A Itália é um dos destinos mais populares do mundo, recebendo mais de 1 milhão de visitantes brasileiros por ano. A maioria se concentra nas imponentes cidades de Roma, Milão e Veneza ou explora o charme da região da Toscana e o impressionante litoral da Costa Amalfitana, mas ainda há muitos cantos desse país que só agora vêm sendo descobertos pelos nossos conterrâneos.
Comumente descrita como “o salto da bota”, fazendo uma analogia ao formato do mapa italiano, a região da Puglia vem despertando o interesse de quem busca uma Itália autêntica e parada no tempo. Mesmo na maior cidade da região, Bari, as ruelas de Bari Vecchia (o centro antigo) são tomadas por senhoras fazendo à mão o orecchietti, a tradicional massa da região, na porta de casa. A cidade é o acesso para quem chega de trem ou avião à região.
Os 50 km que separam Bari de Savelletri di Fasano, onde estão os melhores hotéis da região, já revelam o jeito rural e pacato da Puglia. As estradas são bordeadas de oliveiras (40% da produção italiana de azeite de oliva vem da região). Os pugliesi orgulhosamente repetem que são mais de 60 milhões de oliveiras – só no salto da bota, daria uma para cada cidadão italiano. As fazendas de vinho ou azeite são chamadas de masserias, com casarões de estilo bem marcante, quadradas, austeras, com linhas retas e paredes rústicas de pedra ou caiadas de branco. Com o crescimento do turismo na região, muitas delas vêm se convertendo em hotéis de charme.
Um dos maiores destaques é a Masseria San Domenico, com jeitão de fazenda, mas com praia ao lado e um beach club excelente, compartilhado com outro hotel do mesmo dono, o Borgo Egnazia, com estrutura de lazer e vilas reproduzindo um típico vilarejo da região. Recanto de celebridades buscando discrição, foi o local escolhido para o casamento de Justin Timberlake e Jessica Biel. A novidade do ano é a reabertura, em maio de 2019, da Masseria Torre Maizza, uma das mais bonitas, totalmente reformada e com administração do grupo Rocco Forte, responsável por outros hotéis icônicos na Europa.
Nos arredores de Fasano ficam algumas das cidades mais pitorescas da região. Polignano a Mare, com seu casario antigo que se mistura com a falésia e parece que vai cair sobre o mar, é imperdível. Monopoli é menos turística, mas reduto de pescadores e um paraíso para frutos do mar frescos. Alberobello, no interior, é dominada pelas casas trulli, um estilo arquitetônico local, com paredes brancas e tetos cônicos de pedras. O visual é impressionante. Ostuni, mais ao sul, chama atenção pelo casario todo branco no alto da colina. Mais próximo da “ponta do salto da bota” encontra-se Lecce, a segunda maior cidade da região, com uma arquitetura barroca de embasbacar. Essa parte da Puglia se destaca pelos vinhos das castas primitivo di manduria e negroamaro, que disputam espaço com a produção de olivas.
Para quem busca uma Itália em versão rústica e autêntica, a Puglia consegue juntar praias lindas e turismo rural com charme italiano, além de ser um dos berços da gastronomia do país.
Quick Tips
Matera
Itália encontra a Capadócia
Na região de Basilicata, vizinha à Puglia, Matera é uma cidade única. Boa parte das casas é escavadas na rocha das colinas da cidade, e o restante é construído com essa própria pedra, criando um cenário espetacular, que lembra a Capadócia, na Turquia. Em alguns hotéis, como o Sextantio, os hóspedes dormem em quartos-caverna, mas com todo o conforto moderno.
Bernalda
Origem da família Coppola
Há 15 anos, Francis Ford Coppola comprou um palácio histórico na cidade de Bernalda, terra natal de seu avô. Após um cuidadoso trabalho de restauração, o Palazzo Margherita é mais que um hotel, é uma experiência em si. São apenas nove quartos, todos diferentes entre si. O chef do palácio dá aulas de culinária todos os dias, ensinando os hóspedes a prepararem pratos típicos da Basilicata.
Burrata
Tradição em Puglia
Um dos produtos mais tradicionais da região é a burrata, um tipo de muçarela recheada com creme de leite. Valorizado pela sua cremosidade, o queijo tem que ser consumido superfresco. Os laticínios da Puglia começam a produzi-la no meio da madrugada e enviam de avião aos mercados mais refinados de Roma e Milão para que seja consumida no mesmo dia.