No fundo do mar

De turista a protetor dos corais: uma história de mudança em Porto de Galinhas

Corais sofrem com o aumento da temperatura nos oceanos; startup cria passeios para criar consciência ambiental na comunidade e nos turistas

Por Paulo Campos
Publicado em 15 de maio de 2023 | 20:39
 
 
 
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Desde setembro do ano passado, uma nova experiência de turismo é oferecida aos visitantes em Porto de Galinhas. Trata-se da Biofábrica de Corais, que tenta despertar a consciência para a preserção dos corais. Ela é desenvolvida pela startup de restauração recifal, que tenta associar a restauração de corais com o turismo ambiental.

"Desenvolvemos uma  tecnologia, uma abordagem e ensinamos a comunidade a utilizar esse dispositico e participar das etapas do manejo. Por sua vez, a comunidade envolve os turistas. A gente tenta dar escala para nosso trabalho, recuperar mais corais e gerar renda para as pessoas", explica o engenheiro de pesca Rudã Fernandes, também CEO do startup.


Recifes de corais nas piscinas naturais de Porto de Galinhas
 

Os corais são, segundo os pesquisadores, as "florestas do oceano", tal sua riqueza e diversidade. Tudo isso está, no entanto, ameaçado pelo aumento da temperatura dos oceanos, segundo estudo climático realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Até 2050, se os governos não reverterem essa situação, 90% dos corais podem desaparecer dos oceanos.

Hoje, cerca de 1/4 das espécies marinhas dependem dos corais para se abrigar, se reproduzir e se alimentar. Em Porto de Galinhas, por exemplo, já foi registrado o "branqueamento dos corais". Por esse motivo, os pesquisadores da Biofábrica resolveram convocar mergulhadores, nadadeiros, empresas e voluntários para ajudar na recuperação.

Tubos de PVC formam as mesas, como se fossem os canteiros de uma plantação
 

Na Biofábrica, pedaços de corais encontrados no fundo do mar são plantados em berços de material biodegradável. O trabalho é feito em uma piscina natural, onde o turista vai de jangada e pode participar da experiência. Esses pedaços são plantados em berçários de material biodegradável, em mesa feitas com tubos de PVC, sob medida para cada espécie.

"No momento, temos quatro experiências de turismo regenerativo, onde o turista pode fazer flutuação de snorkel, mergulho com cilindro, ensaios fotográficos ou simplesmente plantar seus corais conosco, visitando as áreas de cultivo e vendo as etapas de nosso trabalho", conta Fernandes. O laboratório flutuante na piscina é o ponto de apoio.

Turista faz flutuação em área de berçário
 

Nas atividades pré-jornada, a pessoa compra o passeio, recebe o e-mail de confirmação, repassa informações para contratação de um seguro e reserva dos equipamentos de mergulho. No dia, ela é recepcionada em um dos parceiros, recebe um briefing sobre mudança climáticas e de segurança sobre a atividade.

Na sequência, o visitante faz um passeio de jangada e segue para as piscinas, onde faz flutuação, mergulho ou ensaio fotográfico. Depois, na base flutuante, monta os corais com a equipe da Biofábrica. Se quiser ainda pode ajudar a leva a mesa para devolver à natureza.

Turista planta coral
 

Em um prazo de três meses, os corais podem ser reconectados ao oceano. Segundo Rudã Fernandes, cerca de 80% dos corais conseguem rebrotar. Até agora, a Biofábrica de Corais já recuperou 2.000 fragmentos de corais com essa metodologia, que pode inclusive ser replicada em outros cantos do oceano.

O passeio custa a partir de R$ 200 (Despertar Coralíneo), a partir de R$ 300 (Propósito Recifal), a partir de R$ 900 (Imersão Oceânica) e a partir de R$ 1.200 (Libedade Azul). Acesse Biofábrica de Corais ou ligue (81) 99973-4029.

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