Se depender da vontade de moradores, a realização de eventos de grande porte vai ser banida do parque das Mangabeiras, na região Centro-Sul da capital. Segundo eles, o local se tornou palco de festas constantes, que têm provocado impactos ambientais e aumentado a sensação de insegurança na região. A promessa do presidente da Associação de Moradores do bairro, Rodrigo Bedran, é que, se a situação não for solucionada, eles irão procurar o Ministério Público de Minas Gerais para intervir no caso.
O assunto foi discutido ontem na Câmara Municipal, onde tramita um projeto de lei que pretende transformar a praça do Papa em parque. A preocupação é que, caso o texto seja aprovado, os problemas se repitam no local. “Os moradores estão estarrecidos com a situação do parque das Mangabeiras, que está largado com os eventos corriqueiros. Eles provocam impactos na fauna e na flora. Os frequentadores quebram árvores, urinam no meio do mato e, pela manhã, só resta o lixo”, afirmou Bedran.
Os moradores também reclamam que cresceu a insegurança no entorno do parque, com o aumento de assaltos, e da falta de diálogo com o poder público, que não os consulta antes de autorizar eventos. Segundo eles, festas de grande porte deveriam ser banidas. “Não queremos que as pessoas deixem de ir, mas que o bom comportamento prevaleça porque os eventos acontecem, e os impactos ficam. O parque não é lugar de megashow, mas de preservação ambiental”, disse a presidente da Associação de Moradores do Bairro Serra, Nilcélia Gomes.
Para buscar uma solução, o agendamento de uma reunião entre a Fundação de Parques Municipais (FPM), moradores e empresas que organizam eventos no parque foi solicitado. Bedran disse já ter a assinatura de 30 pessoas para solicitar a intervenção do Ministério Publico.
Eventos. De acordo com o chefe de gabinete da FPM, Piero Bruno, a realização de eventos em parques respeita regras pré-estabelecidas. “A fundação exige o cumprimento de todas as regras, auxilia na fiscalização dentro do parque e vem trabalhando junto com os promotores há muito tempo na conscientização. Entre as regras para eventos específicos no parque, tem o cercamento de toda a avenida, a limpeza da área e limite de horário até as 21h45”, disse.
Segundo a FPM, todas as solicitações para realização de eventos passam por análise. Os empreendedores têm que cumprir regras que visam a preservação do patrimônio local, a segurança dos convidados e da população usuária e vizinha.
A fundação garantiu que eventos de grande porte, como shows e festivais, são realizados somente no estacionamento sul do parque, e que o público não tem acesso à área de preservação ambiental. A pasta declarou, ainda, que está ciente das queixas e aberta ao diálogo com a população.
Histórico
Luta. Não é a primeira vez que a Associação de Moradores do Mangabeiras tenta barrar eventos no parque. Em 2012, a entidade tentou impedir a festa de St. Patrick’s Day e o show da cantora Maria Rita.
Saiba mais
Normas. Entre as regras para a realização de eventos em parques, estão a limpeza da área, cumprimento de intervenções corretivas em caso de danos à estrutura e uso de instrumentos sonoros em conformidade com a legislação. Além disso, o empreendedor deve prestar socorro imediato a qualquer pessoa ou espécie da fauna local que se ferir.
Exigências. O produtor deve apresentar o projeto detalhado do evento, a documentação da empresa promotora e cópia da comunicação enviada a PM, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal e BHtrans.
Benefícios. Segundo a FPM, a realização de eventos nos parques tem contribuído para a apropriação do espaço urbano pela população, além da consciência ambiental e queda da criminalidade nos locais.
Eventos. A FPM não informou quantos eventos foram realizados no parque das Mangabeiras neste ano. No próximo fim de semana, acontece o Festival Internacional de Cerveja e Cultura.
Papa
Fundação é contra mudança em praça
Além dos moradores presentes na audiência pública, o chefe do gabinete da Fundação de Parques Municipais (FPM), Piero Bruno, se posicionou contrário ao Projeto de Lei 1.954/2016, que visa transformar a praça do Papa em parque. A proposta está em tramitação em primeiro turno na Câmara Municipal.
“É uma área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além disso, lá tem alguns cadastros de plantas que precisam de desafetação e não tem os recursos faunísticos e de hidrologia para ser transformada em um parque”, explicou. Segundo ele, por isso, a FPM não poderia fazer muito além da manutenção que é realizada atualmente pela Regional Centro-Sul.
Autor do projeto, o vereador Pablito (PSDB) disse que o objetivo é tornar o espaço mais bem-cuidado. “A praça tem problemas, como disputa de corridas, tráfico de drogas e som alto”, disse. Ele acrescentou ontem uma emenda que proíbe o cercamento da praça e a cobrança de taxa de entrada. (RM)