Dos anos 70 do século XIX até o final do século XX, Buenos Aires viveu a Bélle Epoque, uma época de expansão. A cidade foi pensada aos moldes das metrópoles europeias, inspirando-se especialmente em Paris, com a sua arquitetura marcada pelas influências francesa e inglesa. O formato geométrico é de um tabuleiro de xadrez, como nas demais cidades coloniais latino-americanas: uma espaçosa praça no centro, cercada por quadras de igual tamanho.
Uma dúvida ainda persiste é em relação às datas de fundação: a primeira aconteceu em 1536, pelo espanhol Pedro de Mendoza, com o nome de Puerto de Nuestra Señora Sana María del Buen Aire; a segunda foi em 1583, por Juan de Garay, com expedição procedente do Paraguai, também por ordens do rei Carlos I, da Espanha. A expansão da cidade se deu nos anos 1870 com a abertura do porto, hoje revitalizado e transformado em uma área moderna e gastronômica, a região de Puerto Madero.
Conta a guia Paula Farícia que, em 883, quando Torcuato de Alvear foi confirmado como primeiro intendente da capital — ele também está enterrado no Cemitério de Recoleta — por dois períodos consecutivos (1883-1885 e 1885-1887), ele levou a cabo a transformação da cidade, abrindo os bulevares. No centro, surgiu a avenida de Mayo. Já o Paseo Palermo se aproximava do desenho da parisiense Bois de Boulogne e suas largas avenidas.
Em nome da modernidade, o mais famoso cartão-postal de Buenos Aires é amado e odiado pelos portenhos. O Obelisco, no cruzamento das avenidas 9 de Julho e Corrientes, ainda é uma história mal-resolvida na cabeça de muitos moradores: há desde críticas estéticas às religiosas. Para a construção do símbolo projetado por Alberto Prebisch, um dos principais arquitetos modernistas do país, foi preciso demolir (e transferir) a igreja de São Nicolau de Bari para outro bairro.