Com cerca de 10 mil habitantes, Prados é uma cidade compacta e fácil de circular: o principal acesso ao centro histórico é pela rua Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, onde se enfileiram lojinhas e ateliês de artesanato, uma tradição passada de pai para filho, de geração a geração, há mais de 70 anos.
O artesanato surgiu na cidade na década de 60 com a família Julião e se tornou uma marca registrada do município. No ateliê Arte Chagas, o lavrador Pedro Chagas, 62, repassou aos quatro filhos a arte aprendida com Itamar de Pádua Lisboa. As primeiras peças eram cavalinhos de madeira.
Na lojinha abarrotada de peças de madeira até o teto, o ateliê funciona no porão. A temática é religiosa, animais, marítima e utilitários, entre outros, e toda produção utiliza de madeiras de reflorestamento, como maçaranduba, cedro, pinus e peroba. O preço varia de R$ 0,60 a R$ 880.
O lavrador conta que, durante a entressafra, buscou no artesanato uma forma de trabalho e renda. “Eu colocava os cavalinhos de madeira que produzia no balaio, ia para Tiradentes e vendia na praça”, conta. O negócio deu tão certo que ele, além de descobrir um ofício novo, montou duas lojas de artesanato.
Arte em ferro
Lourival Silva Filho, 53, o “Vavá”, da Art Fer (@art_ferdecor) produz peças em ferro, de cabides (R$ 12) a lareiras (R$ 4.500). Nascido e criado em Prados, já transitou por inúmeras atividades antes de enveredar pelo artesanato: foi queijeiro, dono de pizzaria e mercearia e até trombonista.
Hoje, Vavá é dono de uma fábrica de móveis em Lagoa Dourada, município vizinho, e produz cerca 2.OOO banquetas por dia. Quase toda sua produção é vendida no atacado para outros Estados ou países, como Portugal. “A diferença do artesanato só aconteceu de oito anos para cá”, enfatiza.
Essa é a explicação mais plausível para as lojas de artesanato da cidade fecharem as portas muito cedo nos finais de semana, aos sábados, por volta das 13h, e não abrirem aos domingos, frustrando o turista. Diferentemente de Tiradentes, Prados ainda não tem estrutura nem consciência turística muito grande.
Onde se hospedar
Além do artesanato, Vavá adquiriu a pousada Vivenda Letícia, hoje um dos poucos meios de hospedagem da cidade. Na imensa e aprazível área integrada à natureza, com vista para a serra de São José, ele oferece 16 apartamentos e muita hospitalidade. As diárias estão em torno de R$ 90. Para o futuro, planeja construir 13 chalés e uma piscina.
A pousada tem um restaurante terceirizado, o Katracas, que serve desde hambúrgueres (entre R$ 8 e R$ 20), porções (entre R$ 25 e R$ 60), pizza (entre R$ 32 e R$ 54), caldos (R15) e massas (R$ 20) a preços muito convidativos. É um dos dois restaurantes da cidade abertos à noite.
Vila Carassa
A cidade tem um número expressivo de artesãos – cerca de 700 famílias vivem da atividade em Prados. Itamar Inácio de Pádua, ou Itamar Julião, é um nome emblemático na cidade. Ele criou há cerca de 30 anos a Vila Carassa, a 3 km do centro. O espaço reúne um grupo de 15 artesãos que trabalham a arte de esculpir em madeira.
Encantado com os leões do circo, ele esculpiu o primeiro leão quando ainda era pequeno. Depois disso, criou uma marca registrada e foi seguido por muitos outros artesãos. Hoje, é comum encontrar os leões gigantes nas lojas e ateliês da cidade. Na Vila Carassa, os irmãos Jose Augusto, o “Guto”, e Tiago da Silva, que prefere ser chamado de Tiago “Carassa” mantêm a tradição.
Guto entalha os famigerados leões em um dos galpões e vende a escultura produzida com madeira angelim a partir de R$ 15 mil. “Sempre tem alguém que procura”, afirma. De frente para seu galpão, o irmão Tiago conta que “trocou a roça pela escultura, porque os ganhos são maiores”. Boa parte do tempo, eles ficam à espera da chegada dos clientes.
Bichinho
Mais famoso que a Vila Carassa, o distrito de Vitoriano Veloso, ou Bichinho, como é mais conhecido, pode acessado a partir de Prado por 12 km em uma estrada de terra e traz um resumo do trabalho artesanal produzido nessa região. A visita tem três paradas obrigatórias: a Oficina de Agosto, a Casa Torta e o Museu do Automóvel.
Tiago Carassa é um dos aprenderam a técnica de esculpir e comercializou sua produção na Oficina de Agosto, um espaço aberto à formação profissional.
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Para saber mais sobre Prados, acesse o portal PradosMG.
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