Percorrer o Parque Natural de Sintra Cascais é roteiro obrigatório para quem visita Lisboa. Com trilhas demarcadas para a prática de trekking, as estradas abraçadas pela mata estão habituadas a receber também ciclistas de speed ou mountain-bike de qualquer idade. Do alto, avista-se não só a capital de Portugal, que abriga 600 mil pessoas, mas sua “região metropolitana”, com 2,5 milhões de habitantes. O lugar também é frequentado por praticantes de birdwatching (observação de pássaros).  

Pedalar pela ciclovia do Guincho, que atravessa o Parque Natural de Sintra-Cascais, é uma atividade interessante para o turista descobrir os arredores de Lisboa - Foto: Paula Coura

O parque abriga o ponto mais ocidental do continente europeu, o Cabo da Roca, “onde a terra acaba e o mar começa”, assim descrito por Luís de Camões em “Os Lusíadas”. Descendo até o centrinho de Sintra, são várias lojinhas e cafés emoldurados pelas tradicionais fachadas de azulejos. Paixão trazida pelo rei Manoel I, que encomendou mais de 100 mil deles para decorar o Palácio Nacional, o ponto de referência na região, com suas duas icônicas torres em formato de cone. 

O centro histórico da Vila de Sintra, com o Palácio da Vila em primeiro plano - Foto: Câmara Municipal de Sintra / Divulgação

Vale uma pausa no Café Paris (@café.paris.sintra) para degustar o tradicional bacalhau em cama de batatas regado a azeite com ervas. De sobremesa, Travesseiro de Sintra, doce feito de amêndoas, açúcar e canela, envolto em uma finíssima massa folhada: o melhor lugar para prová-lo é a Casa Piriquita. Aos amantes de vinho, a Vinícola Casal Santa Maria oferece uma experiência intimista para casais ou pequenos grupos. As uvas, plantadas na região pelo Barão Bodo von Bruemmer, são francesas, mas a acidez, a mineralidade e as notas salgadas que dão sabor a tintos, rosês e brancos só são encontradas nessa região de serra à beira-mar. 

O bacalhau em cama de batatas regado a azeite com ervas, do Café Paris - Foto: Paula Coura

Seguindo o caminho rumo ao Atlântico, impossível não avistar entusiastas de surfe e bodyboard, que procuram as fortes correntes marítimas para a prática esportiva. De Sintra se vai pela orla até Cascais, por cerca de 15 km, onde está a Boca do Inferno, formação rochosa esculpida pelas ondas e ponto de observação de tempestades há séculos. Passa por lá uma ciclovia, que se estende do Guincho até o centro da cidade. É possível alugar bike (€ 2 a hora ou € 6 o dia) e seguir o passeio ativo entre as mansões que serviram de refúgio e descanso a reis e rainhas de Espanha e Itália, na Segunda Guerra Mundial. 

Cascais tem 17 praias, entre elas a da Ribeira, com seu calcadão de pedras portuguesas e extensa faixa de areia - Aline Macedo / Turismo de Lisboa / Divulgação

As praias mais famosas de Cascais são as da Rainha e da Ribeira, ambas com estruturas de quiosques, sendo a última rodeada por um calçadão de pedras portuguesas que lembra muito o de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na região, pode-se visitar a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz e a Torre de Santo Antônio, onde está inserida a Cidadela, que tinha a função de defender essa parte da costa de Portugal e servia como residência de verão da realeza.

Arrábida

É no Parque Natural da Arrábida, entre desníveis e mirantes ao longo de 30 km, que está uma das vistas mais impressionantes do oceano Atlântico. Saindo de Lisboa, o acesso é pela Ponte 25 de Abril. Do alto da serra, além de praias paradisíacas, escondidas no meio da mata, é possível admirar a paradisíaca península de Troia, uma língua de areia que vai até o estuário do Sado, local frequentado por Madonna e outras celebridades.

A belíssima vista do oceano Atlântico no Parque Natural da Arrábida - Foto: Turismo De Lisboa / Divulgação

A região, uma das mais badaladas da Europa e eleita destino de 2025 pela revista de viagens de luxo “Condé Nast Traveller”, abriga um antigo mosteiro franciscano e um convento. Na Sexta-Feira da Paixão, centenas de fiéis e pescadores percorrem os trilhos serranos entre a Vila Nogueira de Azeitão e o Portinho da Arrábida para pescar, tradição que vem desde tempos imemoriais.

O visitante pode subir a serra da Arrábida de bike ou de jipe - Foto: Paula Coura

Uma das maneiras mais práticas de aproveitar o passeio é subindo a serra de Jeep 4x4. Pelo caminho, além da pausa nos mirantes, é possível incluir a visitação de grutas. A Lapa de Santa Margarida, inclusive, fica dentro de uma dessas grutas, numa descida longa, mas de fácil acesso. Conforme a lenda, a tripulação de um barco que encalhou se refugiou lá para fugir de piratas, e, como forma de agradecimento, um altar foi erguido. No local, que só pode ser visitado em dias de bom tempo, foram rodadas cenas do filme “O Convento” (1995), de Manoel de Oliveira, protagonizado por Catherine Deneuve e John Malkovich.

Sesimbra

Descendo a montanha está Vila de Sesimbra, no distrito de Setúbal, excelente local para almoço. O restaurante O Velho e o Mar oferece a tradicional caldeirada: frutos do mar e peixes sem escama num caldo com batatas, tomate e cebola. A vista é de frente para a praia da Califórnia, de águas claras e calmas, excelente para a natação em águas abertas, mergulho guiado e passeios a barco, principalmente pela estrutura de segurança oferecida aos turistas.

A Vila de Sesimbra, na Península de Setúbal - Foto: Turismo de Lisboa / Divulgação

A rota por quatro rodas, personalizada conforme o turista, ainda pode passar pelo Cabo Epichel e pela capela erguida no topo do rochedo em 1701, onde a virgem apareceu. O Santuário da Senhora do Cabo Espichel recebia, desde a Idade Média, vários e numerosos grupos de romeiros, mas acabou ficando abandonado após a aparição de Fátima, em 1917.

O Santuário da Senhora do Cabo de Spichel e seu conjunto arquitetônico - Foto: CM Sesimbra / Divulgação

De cada lado da igreja há uma fila de alojamentos para peregrinos, instalações abastecidas por aquedutos que levaram a água até o topo da montanha. Do alto, além das construções milenares, é possível avistar o local em que se descobriram, em 2021, pegadas de dinossauros carnívoros e herbívoros, com cerca de 129 milhões de anos, o maior do período Cretáceo em Portugal – época da divisão da Pangeia em continentes. 

No Monumento Natural da Pedreira do Avelino foram encontradas pegadas de dinossauros em camadas sedimentares de épocas distintas - Foto: Paula Coura O visitante pode caminhar pela área e tocar nas pegadas - Foto: Paula Coura

O Monumento Natural da Pedreira do Avelino é,um dos pontos de observação, é possível tocar nessas pegadas e conhecer mais sobre a época em que essas espécies dominavam o mundo.  

Para mais informações sobre a rota e Lisboa, acesse o site Visit Lisboa ou Instagram @visit_lisboa.

(*) A jornalista viajou a convite da Associação Turismo de Lisboa.