Sul de Minas

Descubra a cidade com a água mais pura do mundo; confira 5 atrações

Destino turístico tem belezas históricas e naturais na área urbana e oferece e oferece 16 novos roteiros para o visitante

Por Paulo Campos
Publicado em 14 de agosto de 2023 | 17:11
 
 
 
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Toda semana, há mais de 30 anos, Mack Baião de Carvalho, 42, cumpre um ritual: vai encher seus vasilhames e garrafas PET na Dona Leopoldina, uma das 12 fontes de águas com propriedades medicinais e terapêuticas do Parque das Águas Doutor Lizandro Carneiro Guimarães, principal cartão-postal de Caxambu, no Sul de Minas. “Desde pequeno faço isso. Meu avô pegava, meu pai também. Essa água é boa para ingestão, para vesícula”, conta. 

Mack Baião de Carvalho colhe água na Fonte Dona Leopoldina há mais de 30 anos

Essa maneira das pessoas de coletar e usar a água do parque, e de forma gratuita, é Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado desde 2021 e levou o secretário municipal de Turismo, Filipe Condé Alves, a participar da Conferência da Água, em março deste ano, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA). Alves foi apresentar o projeto Água e Patrimônio, que visa proteger as águas minerais da cidade como elemento cultural. 

Mas Alves quer ir além: transformar Caxambu no primeiro geoparque líquido do mundo reconhecido pela ONU. “Essa conferência foi uma oportunidade de dar visibilidade a Caxambu em nível mundial. A cidade está muito preocupada com o meio ambiente. Criamos a Área de Proteção Ambiental (APA) das Águas Minerais e o Monumento Natural do Morro do Caxambu e estamos nos preparando para diversificar nossa oferta turística, utilizando a cultura para proteger nossos bens imateriais, como esse uso e coleta da água”, afirma. 

A escultura

Água não é só bem imaterial na cidade, mas um produto turístico importante para a economia do município, que integra o Circuito das Águas, ao lado de outras 13 cidades. Diariamente, ônibus lotados de turistas aportam em hotéis, como o Glória, em busca dessas águas “milagrosas”. O destino turístico da serra da Mantiqueira fez fama com as águas em 1868: reza a lenda que a princesa Isabel foi à cidade para um tratamento de saúde. A visita não pode ser confirmada historicamente, mas a princesa teria com certeza bebido da água.

Para garantir um movimento constante de turistas na cidade, a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), atual gestora do parque, está em fase de estudos da melhor modelagem possível de gestão e operação do equipamento, e em breve deve lançar novo edital de licitação para conceder sua administração à iniciativa privada. Hoje, quem visita o local fica estarrecido com o abandono e o descaso.

Para o diretor-presidente da Codemge, Thiago Toscano, a concessão visa garantir a conservação e melhoria dos serviços, uma vez que o local passe a ser melhor administrado por um gestor com expertise em parques e balneários, e que os recursos atualmente despendidos com a manutenção, poderiam ser melhor destinados ao Estado para aplicação em políticas de educação, saúde e segurança.

O morro do Caxambu visto do Parque das Águas
Os lençóis freáticos de Caxambu não fazem parte de nenhum aquífero e ainda não geraram estudos aprofundados. As águas das 12 fontes do parque são carbogasosas e captadas por surgência, um processo natural, em profundidades de 2 km a 6 km, o que garante a cada delas propriedades diferenciadas. “Os moradores e turistas bebem água de 40 mil anos”, destaca Alves. Rica em minerais como cálcio, magnésio e potássio, a água mineral de Caxambu é reconhecida como uma das mais puras do mundo e é engarrafada no próprio Parque das Águas. 


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Os cinco principais atrativos de Caxambu 

 1 – Parque das Águas 

A alameda dos plâtanos, plantados a pedido da Princesa Isabel para imitar a avenida Champs Élysees, em Paris

Para entrar no parque, o turista paga uma taxa simbólica de R$ 5 e pode percorrer um circuito de fontes. O tour começa na Alameda dos Plátanos, árvores exuberantes plantadas a pedido da princesa Isabel, para imitar a avenida Champs-Élysées, em Paris. Nos 210 mil m², há fontes com estruturas arquitetônicas, gêiser, coreto, belas esculturas, como a Ninfa do Lago, pista de cooper, ringue de patinação, hoje transformado em local para eventos, e o Balneário Hidroterápico. 

Para percorrer o parque e descobrir as curiosidades sobre as fontes de água, recomenda-se contratar um dos 16 guias da cidade inscritos no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo. Eles cobram, em média, R$ 75 a R$ 100 por dia. Nossa visita foi guiada por Ana Cristina Ribeiro. 

Fonte Princesa Isabeçl e Conde D'Eu: reza a lenda que Princesa Isabel teria bebido da água e engravidado

O percurso começa na fonte Princesa Isabel e Conde D’Eu (reza a lenda que a princesa fez uso das águas dessa uma fonte ferruginosa para curar uma suposta infertilidade, quando, na verdade, tinha anemia). Seguem-se as fontes Dona Leopoldina (ótima para digestão) e Viotti (boa para tratar cálculos renais, em homenagem ao doutor Polycarpo Rodrigues Viotti, o primeiro a valorizar cientificamente as águas minerais). 

A Fonte Dom Pedro, a mais bonita do complexo, com a réplica da coroa

A parada obrigatória é na fonte Dom Pedro, a mais bonita e antiga do parque, bem ao lado do Balneário Hidroterápico. Erguida em estilo greco-romano, ela tem como destaque uma curiosa réplica de coroa em cima de uma pilastra de mármore, cenário construído nos anos 1960 e hoje totalmente instagramável. Sua água carbogasosa é considerada gourmet, boa para mesa por ser digestiva. 

Fonte Duque de Sax: sobriedade nas cores e ornamentação

Uma das fontes com construção arquitetônica com mais sobriedade nas cores e ornamentação é a Duque de Sax, com águas indicadas para o fígado e a vesícula biliar. Em um mesmo local estão as fontes Mayrink. A edificação, já descaracterizada por intervenções, é inspirada no Arco do Triunfo, em Paris. De três bicas jorram águas distintas: a Mayrink I é indicada para a garganta; a Mayrink 2, como colírio para os olhos; a Mayrink 3 é a única do parque neutra e sem gás, usada para engarrafamento. 

Fonte venâncio: homenagem a um morador que dedicou sua viada ao Parque das Águas

A fonte Venâncio, boa para o sistema cardiovascular, é uma homenagem a um caxambuense que dedicou parte de sua vida ao Parque das Águas). A última fonte a ser visitada é uma homenagem à imperatriz Teresa Cristina, porém mudou de nome para prestigiar Ernestina Guedes, de uma família local. É considerada boa para curar infecções da pele. Localizado próximo ao lago, o gêiser Floriano de Lemos jorra água mineral sulfurosa. A pressão do gás é tão alta que a fonte “explode”, formando uma coluna de água mineral de até 8 m de altura. Se você der sorte, pode presenciar o fenômeno natural. O horário mais provável é por volta das 10h30. 

Cascatinha, obra de Chico Cascateiro no Parque das Águas

Pelo parque ainda podem se ver obras do português Francisco da Silva Reis, conhecido como “Chico Cascateiro”, como a Cascatinha. Muitos de seus trabalhos podem ser apreciados em praças da cidade. O artista esculpiu em argamassa troncos, cipós, pedras e galhos imitando a natureza. 

2 – Mirante do morro Caxambu e teleférico 

Teléferico leva até o alto do morro do Caxambu

O segundo ponto turístico de Caxambu reserva um frio na barriga para quem tem acrofobia. Vale a máxima: não subir o morro Caxambu é como ir ao Rio de Janeiro e não visitar o Cristo Redentor. O mirante mais alto da cidade, com 1.090 m de altitude, pode ser acessado por teleférico, a R$ 25 o ingresso, num percurso de 15 minutos sobre lago e matas, ou pela trilha Caminho das Águas, de 1 km. O conselho é: subir pelo teleférico e voltar pela trilha. 

Vista panorâmica da cidade do alto do morro de Caxambu

Do alto do morro estão um cruzeiro, que à noite, iluminado, pode ser visto de qualquer ponto da cidade, uma estátua do Cristo Redentor, um restaurante e uma loja de suvenires. O local é recomendado para observar o pôr do sol. A vista privilegiada em 360° dá uma ideia da cidade como um todo e da serra da Mantiqueira. Em dias com céu limpo, ainda é possível avistar Baependi, a 3 km de Caxambu, e o Bico do Papagaio, o ponto mais alto da região. 

 3 - Balneário Hidroterápico 

O belíssimo prédio do Balneário Hidroterápico
  
O prédio mais imponente do Parque das Águas é um capítulo à parte. Impressiona pela harmonia e beleza: linhas greco-romanas, azulejos ingleses e vitrais franceses. O atendimento no balneário é personalizado e com hora marcada. Entre os tratamentos oferecidos estão diversos tipos de massagens, entre elas ayurvédica, tailandesa e shiatsu, drenagem linfática, massoterapia, cromoterapia, bambuterapia, reflexologia, processos faciais e terapias holísticas, como reiki. Após o tratamento, o visitante pode usufruir da piscina aquecida adulta (R$ 50) e infantil (R$ 30), alugando toalha de banho (R$ 12) e roupão (R$ 15). Há, ainda, banhos e duchas. Os preços variam entre R$ 35 e R$ 130 por pessoa. 

Em cabines individuais, o visitate faz uma imersão na água, em tratamentos como banhos aromáticos

A imersão nas águas é uma das propostas do balneário. O aposentado Dilton Silva, 62, escolheu o banho aromático com óleos essenciais e sais, que dura cerca de 20 minutos. “Me chamou atenção o cuidado. Há um profissional de enfermagem encarregado de medir a pressão arterial antes da terapia. Lá dentro, outro funcionário prepara a banheira, dá as orientações de como se portar dentro do equipamento e controla o tempo de permanência. Também tirei um tempo para conhecer o prédio onde ficam as termas, que é belíssimo”. 

4 - Igreja de Santa Isabel da Hungria 

A igreja em estilo gótico de Santa Isabel de Hungria, de 1897

No alto de uma colina, a igreja mais famosa de Caxambu foi erguida em 1868, a pedido da princesa Isabel, para cumprir a promessa de curar sua infertilidade, feita à sua santa de devoção. Ela, no entanto, nunca teria ido à cidade para sua inauguração. A edificação de estilo neogótico contrasta com o clássico dos demais prédios da época. Inaugurada em 1897, possui um altar simples e feito em madeira trabalhada e uma imagem de santa Isabel da Hungria. Desde 1978, é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG). Um dos acessos é por uma escadaria de 126 degraus. 

5 - Museu de Caxambu 

O Museu de Caxambu exibe a exposição

O museu tem um patrimônio histórico relativamente preservado. O antigo cinema está de pé na praça 15 de Setembro, exibindo um cartaz do filme “Barbie”. A história também é recontada na exposição “Uma Luz na História”, no Museu de Caxambu, por meio de fotografias em preto e branco de várias edificações e do mobiliário de época. Um desses prédios históricos emblemáticos é o Hotel Glória Caxambu, em frente ao Parque das Águas. Belíssima construção de influência espanhola, é um registro vivo da história da cidade.


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