Inaugurada no final de janeiro no MIS Experience, em São Paulo, uma exposição permite que o visitante tenha uma experiência imersiva na Capela Sistina, a obra-prima do arquiteto, escultor, pintor e poeta Michelangelo, um dos grandes expoentes do Renascimento italiano, autor da célebre escultura de Davi.
Até o dia 30 de abril, o turista que visita São Paulo pode se sentir como se visitasse "in loco" a Capela Sistina. São 14 salas expositivas que permitem uma viagem a uma das maiores obras da história da arte, mas traz também reproduções de Davi e de manuscritos, estudos e desenhos feitos pelo grande artista.
Salas
Uma das salas reproduz o ateliê do artista; outras mostram detalhes sobre a arquitetura e os desenhos e pinturas feitos para a Capela Sistina. Há, ainda, uma curiosa sessão dedicada a explicar o Conclave, a reunião de cardeais que decide sobre a escolha de um novo papa e que ocorre no interior da capela.
Os conteúdos das salas foram elaborados pelo professor e historiador da arte Luiz Cesar Marques Filho. Segundo o Museu da Imagem e do Som (MIS-SP), os itens da mostra foram homologados pelas instituições italianas que preservam o legado artístico de Michelangelo, que morreu em 1564.
“Michelangelo era basicamente um escultor, com exceção da Capela Sistina, do Tondo Doni (que é reproduzida na exposição) e uma outra obra inacabada que é atribuída a ele. A Capela Sistina e a Capela Paulina são esses dois grandes monumentos da pintura mural ou de afresco”, explica Marques Filho.
A capela
A Sistina é uma capela situada no Vaticano e é famosa por sua decoração em afrescos. As primeiros pinturas foram feitas nas laterais da capela e retratam figuras bíblicas. De um lado, eles representam a vida de Moisés; do outro, Jesus Cristo. “Estão lá (obras de) Boticelli, Perugino, Cosimo Rosselli, Lucas Signorelli, grandes pintores florentinos dessa geração”, conta o historiador.
Mas são os afrescos do teto, pintados por Michelangelo, que a fizeram famosa. “A capela tinha um teto que era apenas estrelado. E quando (papa) Júlio II assumiu o poder, ele chamou Michelangelo para fazer o seu túmulo. Mas ele mudou de ideia e o convocou para fazer a abobada da capela. Michelangelo não queria porque nunca tinha feito um afresco na vida, apenas um aprendizado de afresco com o Domenico Ghirlandaio, que também tinha pintado a capela”, explica Marques Filho.
“Michelangelo pintou a abóbada da Capela Sistina entre 1508 e 1512. As partes mais elevadas da abóbada ele pintou em pé, as partes mais rebaixadas pintou deitado. É um trabalho extremamente laborioso. Essa foi a maior superfície pintada da história da pintura ocidental. A abóbada dista 20 m do chão. Ele pintou as figuras projetando como elas seriam percebidas a 20 m de distância, com distorções de perspectiva”, relata o historiador. Em 1535, anos depois de concluir a pintura da abóbada, Michelangelo começou a pintar a parede do altar, conhecida como Juízo Final.
Todo esse trabalho de Michelangelo na capela é reproduzido na exposição, com apresentação detalhada e também muitos textos de apoio, que ajudam o público a entender, por exemplo, a dificuldade que foi pintar as paredes e o teto da Capela Sistina.
Afresco, a técnica
]“O afresco é uma técnica muito complicada. No afresco, você passa a argamassa mais ou menos crespa, de cimento, na parede de tijolo. Depois se desenha com uma técnica chamada sinopia, que é uma espécie de giz. Então se passa mais uma camada de argamassa, mais fina, sobre este desenho, somente na pintura que seria feita naquele dia já que, no afresco, a argamassa precisa estar fresca. Isso significa que ela tem que estar suficientemente seca para não borrar, mas precisa estar suficientemente úmida para que a pintura penetre na parede”, explica.
Toda a grandiosidade dessa obra só poderia ser observada e apreciada, de fato, com uma visita ao Vaticano. Mas a exposição em São Paulo pretende, ao menos, dar um gostinho do que é estar lá. “Foi uma exposição ótima, muito educativa. Achei muito interessante. No Brasil, esse tipo de exposição (imersiva) ainda é novidade”, disse Maria Amélia Martins, que ainda não teve a oportunidade de conhecer o Vaticano.
Já Catia Maria, 67 anos, viveu a experiência de visitar a verdadeira Capela Sistina. “Foi uma experiência fantástica. Só vendo ao vivo mesmo, de onde ele ficava para criar as obras, de onde vinha a inspiração. Ele (Michelangelo) é um monstro sagrado”, disse. “Gosto muito dessas exposições imersivas. Acho bem interessante. O contato com a obra é ainda maior”. (Com Agência Brasil)
Ingressos: gratuito às terças / quartas a sextas a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) / sábados, domingos e feriados a R$ 50,00 (inteira) e R$ 25 (meia). Crianças até 7 anos têm entrada gratuita.