Roteiro

Circuito Cultural se expande e ultrapassa fronteiras da praça da Liberdade em BH

Decreto devolve gestão do conjunto à Secult, que quer criar rotas de turismo a partir dele na capital e região metropolitana; novidade será lançada nesta quinta-feira (29)

Por Paulo Campos
Publicado em 28 de outubro de 2020 | 19:47
 
 
 
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Nesta quinta-feira, às 14h, no Museu das Minas e do Metal (MM Gerdau), a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) apresenta a nova proposta do Circuito Liberdade, um conjunto integrado de espaços culturais em torno da praça da Liberdade e estabelecidos com base em parcerias público-privadas em 2010. Decreto do governador Romeu Zema retira, a partir desta quinta-feira, a gestão do circuito do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) e a repassa à Secult, ampliando sua abrangência além das fronteiras do cartão-postal e incluindo toda a área delimitada pela avenida do Contorno. 

Em entrevista ao Turismo, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, fala da proposta do novo Circuito Liberdade e sua interface com os dois segmentos, da transferência da Fundação Nacional de Arte (Funarte) e da Escola Nacional de Circo para o prédio Rainha da Sucata, da revitalização do Palácio da Liberdade e das novas rotas turísticas que serão criadas na capital mineira e na região metropolitana a partir do novo circuito, entre elas Liberdade-Pampulha e Liberdade-Inhotim.

Como vai funcionar o Circuito Liberdade?
Temos no interior de Minas os circuitos turísticos organizados. Na capital mineira, no diagnóstico que a Secult fez do posicionamento turístico do Circuito Cultural Liberdade, vimos a necessidade dele se tornar também um produto turístico mais bem-posicionado. O decreto que existe deixa situações conflitantes. Ele tirou a gestão do circuito da Secult e passou para o Iepha-MG. Só que o Iepha-MG é um órgão regulador e de salvaguarda do patrimônio cultural e artístico de Minas e não promotor de arte e cultura. É até um problema estatutário: como ele pode promover eventos na praça ou nos espaços se possui o papel de defender sua preservação? Atividades artísticas devem estar juntas do patrimônio, mas a cada órgão cabe cumprir sua finalidade. Com esse novo decreto, o Circuito Cultural Praça da Liberdade volta para a Secult e será administrado pela Superintendência de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais, ou seja, no lugar onde estão já todas as ações desenvolvidas no circuito. Percebemos também que, no início, o circuito era somente a praça da Liberdade e com o tempo foram anexados outros espaços, como BDMG e Centro de Arte Popular (CAP), portanto, já não temos mais o desenho original. O novo Circuito Liberdade muda também essa definição da área de abrangência, incluindo agora todo o território definido pelo projeto original da cidade feito por Aarão Reis, de 1896. 

Quais os equipamentos podem fazer parte do novo circuito?
Entram então os equipamentos dentro da avenida do Contorno, como Palácio das Artes e Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Também existe o desejo do circuito de conversar mais com a cidade, sobretudo com a economia criativa, de colocar as áreas do hipercentro, Savassi, rota gastronômica de Lourdes, cozinha mineira e o polo de moda do Barro Preto, enfim, os arranjos criativos da cidade. Assim, fomentamos a cultura de forma mais ampla e criamos rotas turísticas dentro do Circuito Liberdade. Isso para começar a comercializar esses produtos de forma organizada e competitiva. Eu me surpreendi quando percebi que Belo Horizonte não tem uma rota turística com força de decreto governamental.  

Belo Horizonte terá uma rota turística?
Sim, primeiro vamos organizar as rotas em Belo Horizonte, depois na área metropolitana. O cenário hoje não é bom. O Observatório do Turismo, da Secult, tem dados em que os destinos turísticos do interior estão, em sua maioria, com 100% de ocupação neste momento, e Belo Horizonte na casa dos 30%. Cerca de 40% das empresas do setor e também do comércio na capital fecharam, então é preciso estruturar políticas públicas para a retomada econômica e, no nosso caso, tendo o turismo e a cultura como eixos, visto que em Minas Gerais 70% de nosso turismo é cultural, segundo dados do IBGE. Belo Horizonte insiste em se posicionar como turismo de negócios e eventos, isso é importante, no entanto, com o advento das lives, estudos apontam uma forte tendência ao turismo de experiência, e nisso nossa capital sai na frente, pois a experiência cultural é vocação nata da capital. Isso é papel do governo.

A Secult pretende incluir equipamentos hoje gerenciados pela iniciativa privada como, por exemplo, o Cine Theatro Brasil Vallourec?
Após o decreto governamental organizaremos diversas rotas turísticas na área central, contribuindo para sua revitalização. Vamos conversar com os demais espaços culturais e fazermos um chamamento para ver quem quiser entrar para o Circuito Liberdade. Acredito que vamos ter grande adesão, pois todos que conversei estão animados, incluindo Sesc, Fiemg, Mineiraria. Também estão presentes no circuito os maiores patrocinadores da cultura em Minas, é preciso colocar todos para conversar no comitê executivo. E o mais importante: ganhamos todos, ganha a cidade na sua qualidade de vida e na geração de emprego e renda.

Como estão as negociações para a transferência da Fundação Nacional de Artes (Funarte) para o prédio Rainha da Sucata?

Além do Circuito da Liberdade, estamos captando a sinalização, junto ao Ministério do Turismo, para todas as rotas, de forma especial na conexão com o aeroporto de Confins e a rodoviária, pois há anos perdemos o Terminal Turístico JK.  A rodoviária então abrigará nosso terminal turístico central. Uma negociação adiantada é trazer a Fundação Nacional de Artes, a Funarte, e a Escola Nacional de Circo para o prédio Rainha da Sucata. Vamos em breve lançar uma PMI para que empresas interessadas em ocupar os prédios ociosos do circuito, para que apresentem propostas de ocupação. A criação do novo Circuito Liberdade anuncia então, desde já, a reestruturação dos espaços e novas parcerias.

Há também rotas para Pampulha, hoje Patrimônio Mundial da Humanidade, mas que está fora da avenida do Contorno?
No Circuito turístico Liberdade, criado no decreto, teremos inicialmente duas rotas: Liberdade-Pampulha e Liberdade-Inhotim. Está em estudo com a Cemig, que se interessa muito em trazer para o transporte da capital a sustentabilidade, a instalação de ônibus turísticos elétricos nesses circuitos. Mas não só essas rotas, pensamos ainda em criar outras, como da cozinha mineira, do polo de moda, das pedras semipreciosas, de literatura, ou seja, abraçando a economia criativa como um ativo importante para a revitalização da área central. Queremos também abrir o Palácio da Liberdade à visitação até o final deste ano. O investimento para sua revitalização é em torno de R$ 1,5 milhão, já captados junto à Copasa, que terá também papel fundamental nessa reestruturação.

De onde virão os recursos para implementar todas essas ações?
Para a promoção das rotas, temos assinado convênio de R$ 3 milhões com o Ministério do Turismo para esse fim. Juntando os novos patrocínios da Copasa e Cemig, chegamos a um total de R$ 8,5 milhões.

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