Entre castelos e monumentos históricos está uma Lisboa (foto abaixo, o Arco do Triunfo, na rua Augusta, crédito: Turismo de Lisboa) que convida ao passeio ao ar livre. Com mais de 60% de ruas planas, largas e niveladas, fica automático calçar um par de tênis e sair para uma corridinha às margens do rio Tejo. Aos habituados a trekking, bike ou escalada, os muitos parques na região rapidamente transformam o ambiente urbano em arbóreo e atiçam os atletas amadores a se aventurar montanha afora – são muitas as rotas para diferentes níveis de condicionamento. Não se assuste se encontrar pelo trajeto marcas da era dos dinossauros e surfistas sorridentes com termômetros marcando 9ºC, mas que não deixam passar as “ondas perfeitas” do Atlântico. A aventura ainda pode incluir pausas para degustação de vinhos e comidinhas típicas. 

Das áreas verdes para se conhecer primeiro, a mais mística, sem dúvida, é o Parque Florestal de Monsanto – três vezes o tamanho do Central Park, em Nova York. Com 900 hectares, ocupa 10% do território de Lisboa, um pulmão em meio às construções milenares. Situado na serra de mesmo nome, a floresta recém-criada fica distante apenas dez minutos do centro da cidade, de carro, e muitas espécies vegetais por lá foram plantadas a partir da década de 1940. Vale muito um passeio dentro do parque, bastante frequentado pelos lisboetas, que estendem a toalha sobre o gramado para um piquenique. As famosas Pedreiras de Monsanto, celeiro dos praticantes de escalada, são as formações mais vistas montanha acima e já foram palco de incontáveis rituais de bruxaria. Há quem procurasse os círculos de rocha para enlaçar corações em séculos passados, cerimônias marcadas nas pedras com desenhos enigmáticos.  

Se você é do tipo indoor, Lisboa também tem locais para a prática de escalada cheios de história. É o caso do Escala 25 (foto acima, crédito: Paula Coura), que fica no Pilar 7, embaixo da Ponte 25 de Abril – construída após a Revolução de 1974 – uma “cópia” da famosa Golden Gate, de São Francisco (EUA). O lugar tem paredes de 12 m e rotas para quem nunca escalou ou quem já está acostumado a se clipar sozinho e subir. No topo, um mirante, com vista para o Cristo Redentor de Lisboa, quase do mesmo tamanho e praticamente idêntico ao monumento brasileiro. 

Outro local que mescla cidade e natureza é o Parque das Nações – excelente local para deixar as crianças se divertirem –, antiga área industrial totalmente revitalizada para a Expo98. Dá para caminhar às margens do rio Tejo e visitar a Torre Vasco da Gama (foto acima, crédito: Turismo de Lisboa), edifício mais alto de Portugal e que faz homenagem à descoberta do caminho marítimo para a Índia pelo navegador. QR Codes nas janelas da cúpula trazem histórias, curiosidades de Portugal, recomendações turísticas e dicas sobre a vista panorâmica para a Reserva do Rio Tejo, berço de proteção de aves aquáticas migratórias. As visitas podem ser de carro, a pé ou até de barco, seguindo os percursos propostos. 

 Para finalizar o dia, uma boa pedida é uma caminhada pelas ruas do Baixa, o centro de Lisboa, onde está o calçadão da rua Augusta, além de algumas das principais praças da cidade, como a do Comércio (Terreiro do Paço). Não faltam bares, lojinhas com todo tipo de lembrancinha, além de locais para uma caldeirada (foto acima, crédito: Paula Coura) ou bom caldo verde (batata e couve picadinha), principalmente se for visitar a cidade na época do friozinho. Os menus, curiosamente, ficam pregados nas janelas e portas dos estabelecimentos. Gostou, entrou.  

 A avenida Almirante Reis, bem no centro de Lisboa (patinetes e bicicletas para locação em frente ao Mercado da Ribeira, crédito: Paula Coura), por sua vez, tem uma das maiores ciclovias da cidade – a capital portuguesa tem cerca de 180 km de ciclovias, e a meta é chegar a 260 km neste ano. É uma das zonas mais multiculturais da cidade, com inúmeros estabelecimentos escondidos entre as reformadas fachadas de azulejos portugueses. 

Um desses locais é a cervejaria Portugália, especial para se provar frutos do mar como as tradicionais gambas à guilho (camarões grandes ao alho e azeite) com um bom vinho lisboeta ou o tradicional prego (pão recheado com um finíssimo bife bovino, foto acima, crédito: Paula Coura) e um chope bem gelado.  

O bairro foi totalmente reformado após o terremoto do século XVIII pelo Marquês de Pombal, que foi secretário de Estado de Portugal, entre 1750 e 1777, e promoveu uma série de reformas. Em contrapartida, ampliaram a exploração colonial, com medidas como o aumento dos impostos da mineração em Minas Gerais em 1775. Por lá, uma das vistas mais incríveis está no Varanda de Lisboa, um restaurante panorâmico renovado em 2019. De um lado, o castelo de São Jorge (foto acima, crédito: Paula Coura) e, do outro, o rio Tejo. O menu é assinado pelo chef Vitor Sobral, um dos líderes no processo de modernização da gastronomia tradicional portuguesa. Na parte aberta, cardápio especial com drinks e apresentação de DJs.  

No retorno para Lisboa, uma ótima opção para se comer e beber bem é o Mercado da Ribeira (foto acima, crédito: Paula Coura), onde chefs portugueses estrelados assinam versões mais populares de seus menus a € 10. O local, bastante movimentado no século XIX, acabou perdendo a primazia para o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, maior e localizado fora da área central. Com isso, para que os espaços voltassem a ser ocupados, ele passou por uma revitalização encabeçada pelo grupo português que publica a revista “Time Out”. 

A noite em Portugal também pode revelar experiências intimistas e únicas. No Sr. Fado, jantar à luz de velas com menu fechado (entrada, prato principal e sobremesa) tem apresentação ao vivo de um fadista que, acompanhado por dois violinistas clássicos, interpreta canções típicas. O estilo foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2011. Vale encerrar a comilança com um chá de camomila, tradição portuguesa levada para a Inglaterra por Catarina de Bragança. A filha do rei João IV ganhou a mão do rei Charles II em 1662 e para a ilha levou, além do dote em dinheiro, temperos, laranjas e chá.

(*) A jornalista viajou a convite do Turismo de Lisboa.

Serviço:

Onde se hospedar: 
Hotel Vip Executive Entrecampos: avenida 5 de Outubro, 295. O hotel quatro estrelas fica a quatro minutos a pé das estações de metrô e de trem de Entrecampos. Diárias a partir de € 95 com café da manhã em janeiro (em Portugal, chamado de “pequeno almoço”). Jantar a partir de € 10 (sopas e carnes). 

Onde comer:
Portugália: rua da Cintura do Porto de Lisboa, Cais do Sodré, 1200-109. Como entrada, experimente o croquete de carne, € 1,7, e gambas ao alho, a € 9. Para prato principal, prego clássico (pão com carne bovina bem fininha) por € 8,5, e com batata frita palito, a € 2.  Para acompanhar, uma caneca de cerveja preta ou pilsen a € 4.

Mercado da Ribeira: avenida 24 de Julho, no Cais Sodré. Possui mais de 30 espaços, entre restaurantes, bares, cafés e pastelarias, além de versões populares de menus dos chefs Marlene Vieira, Vincent Farges, Henrique Sá Pessoa, Susana Felicidade e Miguel Castro e Silva, a partir de € 10,5.  

Sr. Vinho: rua do Meio à Lapa, 18, bairro da Lapa. Menu com couvert, entrada, peixes, carne ou vegetariano, além da sobremesa, por € 65 por pessoa. Bebidas não inclusas. Rua do Meio à Lapa, 18, bairro da Lapa. 

Varanda Lisboa: praça Martin Moniz, 2. Restaurante panorâmico com rooftop. Fica no 8º piso do Hotel Mundial. 

Passeios:
Escala 25: € 11 (o passe diário); € 9,50 (Happy Hout, diariamente das 10h às 17h); e € 9,50 (crianças, estudantes e maiores de 65 anos). 

Torre Vasco da Gama: custa € 10 por pessoa até as 18h e € 5 para crianças de 5 a 12 anos. Depois, € 15 a partir das 18h, valor consumível no bar, que só abre a noite). ngo dos pontos pela ciclovia. Endereço: Orla de Cascais.

Mais informações: acesse o site Visit Lisboa