Das 12 cidades com temperaturas mais baixas já registradas no Brasil, apenas duas não estão em Estados da região Sul. De forma extraoficial, os termômetros indicaram -17,8°C no cume do Morro da Igreja, em Urubici, em 29 de junho de 1996, com sensação térmica de -46°C. É assim todos os anos: Santa Catarina tem os menores índices no inverno. Além de Urubici, incluem-se também São Joaquim, Urupema e Bom Jardim da Serra.
Abaixas temperaturas sempre foram um bom motivo para o viajante retirar os casacos do armário e arrumar as malas. Em viagens ao exterior, eles buscam a experiência da neve em estações de esqui; no Brasil, vão atrás de aconchego e intimismo. Na alta temporada, em julho, o inverno coincide com as férias escolares. Nesta matéria, selecionamos sete destinos fora do roteiro tradicional de frio, onde o turista encontra aconchego e hospitalidade.
1. Urubici
Em Santa Catarina, Urubici é um desses destinos que têm crescido na procura pelos turistas. Em 2024, o destino alcançou faturamento de R$ 39 milhões na plataforma Airbnb. O aumento do número de turistas tem refletido diretamente no mercado imobiliário, com crescimento de 20%. A cidade também entrou na lista dos dez destinos mais acolhedores do mundo em 2025, segundo o Traveller Review Awards, premiação da Booking.com.
Antes um segredo muito bem-guardado, a cidade catarinense tem registrado um turismo crescente no outono e no inverno não apenas devido às belezas naturais, mas também às experiências únicas que oferece, desde paisagens que remetem ao charme europeu até a possibilidade de presenciar um fenômeno natural não tão comum em um país tropical como o Brasil: a neve. Em junho e julho, costuma nevar.
A região abriga o Parque Nacional de São Joaquim, na divisa dos municípios de Bom Jardim da Serra, Orleans e Urubici, com atrativos como o Morro da Igreja, a Pedra Furada, a Serra do Corvo Branco, a cascata do Avencal, a caverna do Rio dos Bugres e os cânions do Funil e das Laranjeiras. A cidade, reconhecida como patrimônio da humanidade pela Unesco, tem ainda hospedagens acolhedoras e a Rota dos Vinhos de Altitude.
2. Cambará do Sul
Na região, uma boa alternativa a Gramado e Canela é Cambará do Sul, dois destinos já tomados com excesso de turistas, a 231 km ao norte da capital Porto Alegre (RS). Todo viajante deveria visitar o destino ao menos uma vez a cidade gaúcha. O município está próximo do maior conjunto de cânions da América do Sul – Itaimbezinho e Fortaleza, ambos localizado dentro do Parque Nacional de Aparados da Serra.
Itaimbezinho tem a melhor infraestrutura, com centro de visitantes, mirantes e três trilhas. Não tão famoso quanto o vizinho, o cânion Fortaleza é bem maior e pode ser alcançado pela Trilha do Mirante, uma subida de 3.800 m até seu ponto mais alto, a 1.120 m de altitude. O inverno costuma ser a melhor época para visitar os cânions devido à visibilidade. Nesta época do ano, os ventos fortes causam sensação térmica de -5°C no ponto mais alto dos cânions.
]erto dos atrativos estão aconchegantes hospedagens. Uma dica são as cabanas do Parador Casa da Montanha, inspiradas nos lodges africanos, com luxo, conforto e aquecimento. Situado na Fazenda Camarinhas, o Parador oferece passeios aos cânions, além de tours de cavalo e quadriciclo. Tudo isso é acompanhado de excelente gastronomia e ambientes rústicos, como a sala de estar envidraçada, com vista para os campos e lareira para aquecer do frio.
3. Poços de Caldas
No Sudeste, Poços de Caldas revela-se um destino extremamente acolhedor. A cidade prepara o Festival de Inverno, com várias atrações em espaços públicos, como praças, parques, museus e mirantes. A meta, segundo o secretário municipal de Turismo, Arison Siqueira, é manter a taxa de 90% de ocupação nos leitos, atraindo aproximadamente 500 mil turistas.
Desde março de 2023, a empresa Citur (Circuito Integrado do Turismo de Poços de Caldas) assumiu a gestão e a operação de atrações como o Parque do Cristo, a Fonte dos Amores, a rampa de voo livre e o teleférico, trazendo melhorias que vão desde a acessibilidade até a expansão dos serviços. O reflexo tem sido o aumento do fluxo de turistas.
O visitante ainda pode combinar Poços de Caldas – que aparece anualmente à frente no ranking das cidades mais frias de Minas – e Andradas, a “capital do vinho”. A região, que lançou recentemente a Rota Vulcânica, conta com vinhos reconhecidos internacionalmente pela qualidade em mais de 50 vinícolas. Entre uma visita e outra, o turista pode relaxar nas águas com temperatura a 37°C no balneário, na praça dos Macacos e nas Thermas Antônio Carlos.
4. Petrópolis
As temperaturas já entraram em declínio em Petrópolis a partir de sexta-feira (25/4) e se estendem em queda nos primeiros dias de maio. Com mínimas de 13°C, de acordo com o Climatempo, a cidade já começa a viver o clima aconchegante do inverno. A antecipação do inverno, de acordo com o Petrópolis Convention & Visitors Bureau, está sendo vista pelos turistas como oportunidade de subir a serra mais cedo para curtir o clima europeu da cidade,
Esse cenário deve se manter com a chegada de eventos – serão ao menos 30 entre maio e julho, entre eles o Rio Arquitetura & Design Connection (14 a 16/5), feira Deguste (6 a 8/6), Biergarten (26 a 29/6, 4 a 6/7 e 11 a 13/7), 24º Festival de Fondue, Caldos e Cremes (27/6 a 3/8), 36ª Bauernfest – Festa do Colono Alemão (27/6 a 13/7) e Festival do Chocolate Mundo Mágico (25 a 27/7 e 1º a 3/8).
As baixas temperaturas, aliadas a uma agenda cultural ativa, criam o ambiente ideal para quem busca experiências em torno do frio, da boa gastronomia e da tradição petropolitana. “Petrópolis tem essa vocação natural para o turismo de inverno. O que vemos agora é a consolidação de uma temporada que começa cada vez mais cedo”, analisa Fabiano Barros, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau.
5. Cunha
Conhecida por seu clima montanhesco, Cunha (foto acima, crédito: Setur-SP / Divulgação) é uma das cidades mais frias de São Paulo, ao lado de Campos do Jordão, São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal e São Miguel Arcanjo. As temperaturas variam de -3°C a 15°C no inverno. Distante 223 km da capital paulista, a cidade do Alto Vale do Paraíba é rodeada por serras e parques de reserva ambiental, como o Parque Estadual da Serra do Mar e Serra da Bocaina.
Última parada dos tropeiros que percorriam a Estrada Real, Cunha é também um importante polo de cerâmica na América do Sul. Ali se instalaram, a partir de meados da década de 1970, ceramistas de formação japonesa que trouxeram para o Brasil uma técnica milenar de cerâmica artística, queimada a lenha em altíssima temperatura, em fornos chamados de “noborigama”. São 20 ateliês nos mais variados estilos para serem visitados.
Cunha oferece aos seus visitantes inúmeros atributos naturais – clima ameno, paisagens deslumbrantes, cachoeiras, como a do Pimenta, trilhas e flora e fauna características da Mata Atlântica. A cidade é ainda reconhecida pela sua gastronomia à base do pinhão. Até o dia 4 de maio, acontece a festa com pratos que levam a semente. Uma novidade é o Lavandário: um belo campo de lavandas, que pode ser visitado durante todo o ano.
6. Piatã