Turismo cultural

BH é quase o dobro de São Paulo em número de ingressos emitidos para shows

Dados são da plataforma Sympla; os eventos culturais já injetam R$ 1, 165 bilhão na economia da capital mineira

Por Paulo Campos
Publicado em 02 de fevereiro de 2023 | 17:18
 
 
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Belo Horizonte encosta em São Paulo em número de shows e já ultrapassa a maior metrópole do país em volume de ingressos emitidos no ano passado. É o que revela um levantamento realizado pela plataforma de vendas de ingressos online Sympla, Em 2022, a capital mineira recebeu 1.600 shows, com uma média de 728 mil ingressos emitidos, contra 1.620 eventos similares na capital paulista, com média de 480 mil ingressos vendidos. Só no estádio do Mineirão, oito grandes shows impactaram quase R$ 7 milhões na economia e foram responsáveis pela venda de 85 mil ingressos no ano passado. 
 
Os dados da Sympla coadunam com cáluclos feitos pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) baseados na métrica da Fundação Getulio Vargas (FGV). Cerca de 166 eventos realizados no estádio de futebol injetaram na economia mineira mais de R$ 1,165 bilhão, ou seja, R$ 13 para cada R$ 1 investido. Segundo Igor Arci, subsecretário de Cultura, os eventos são importantes para geração de emprego e renda. 
 
Segundo Arci, esses eventos impactam tanto a economia global quanto local pelo uso de uma série de serviços agregados, como transporte, alimentação, hotelaria etc. pelos participantes. Para 2023, segundo levantamento, estão previstas 165 grandes atividades culturais, entre elas os festivais Sunvibes/Sunset, Breve, Pandora, Sarará e Planeta Brasil e shows de Skank e Backstreet Boys. 
 

Polêmica no Mineirão

 
O diretor de economia criativa da Secult-MG, José Júnior, utiliza como exemplo o show de Milton Nascimento, ocorrido em novembro do ano passado, no Mineirão, que levou cerca de 60 mil pessoas ao estádio. “Vieram turistas de várias cidades do país e do interior de Minas. O Mineirão não é um espaço autossustentável, não pode viver só de futebol”, polemiza o adjunto de Cultura e Turismo. 
 
Ele lembra que diversas cidades mineiras, como Muriaé e Sete Lagoas, possuem arenas que poderiam ser utilizadas para outras finalidades além do futebol. “É preciso discutir isso, porque é possível conciliar jogos de futebol com outras agendas”, salienta Júnior. Ele afirma que há um projeto na Fapemig para monitorar os grandes eventos para o poder público.
 

Geração de empregos 

 
O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, lembra que, de acordo com dados da Conselho Mundial de Turismo e Viagens (WTTC, na sigla em inglês), nos próximos dez anos, 30% dos empregos mundiais virão do turismo. “Os resultados do setor em Minas apontam para isso. Hoje ocupamos o segundo lugar como destino nacional em atração de viajantes, e nosso carro-chefe é o turismo cultural”, destacou. 
 
O gestor ainda comenta os dados da Sympla: “Os expressivos números divulgados pela Sympla são o coroamento desse trabalho conjunto realizado entre governo, municípios e empresários, para criar o soft power da mineiridade, para fazer de Minas um lugar mundialmente reconhecido pelos eventos culturais, pelo patrimônio histórico, pela cozinha mineira e pelo que temos de melhor, que é acolher lindamente quem nos visita”. 
 

Hotelaria em alta

 
A hotelaria da capital já sente os resultados dos eventos na ocupação dos empreendimentos. Rodrigo Mangerotti, gerente do Novotel BH Savassi, fala que a expectativa para 2023 é de reaquecimento do do setor por conta da gestão profissional da secretaria estadual e da Belotur. 
 
Desde o ano passado, a ocupação do Ouro Minas está em torno de 60% e diária média em torno de R$ 400. “Foi um ano muito bom, que a gente pôde sentir os resultados da privatização do Mineirão e a consolidação do Expominas. Os eventos culturais são muito importantes para Belo Horizonte, e a gente não sabia o quanto eram importantes e como está mudando o turismo da cidade”, salienta a executiva Érica Drumond, CEO do hotel Ouro Minas Dolce By Wyndham.
 
Érica lembra que Belo Horizonte era uma cidade que funcionava terça, quarta e quinta para o turismo de negócios e esvaziava na sexta, no sábado e no domingo. Toda vez que o Mineirão, enfatiza ela, tem uma grande atração, a hotelaria fica cheia. “Foi bom que terminou a sazonalidade. E o belo-horizontinos, os mineiros, também começaram a prestigiar sua cidade, seu Estado. Essa é uma mudança de perfil do viajante em vários destinos, inclusive Belo Horizonte, uma herança da pandemia”, pontua.
 
Shows no Mineirão/Custo e impacto na economia
 
1. Festival Sunvites/Sunset: custo de 800 mil, impacto de R$ 10,4 milhões
2. Planeta Brasil: custo de R$ 800 mil, impacto de R$ 10,4 milhões
3. BH Festival: custo de R$ 800 mil, impacto de R$ 10,4 milhões
4. Pandora Festival: custo de R$ 500 mil, impacto de R$ 6,5 milhões
5. Festival Sarará: custo de R$ 500 mil, impacto de R$ 6,5 milhões
6. Rap Game Festival: custo de R$ 350 mil, impacto de 4,5 milhões
7. Breve Festival: custo de R$ 220 mil, impacto de R$ 2,8 milhões
8. Festival Churrasqueadas: custo de R$ 220 mil, impacto de R$ 2,8 milhões
 
Média de impacto total na economia em cada grande evento: R$ 540 mil (média de cada evento), impacto de R$ 7.020.000,00
 
Impacto dos 155 eventos no Mineirão: R$ 89.640.000,00
Impacto de show e eventos culturais na cidade: R$ 1.165.320.000,00
 
Fonte: Secult-MG baseado em métrica da Fundação Getúlio Vargas
 
 

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