Enquanto os cristãos se despedem neste sábado (26/4) do papa Francisco, o turismo religioso em Minas Gerais mostrou mais uma vez sua força: mais de meio milhão de fiéis circularam pelo Estado no feriado e injetaram na economia R$ 1,9 bilhão durante a programação do Minas Santa. O turismo religioso foi, por sinal, uma das vertentes promovidas pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e com apoio da Companhia de Desenvolvimento de MInas Gerais (Codemge), no estande de Minas na feira MTM 2025, encerrada nesta sexta-feira (25/4) no Minascentro. Um dos destaque foi o lançamento do Passaporte da Esperança pela Arquidiocese de Belo Horizonte.

O Passaporte da Esperança propõe uma rota por 19 santuários de Belo Horizonte e cidades vizinhas - Foto: Divulgação

O Passaporte da Esperança é uma preparação para Ano Jubileu, proclamado pelo papa Francisco e que tem como tema “Peregrinos da Esperança”. “Apresentamos o Passaporte da Esperança para todas as pessoas que desejam viver o Ano Jubilar possam percorrer as mais diferentes expressões arquitetônicas, culturais, gastronômicas que permeiam cada um dos 19 santuários de nossa diocese”, afirmou o padre Wagner Calegário de Souza, reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté. Da Catedral de Cristo Rei ao santuário Senhor do Bonfim, há igrejas em Brumadinho, Caeté, Confins, Lagoa Santa, Sabará e Santa Luzia.

O passaporte propõe uma jornada de fé, espiritualidade e valorização do patrimônio cultural e  pode ser retirado gratuitamente nos santuários – a cada visita, o peregrino recebe um carimbo até completar todo o circuito. Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, o turismo da fé não se vincula apenas ao catolicismo, mas à cultura gospel, ao misticismo, à afromineiridade. “Para nós, pode parecer comum essa multiplicidade de religiões, mas para fora de Minas e o mercado internacional têm uma importância e singularidade maravilhosa”, destaca o gestor, citando como exemplo o misticismo em São Thomé das Letras.

Balanço

Sobre o balanço do programa Minas Santa, Leônidas Oliveira (na foto acima ao lado da subsecretária de Turismo, Patrícia Moreira e do padre Wagner Calegário, do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté - crédito: Renata Garbocci / Divulgação) lembrou que a campanha da Secult aproveitou o mote religioso para convidar quem veio a Minas para conhecer as belezas naturais, o patrimônio histórico e a culinária mineira. “Durante o ano inteiro temos previstas várias ações, inclusive estamos concentrando os festivais gastronômicos nos feriados para ter um atrativo a mais para o turista. Tivemos no Minas Santa mais de 667 celebrações e a volta de tradições como a procissão do Fogaréu em Ouro Preto e Mariana. Ao reunir milhares de pessoas em todo Estado, mostramos que a espiritualidade é um dos patrimônios vivos de Minas”, salientou.

Só no ano passado o turismo de fé gerou cerca R$ 5 bilhões, de Nhá Chica à serra da Piedade. O secretário lembrou que, só no só dia 13 de dezembro, o santuário em Santa Luzia recebe mais de 90 mil pessoas em um único dia. “É importante destacar que a Semana Santa gera mobilização econômica nos bares, nos restaurantes e na natureza. Dessa forma, o turismo religioso tem importância estruturante para Minas Gerais, é um turismo de família, de celebração, de encontro. Pela primeira vez em uma feira temos um espaço dedicado aos lugares da fé em Minas Gerais e que, a partir de agora, estarão em todas as feiras nacionais e internacionais”, enfatiza o gestor. 

Com 667 eventos em 460 cidades, o programa Minas Santa ultrapassou as expectativas: foram mais de R$ 1,9 bilhão em impacto econômico direto em todo o Estado apenas durante a Semana Santa. Leônidas ainda explicou a lógica dos números: “As pessoas me  perguntam como chegamos à cifra de R$ 1,9 bilhão. É simples: nós temos os dados do aeroporto e da ocupação hoteleira, que este ano foi em torno de 98%. Pegamos o número de turistas e multiplicamos pelo tíquete: quanto o turista está gastando por dia e a média de tempo que permanece no destino. O turista gasta, em média, a R$ 650 por dia. Você faz essa média utilizando os dados de crescimento do IBGE. Não estamos contando os turistas domésticos, a circulação interna. Assim temos certeza que o número está correto e pode ser muito maior”.

A procissão do Fogaréu foi retomada em Mariana depois de 207 anos - Foto: Geize Dias / Divulgação

O programa Minas Santa uniu grandes centros e pequenos distritos, de Sabará a São Thomé das Letras, de Vargem Bonita à histórica São João del-Rei. A celebração da fé se estendeu a todos os 853 municípios e mais de mil distritos, com seus tapetes, cortejos, missas, coralistas, romeiros, congadeiros e violeiros. “São Thomé das Letras mostrou mais uma vez sua força como destino de espiritualidade, cura e reconexão. Com 90% de ocupação nos nossos 19 mil leitos, vivemos dias de grande movimento, paz e diversidade de expressões religiosas”, ressalta o prefeito Donizete Flauzino.

O prefeito de Capitólio, Cristiano Silva – que esteve na MTM lançando a terceira edição do Salão Náutico, de 24 a 27 de julho, noa marina de Escarpas, no lago de Furnas –, confessa que viveu uma das maiores semanas santas da história. “Recebemos milhares de visitantes que vieram buscar não apenas nossas paisagens, mas também a espiritualidade e o acolhimento do nosso povo. A integração entre fé, natureza e gastronomia tem feito de Capitólio um destino completo para quem deseja viver experiências únicas”, disse. Para o festival em julho, a expectativa do prefeito é atrair cerca de 10 mil visitantes e movimentar mais de R$ 39 milhões em negócios.

O encerramento da MTM, que reuniu mais de 3.000 profissionais de turismo de diversas regiões do país e 4.000 visitantes, foi marcado ainda por capacitações e pitchs (apresentações em palco que substituíram a rodada de negócios) para agentes de viagens, degustações de produtos típicos e apresentações nas Cozinhas Vivas, consolidando Minas como um dos grandes protagonistas do turismo brasileiro. Enquanto o turismo nacional iniciou uma leve recuperação em fevereiro (+2,9%), Minas Gerais, impulsionada pela força da fé, cresceu 1,7% em fevereiro e deve encerrar o primeiro quadrimestre com crescimento acima da média nacional.