Com o projeto de ampliar a rede no Brasil, o presidente da portuguesa Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, estuda a viabilidade em outros Estados, além do Ceará. Ele ainda fala sobre a atual crise econômica, apostando no mercado turístico interno brasileiro para continuar seus investimentos.
Na sua opinião, o que impede o Brasil de atrair um maior volume de turistas estrangeiros?
Eu creio que o Brasil ainda apresenta muita dificuldade no transporte aéreo. É preciso criar condições para se ter mais vôos, assim companhias aéreas low cost, para facilitar o trânsito dos turistas no país. O preço é caro para uma qualidade que não é maravilhosa.
Há dois anos, o então ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, falou da pretensão do Ministério de elevar os atuais 5 milhões de turistas estrangeiros que o país recebe para 9 milhões, em cinco anos. É possível atingir tal meta?
O Brasil é um país animado, divertido, com muitas riquezas naturais. E tem cultura; não é apenas sol e praia. Só precisa ter player para atrair vôos charter da Europa, assim como melhor divulgar o país lá fora. Seria interessante, inclusive, usar a popularidade dos jogadores de futebol para isso. O que também não pode acontecer é emissora brasileira de televisão mostrar ao mundo que aqui é um faroeste. Eu já fui assaltado na Itália e na Espanha, por exemplo, mas ninguém lá mostra esses episódios. É preciso muito cuidado para não se passar uma imagem negativa do país.
Com tantos mercados mais promissores, a exemplo da vizinha Espanha, que recebe anualmente cerca de 155 milhões de turistas, por que escolheu o Brasil na hora de internacionalizar a rede hoteleira Vila Galé?
Primeiro porque eu gosto muito do país sou de uma geração que cresceu influenciada pela cultura brasileira, com a manifestação, sobretudo na música, dos ativistas políticos perseguidos pelo regime. Depois, é um país de língua portuguesa e, por fim, o Brasil tem bastante espaço e potencial para crescer, vindo a consolidar- se como um dos principais destinos mundiais.
Nesse momento de crise, não é temerário tocar um empreendimento da envergadura do Cumbuco Golf Resort?
Vivemos uma situação atípica na economia e, por isso, é necessário um pouco de loucura e esforço para ultrapassar a crise. Eu também entendo que é a hora de se dar valor aos produtos que criam riqueza física e geram empregos. Sem contar que o Ceará tem tudo para dar certo no turismo, pois é um Estado apto a se beneficiar do mercado turístico.