Para se encantar

A tradição diz que Monte Verde, o pedaço mineiro da serra da Mantiqueira, é destino de inverno de casais paulistas. Mas essa cantilena está desatualizada. Coberto de pinheiros, eucaliptos e araucárias por todos os lados, o povoado do Sul de Minas também recebe famílias e ecoturistas em todas as épocas do ano. Mais mineiros também têm descoberto Monte Verde como destino para estadias mais prolongadas, e não apenas de bate-volta como costumam fazer os paulistas.

São o clima europeu e a natureza deslumbrante que atraem turistas ao vilarejo mineiro, de 4.000 habitantes. Encravado a 1.500 m de altitude, o distrito de Camanducaia tem neblina matutina corriqueira, que, ao se desvanecer, revela vistas panorâmicas dos 650 ha em Área de Proteção Ambiental.

A partir das charmosas pousadas que se agrupam no entorno do compacto centrinho, o turista pode se infiltrar na Mata Atlântica preservada. Os caminhos e os descaminhos escondem bromélias e outras flores nativas e árvores de mais de 300 anos. Com um pouco de sorte e um bocado de silêncio, dá para observar aves e animais silvestres, como esquilos, veados, tucanos e beija-flores.

Panorâmicas

Os picos da região oferecem mirantes incríveis. A escalada mais popular, em torno de 40 minutos, leva ao topo da Pedra Redonda, de 1.900 m de altitude. De lá, a vista alcança 360°, e, em dias claros, é possível ver o vale do Paraíba. No Chapéu do Bispo, também de 1.900 m, pratica-se rapel.

Para os mais aventureiros, há outras opções de trekking. Acessar o cume da Pedra Partida exige atravessar uma estreita picada de 90 minutos (só subida) na crista da serra, com penhascos de até mil metros de altura e o topo a 2.040 m. Outros trajetos que exigem maior preparo são o pico da Onça, que passa pela floresta dos Duendes, e o Selado, platô mais alto do Sul de Minas, com 2.082 m. Recomenda-se contratar um guia.

O ecoturismo ainda passa pelo Circuito Fazenda Radical, a 7 km da vila. Ponto alto para a megatirolesa, de 75 m de altura e 475 m de extensão, uma das mais longas do país. Outro destaque é a corrida de quadriciclo em um sinuoso trajeto de 13 km por ladeiras e muita lama. A criançada ainda pode se divertir com arco e flecha, parede de escalada e arvorismo nas copas das árvores.

As corredeiras do rio Jaguari são um convite à prática de rafting e boia-cross, assim como a cascata Siriema, de 5 m de altura. Excursões de jipe, moto, cavalo e bicicleta são ótimas para explorar os arredores. Na área urbana, a pista de patinação no gelo é diversão garantida para quem se arrisca a levar uns tombos.

História
Origem. Embora Monte Verde seja chamada de “Suíça Brasileira”, seu povoamento remete ao casal Vernier e Emilia Grinberg, que adquiriu as primeiras terras, vindo da Letônia em 1910.

Vilarejo

Centrinho oferece opções de compras

A avenida Monte Verde é a principal referência da simpática vila. É ali, no raro trecho asfaltado, que a maioria dos bares e dos restaurantes se enfileiram e onde os turistas se cruzam nos intervalos das expedições à natureza. Mas não se assuste se, durante a visita, for surpreendido por esquilos, habitués dos estabelecimentos.

Caminhar sem pressa pelas lojinhas é boa pedida para compras de roupas e acessórios, queijos, compotas, patchwork e artesanato, além de sabonetes nas lojas Alpina. Na galeria Shopping Celeiro, pergunte pela loja do “Homem do Tempo”, como é conhecido o comerciante Nelson Tavares Pacheco Jr., que comercializa termômetros e cucos.

Fora do miolo da avenida, visite o ateliê Unger’s Pottery House, da artista paulista Paula Hunger, que, além de trabalhos autorais, abriga peças de arte contemporânea e decorativa. Já o Ateliê do Lelé oferece peças mais populares, como travessas, moringas e canecas. Flores e mudas da região são encontradas no orquidário MV.