Walking tour revela a Belo Horizonte dos anos 1920

Descobrir recantos e permitir uma imersão do visitante no cotidiano do destino são a proposta do walking tour. A prática surgiu como negócio em Berlim, na Alemanha, em 2004, e foi adotada em várias cidades europeias. A partir de 2011, os passeios a pé guiados foram inaugurados no Brasil. Hoje, são oferecidos em capitais como Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Recife, Curitiba e Porto Alegre. 

Em Belo Horizonte, uma parceria entre os blogs @360meridianos e @Ondecomerebeberem, com apoio da plataforma de hospedagem Airbnb, 
resultou na criação de um curioso walking tour que mistura história, literatura e boemia. A proposta é que o visitante - e até o próprio morador - conheça a capital mineira nos anos 1920, através de uma caminhada que segue os passos de escritores e poetas como Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade e Pedro Nava.

O ponto de encontro é a igreja da Boa Viagem, um dos marcos da fundação da cidade. Depois de um cafezinho artesanal é hora de cumprir um trajeto que termina no mirante da rua Sapucaí,  vizinho à casa do poeta Carlos Drummond de Andrade. 

Drummond, por exemplo, morou em Belo Horizonte por 14 anos, entre as décadas de 1920 e 1930. Ele saía da casa no bairro Floresta, passava pelo viaduto Santa Tereza e chegava ao centro, mais precisamente na avenida Augusto de Lima, na Imprensa Oficial, onde trabalhava naquela época.

Os grupos são pequenos, de no máximo seis pessoas, e a caminhada dura cerca de duas horas e meia. A experiência pode ser oferecida em três idiomas - além do português, o inglês e o espanhol.

Memória

"Pegamos carona nos escritos de poetas e cronistas centenários para mostrar a Belo Horizonte vivida por eles, que hoje só existe nesses registros", afirma o jornalista Rafael Sette Câmara, do blog @360meridianos, que também é guia no tour. "Comecei a pegar gosto por essas caminhadas e percebi que a maior parte das histórias contadas era desconhecida até para quem mora em BH", explica.

No caminho, o visitante ouve histórias pitorescas e descobre as curiosidades sobre uma cidade que não existe mais, que foi apagada do mapa em nome da modernidade. Também os cenários de hoje são comparados com fotos antigas dos mesmos lugares, enquanto os visitantes escutam trechos de poesias e crônicas.

Trajeto

O roteiro passa pela avenida João Pinheiro, praça da Liberdade, rua da Bahia, avenida Afonso Pena e Viaduto Santa Tereza. Os grupos são menores para evitar aglomeração, e todos os participantes precisam usar máscara. 

A médica cearense Ravenna Bessa, 32 - que havia se mudado para a capital mineira 15 dias antes do início da pandemia -, já acompanhava o blog nas redes sociais e decidiu fazer a caminhada com o namorado Aril Rabelo, 22. "A gente estava em quarentena, queríamos sair um pouco e achamos a proposta interessante", afirma.

Como não conhecia a cidade, Ravenna conta que essa foi uma oportunidade de observar Belo Horizonte sob um outro ângulo. "Ouvir as histórias que o Rafael conta, as poesias, muda nossa perspectiva da cidade. Há detalhes que na correria do dia-a-dia a gente não olha nem ercebe", afirma a médica.

Como em todo walking tour no mundo inteiro, o preço é único - no caso desse, especificamente, R$ 55 por pessoa -, mas se o participante gostar do passeio pode oferecer espontaneamente uma gorjeta. 

O walking tour Boemia e Literatura nos anos 1920 acontecerá até janeiro, aos sábados ou domingos, e pode ser contratado na plataforma do Airbnb (Airbnb.com.br). As próximas datas disponíveis são 12, 20 e 27 de dezembro e 10 de janeiro. A caminhada começa às 10h e termina às 12h30.

Mais informações acesse os perfis @ondecomerebeberem e @360meridianos, no Instagram.