Terra da Onça-Pintada, Poconé é destino para observar a vida selvagem

Se existe um lugar onde a vida selvagem e a cultura tradicional convivem em perfeita harmonia, esse lugar é Poconé, município mato-grossense que dá início a uma das estradas mais icônicas do Brasil: a Transpantaneira. Com suas pontes de madeira e paisagens hipnotizantes, essa rota é considerada um dos melhores caminhos para conhecer o Pantanal de verdade — sem filtros, sem pressa e com muita beleza ao redor.

Poconé é, sim, essa porta de entrada para um dos ecossistemas mais exuberantes do planeta. E embora seja pequena, com ruas de chão batido e clima interiorano, guarda muitas riquezas. É dela que partem os passeios para a região norte do Pantanal, com trilhas, tours de barco e observação de aves. Ao longo da Transpantaneira em direção a Porto Jofre, também está uma das melhores rotas para a observação de onças-pintadas.

Na sexta-feira  passada  (4/7), o município inaugurou a Terra da Onça-Pintada, um centro de educação ambiental do Projeto Jaguar IP, em parceria com a prefeitura. O espaço oferece aos visitantes experiência imersiva, com exposições interativas e educativas, oficinas temáticas, trilhas que simulam ambientes naturais, painéis sobre fauna e flora e simulações do impacto da ação do homem no ecossistema.

Para avistar o felino no seu habitat natural, são oferecidos safáris terrestres e de barco pelos rios Cuiabá e Três Irmãos. No percurso, é possível  ainda avistar jacarés, capivaras, tuiuiús (ave-símbolo do Pantanal), garças, araras e diversas outras aves. Os tours são experiências únicas e memoráveis, que colocam o turista em contato com a vida selvagem. O percurso pode ser percorrido sozinho, mas é recomendado a presença de um guia.

Depois da morte da onça Queixada por um fazendeiro em abril de 2022, que era um jovem macho e vinha sendo monitorado desde novembro de 2021 pelos cientistas da Jaguar Identification Project, a necessidade de preservação da espécie ganhou força. Hoje, Poconé leva a sério o compromisso com a educação ambiental e o desenvolvimento de um turismo sustentável e a proteção contínua dos recursos naturais da região.

Transpantaneira

Ao entrar na Transpantaneira, começa a magia começa de verdade. São aproximadamente 150 km de estrada de terra cortando o Pantanal, com mais de 120 pontes de madeira e paisagens que mudam a cada curva: campos abertos, florestas ribeirinhas, lagoas cristalinas, aves exóticas, jacarés à beira d’água e famílias de capivaras atravessando o caminho.

O percurso por si só já é uma experiência, mas o mais incrível é que tudo acontece de forma espontânea. A estrada não foi criada para turistas — ela serve aos moradores, aos criadores de gado e aos que vivem ali, em total respeito à natureza. Embora tenha sido construída para conectar regiões, a estrada é hoje um importante um corredor turístico.

A seca, entre maio e outubro, é o melhor período para percorrer a rota. A visibilidade é ótima, as trilhas estão mais acessíveis e as onças-pintadas aparecem com maior frequência nas margens dos rios. O turista pode avistar o animal em safáris terrestres ou em tours pelos rios.

Outra experiência na região é a visita guiada às comunidades indígenas para conhecer seus costumes e tradições. O visitante tem ainda a oportunidade de aprender sobre medicina tradicional, artesanato e danças .

 A cidade

Como as cidades de Minas Gerais, Poconé nasceu da corrida do ouro. O local, que era originalmente habitado por uma tribo indígena, ganhou o nome de “Beripoconé” inicialmente e logo depois Vila de Poconé. O centro histórico ainda conserva uma arquitetura do século XIX.

Entre as festas populares está a Cavalhada, que acontece junto à Festa de São Benedito, em junho. Trata-se de uma batalha entre o Exército azul (cristãos) e o vermelho (mouros). Cada detalhe do espetáculo, do figurino ao cenário, é reproduzido com riqueza de detalhes. Há, ainda, a Dança dos Mascarados durante o Carnaval, de origem desconhecida, dançada apenas por homens com trajes metade masculino e metade feminino.

Culinária

Conhecida como a “capital do Pantanal”, Poconé fica distante pouco mais de 100 km de Cuiabá. A cidade não oferece apenas paisagens. Ela guarda uma cultura forte e orgânica, que se manifesta na hospitalidade dos moradores, nos pratos típicos servidos nas fazendas, nas histórias contadas em rodas de tereré e nas festas locais que celebram a música, a religiosidade e a lida com o gado. O pantaneiro é um personagem real: forte, simples, conectado com a terra e com os ciclos do ambiente.

Os visitantes ainda podem degustar pratos típicos da culinária mato-grossense, como o churrasco pantaneiro, o pintado na brasa, o arroz-carreteiro (ou Quebra-torto, no café da manhã, que leva também o ovo), o tererê (a erva mate feita com água fria na guampa, recipiente feito com chifre de bovino), a farofa de banana, o caldo de piranha, o macarrão de comitiva (com carne de sol), o pacu na folha de bananeira e a paçoca.

Entre os atrativos mais procurados da região estão:

• Passeios de barco pelos corixos e baías;
• Passeio de barco ao pôr do sol;
• Caminhadas ao nascer do sol;
• Caminhadas ecológicas;
• Safáris fotográficos com alto índice de observação de fauna;
• Cavalgadas entre campos abertos e matas;
• Focagem noturna, quando o bioma revela outro ritmo e outra luz;
• Observação de aves: são ao menos 650 espécies (birdwatching).

Onde se hospedar:

Na região da Transpantaneira, a Pousada Piuval combina simplicidade, boa estrutura e respeito pela natureza. Localizada a apenas 10 km do centro de Poconé e já dentro da zona alagável do Pantanal, a pousada ocupa uma fazenda de mais de 7.000 hectares, o que garante acesso exclusivo a trilhas, lagoas e áreas de observação.

“Nosso propósito sempre foi oferecer uma experiência verdadeira do Pantanal, mas com todo o conforto”, conta o proprietário Eduardo Eubank. “A gente acredita que é possível encantar sem explorar, por isso investimos em energia solar, educação ambiental, guias locais e uma estrutura que acolhe sem agredir”, acrescenta.

A Piuval oferece suítes amplas com ar-condicionado, varanda e vista para a paisagem pantaneira, além de piscina, redário, área de lazer para crianças e refeições com ingredientes locais. O regime de alimentação é a pensão completa (café da manhã, almoço e jantar). Os passeios já estão inclusos na diária e são realizados por guias experientes. E como o espaço é amplo, mesmo em períodos de maior movimento, há sempre sossego e liberdade.

Vencedora do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2017/2018 nas categorias Meio de Hospedagem e Top Sustentabilidade, a pousada destaca-se por práticas inovadoras, como coleta seletiva de lixo, reúso de água da chuva para jardinagem e reaproveitamento de águas cinzas em sistemas sanitários. Placas solares abastecem os chuveiros elétricos, enquanto 20 dos 30 apartamentos foram construídos com madeira de reflorestamento, seguindo princípios de arquitetura sustentável.

Reconhecida pela norma 15401 da ABNT, em parceria com o MTur, a Piuval emprega moradores da comunidade local, que participam ativamente das ações de preservação. A pousada também promove iniciativas socioculturais, como o Projeto Guia Mirim, que forma jovens guias de turismo em Poconé. "O envolvimento da comunidade é essencial para a sustentabilidade do negócio", ressalta Eduardo Eubank.

Como chegar

Aéreo. As companhias Azul, Gol e Latam voam para Cuiabá. De lá, é preciso pegar um outro voo ou um transfer até Poconé.

Onde contratar os passeios: Agências de receptivo e hotéis, como a Pousada Piuval, oferecem os passeios.

Onde se hospedar:

Pousada Piuval: Diárias a partir de R$ 1.350 por pessoa para duas noites com tudo incluído. Crianças até 5 anos não pagam. Informações e reservas no site Pousada Piuval ou Instagram @pousadapiuval.

Dica importante: Para percorrer a região, é importante usar roupas leves, camisas manga longa, chapéu, protetor solar e repelente de insetos, binóculos e carregador portátil de celular. O acesso à Internet é limitado.