Baixo Centro (I)

Turistando no Mercado Novo: descubra o point gastronômico e cultural da cidade

Campanha pretende atrair novos turistas e mostrar o espaço como hub da economia criativa

Por Paulo Campos
Publicado em 23 de janeiro de 2024 | 13:00
 
 
 
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O jornalista e escritor Anthony Bourdain, autor do livro “Kitchen Confidential: Adventures in the Culinary Underbelly”, disse uma vez que “os alimentos têm uma capacidade inigualável para comunicarem a sensação de um lugar” e que era necessário visitar “lugares extremos, do boteco pé-sujo ou da barraca de rua aos mercados e restaurantes mais concorridos” para revelar a “alma” de uma cidade. Em síntese, mercados em várias partes do mundo são atrativos turísticos e uma maneira de descobrir as joias escondidas em um lugar: seus produtos típicos, o que seus moradores compram e comem, seus aromas, seus costumes.

Em Belo Horizonte, o Mercado Central é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade e uma síntese da cultura gastronômica de Minas Gerais. Desde 2018, no entanto, um novo espaço de compras, serviços e entretenimento divide com a antiga feira criada em 1929 a atenção de moradores e turistas. O Mercado Novo, na avenida Olegário Maciel, erguido na década de 1960 para substitui-lo, ficou no limbo até ser ocupado paulatinamente por lojistas e prestadores de serviço. Em 2010, surgiu o Mercado das Borboletas, cum espaço para eventos e incubadora de artes e negócios, e em 2017, um projeto começou a mudar a história do lugar, com a revitalização do primeiro corredor.

 

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“Foi a primeira experiência com um olhar mais artístico. Em 2017, surgiu o primeiro corredor com uma estética definida do segundo andar, com as placas das lojas padronizadas, um único produto e serviço, para trazer o que o Mercado Novo tinha de melhor”, conta Luiz Felipe Castro, curador do espaço. A revitalização tinha como objetivo valorizar a cultura e principalmente os pequenos produtores. “A curadoria foi entender o propósito do prédio, requalificar e trazer mais gente para abrir lojas”, explica. Rafael Quick, fundador da Cervejaria Viela, iniciou o processo hoje sequenciado por Castro, trazendo para o “gigante” até então abandonado a Cozinha Tupis e a Distribuidora Goitacazes para atrair uma galera diferente e que curte um rolê gastronômico e cultural.

A transformação começou com a gastronomia e se alastrou pela moda, pelo artesanato e pela arte, atraindo diversos empreendedores locais. “Enquanto o Mercado Central está focado em produtos, o Novo tem um olhar para a economia criativa”, define Castro. Essa criatividade passa pela diversidade e pluralidade de espaços: de feira de hortifruti a gráficas, de consertos de máquinas a oficinas de um luthier, de lojas de discos a livrarias, de agências de viagens a coworking, de academia de boxe à central de sinuca, de lojas customizadas de camisetas à grifes de nome como a de Ronaldo Fraga, de cafeterias a restaurantes de comida gourmet. “Somos o segundo maior mercado da América Latina, só perdemos para o Ver-o-Peso, em Belém do Pará”, salienta Luiz Felipe Castro.

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