dos textos, ao lado de Mauro Werkema, Cláudia de Cássia Pessoa e Maria Olívia de Araújo.
Organizado pela Arts Realizações, a publicação bilíngue (português/inglês) tem tiragem de 1.500 exemplares e será distribuída para bibliotecas, hotéis e pousadas de Minas. Mais de 40 rotas turísticas são descritas, com riqueza de detalhes. O resultado é a possibilidade de a obra contribuir para impulsionar a internacionalização do Destino Minas Gerais. Para o editor Raphael Simões, o livro tem uma grande riqueza de interações unidas a uma rica iconografia de Lilian Aline Machado. A proposta é promover e impulsionar a internacionalização do destino Minas.
Para os amantes da natureza, a rota ecológica Caminho das Cachoeiras permite contemplar o Vale do Rio Grande, enquanto a Rota da Serra do Cruzeiro, em Pimenta, cujo trajeto conta com a cachoeira da Quaresma, tem como destino o Mirante do Cruzeiro, permitindo vislumbrar toda a região do lago de Furnas. Quem gosta de aventura pode conhecer mais sobre a Rota Mar de Minas, que engloba passeios náuticos e voos de balão e asa-delta. A cozinha mineira está contemplada nos circuitos “Rota Café Cristina”, onde os visitantes entram em contato com os cafés especiais, do pé à xícara, a Rota Queijos e Sabores, onde queijarias, docerias, restaurantes e licores especiais estão inclusos em um passeio de turismo de experiência.
A vocação de Minas Gerais para o turismo cultural também é evidente na região. Seguindo a Rota das Sesmarias, por exemplo, o turista pode revisitar a história da ocupação do sul de Minas durante o Brasil Império. Opções de passeios, como o que parte da Fazenda Campo Redondo, a qual marca a fundação da Vila Formosa de Alfenas, é outro destaque. No percurso, o visitante pode apreciar diversos atrativos gastronômicos, além de belas paisagens. Quem busca o turismo religioso encontra o Caminho da Fé – Andradas. O roteiro segue o modelo do milenar Caminho de Santiago de Compostela, tendo como destino o Santuário Nacional de Aparecida. Dos 970 km do percurso, cerca de 500 km atravessam a serra da Mantiqueira.
O livro pode ser baixado no site Arts Realiza.