Passeios

As bênçãos da natureza

Mar de azul caribenho e cristalino, praias desertas, piscinas naturais e peixe-boi marinho resultam em excelentes atividades de ecoturismo

Por Paulo Campos
Publicado em 22 de outubro de 2016 | 03:00
 
 
 
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O guia Rafael Lustosa é uma mão na roda quando o assunto é desbravar a região. Instalada dentro do Angá Hotel, a agência de receptivo Camboa Ecoturismo ensina aos visitantes que a melhor maneira de “mergulhar” nas belezas de São Miguel é não ter pressa. O primeiro passeio que ele indica são as piscinas naturais, que podem ser alcançadas de jangada. “São mais bonitas do que as de Maragogi”, garante o jangadeiro Jô, que busca os hóspedes na praia em frente ao hotel.

As piscinas de São Miguel estão pertinho do litoral e só exigem do visitante vocação de madrugador para aproveitar a maré baixa. O passeio, com aluguel de máscara e snorkel, custa R$ 50. Quando se chega lá, entende-se a afirmação categórica do jangadeiro: as piscinas são rasinhas, de águas claras e cristalinas e com muitos peixinhos a fugir de olhos curiosos. E o melhor: sem a multidão de turistas que assola as de Maragogi.

Amanhecer

Um plus para os madrugadores é o amanhecer nas praias de São Miguel. A experiência é mais radiante no Toque, mais próxima da comunidade de Porto da Rua – mais movimentada do que São Miguel, com melhor infraestrutura de pousadas e restaurantes. No Toque, o sol nasce, ilumina os arrecifes e completa o espetáculo com uma cor dourada indescritível. Ao estar na praia às 6h ou às 7h, entende-se por que a palavra “paraíso” vai além do clichê.

E como há pouco o que fazer por ali além de descansar numa rede e ser feliz, os passeios da Camboa Ecoturismo caem como uma luva. Pela Rota Ecológica, um tour de bugue ao litoral norte ocupa uma tarde inteira e leva até Porto da Pedra, uma vila de casarões históricos, centenários. A praia da Lage é a primeira, em formato de meia-lua, deserta. Patacho, a mais distante, é a última parada antes da travessia do rio Manguaba.

Rota Ecológica

Na Rota Ecológica, percorre-se regiões que outrora foram fazendas de coco, segundo o guia Rafael Lustosa, uma área de proteção ambiental. Em Patacho, por exemplo, algumas delas surgem pelo caminho, assim como casas de veraneio. Antes de Patacho, um túnel verde faz o viajante se sentir em um cenário de “Game of Thrones”, antes de um pit-stop no Cocoloko – única pousada da região oferece, day-use a R$ 50, com boa comida e piscina.

Litoral sul

Pelo litoral enfileiram-se quatro praias, uma mais bonita (e muito distinta) do que a outra: Toque, São Miguel dos Milagres, do Riacho, do Marceneiro, Barra de Camaragibe e do Morro. São Miguel, mais urbana, é ocupada por barracas e bares. É a praia frequentada pelos moradores: tudo muito simples, mas hospitaleiro. A do Riacho tem fama de receber viajantes no bate e volta de Maceió.

A praia do Marceneiro é uma das mais belas. É ali que acontece um dos mais famosos réveillons do país. Promovida por um empresário alagoano, é uma maratona de festas que ocorre na praia e na Fazenda Oiteiro, com lounges, DJs e esportes náuticos.

Barra do Camaragibe, no município vizinho, é outra praia urbana. Mas o maior interesse está do outro lado do rio. Os bugueiros deixam os veículos na cidade, percorrem uma pequena trilha até a beira do rio e apanham uma canoa (custo de R$ 10) para a travessia, que não dura cinco minutos. Uma trilha leva até a praia do Morro, uma das mais belas vistas de São Miguel, com seu mar de ondas e suas falésias na ponta, cercada por um extenso coqueiral.


Porto de Rua é o ponto de partida para os passeios da Camboa Ecoturismo e o melhor local para se hospedar 


Santuário preserva mamífero marinho

Diferente da Praia do Forte, onde as tartarugas-marinhas são estrelas absolutas, em São Miguel o bichinho preferido é outro. Ameaçado de extinção, o peixe-boi tem habitat natural no rio Tatuamunha e é passeio obrigatório para se entender o envolvimento da comunidade com o meio ambiente.

A visitação é restrita a um número de pessoas diariamente e deve ser agendada com guias condutores autorizados pela associação local ao preço de R$ 50.

Segundo Flávia Repp, presidente da Associação Peixe-Boi, o projeto começou em 2006 e hoje envolve 50 pessoas da comunidade, a maioria pescadores como Gilvan Silva Fortunato, 59, mais conhecido como Caraveia. “A ideia inicial do projeto é tirar o pescador da pesca predatória e levá-lo para o projeto para que tenha uma renda extra”, afirma. “Com 33 anos entrei no projeto, aos 38 aprendi a ler e escrever e, aos 43, me alfabetize”, arremata.

O passeio de jangada pelo rio Tatuamunha conduz o visitante aos manguezais, para avistar o peixe-boi livre, hoje em número de apenas três, entre eles o dócil Aldo, batizado com esse nome por Caraveia, tem cerca de 3 m e pesa 300 kg.

Os bichinhos aproximam-se naturalmente da embarcação. No trajeto, um cativeiro ajuda na adaptação e no estudo do peixe-boi, que depois de solto é monitorado. Pelo local já passaram cerca de 28 animais da espécie.


CVC opera São Miguel dos Milagres

A CVC começou a operar São Miguel dos Milagres, formatando um pacote de sete noites com ótimo-custo benefício, que inclui passagem aérea, hospedagem com café da manhã no Angá Hotel e traslados ao custo de R$ 2.640. A operadora oferece fretamento com a Azul Linhas Aéreas, com saídas aos sábados.

O viajante também pode combinar São Miguel com Maceió, montando a viagem de acordo com sua preferência de data, hotel e passeios ou ainda, se preferir, apenas hotel e aéreo. Segundo Júlio Machado, gerente de produtos nacionais da CVC, a operadora tem saídas diárias e ótimas condições com todas as companhias aéreas para o destino.

As viagens podem ser parceladas em até 12 vezes, sem juros, no cartão de crédito. E, para garantir a excelência do serviços, a CVC, afirma Machado, possui ótima estrutura de atendimento em Maceió, com coordenador para prestar apoio aos clientes, guias treinados, veículos exclusivos e atendimento telefônico 24 horas, prestando a assistência necessária ao passageiro.


Passeios

Onde agendar:
Camboa Ecoturismo: (82) 99174-1599 / 99963-7230 / 3295-1408
Site: facebook e instagram camboaecoturismo e instagram
camboaecoturismo@gmail.com
Jangada para as piscinas naturais: R$ 50 por pessoa
Bugue pelo litoral sul: R$ 200 (até 4 pessoas)
Bugue pelo litoral norte: R$ 200 (até 4 pessoas)
Trilhas:R$ 30 por pessoa
Aluguel de bike, prancha de stand-up paddle e caiaque: R$ 50 a hora

 

Peixe-boi (I)
Duas espécies no Brasil

No Brasil há duas espécies de peixe-boi: o Trichechus manatus, peixe-boi marinho que se encontra ameaçado de extinção, e o Trichechus inunguis, que vive nos rios amazônicos. O bichinho pode
chegar a 4 m e 800 kg. O peixe-boi é uma das espécies mais vulneráveis da natureza, porque de sua caça se aproveita tudo, a carne e o óleo.

Peixe-boi (II)
Ameaçados de extinção

A reprodução também colabora com sua extinção: a fêmea demora de 13 a 14 meses para gerar um único filhote. Ao longo das últimas décadas, pescadores o matavam a pauladas, facadas e até com arma de fogo. Os bichinhos também sofrem com desmatamento, assoreamento e poluição dos rios.

 

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