Apesar das manifestações contrárias dos moradores do bairro Castelo à construção de moradias do programa "Minha Casa, Minha Vida", a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) continua consistente no sucesso do programa. Em uma reunião aberta com residentes da região, nessa quarta-feira (17 de abril), representantes da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) defenderam que as construções não vão ocupar áreas verdes protegidas nem causar grande impacto no trânsito. Mesmo assim, estudos para melhoria no transporte público e infraestrutura, como aumento de vagas nas escolas, estão sendo realizados.
De acordo com o diretor-presidente da Urbel, Claudius Pereira, a reunião teve sucesso na apresentação das obras e esclarecimento de dúvidas, mesmo que a opinião dos moradores não tenha mudado. Eles organizaram um abaixo-assinado com mais de 5 mil assinaturas, argumentando que a obra pode causar danos ao meio ambiente e piorar o trânsito da região. “Por certo, alguns não agradaram, não se sentiram satisfeitos com o apresentado. Mas é obrigação da prefeitura permitir que essa população esteja em um local bem localizado. São essas as pessoas que mais utilizam a infraestrutura pública da cidade. Não podemos levá-las para a periferia. Eu perguntei: se não no Castelo, onde?”, diz Pereira.
O diretor-presidente afirma que, no encontro, os moradores apresentaram escrituras do terreno onde as moradias populares serão instaladas com o intuito de dizer que os locais são Área de Proteção Permanente (APP). A informação, no entanto, foi desmentida pela prefeitura. “Todos os empreendimentos ocorrem em áreas definidas no plano diretor, são Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS 1) e exatamente destinadas para moradias de baixa renda. Houve uma confusão, mas esses locais não são nem nunca foram de proteção”, explica.
Já sobre a preocupação com a piora no trânsito do bairro, Claudius Pereira respondeu aos residentes do Castelo que o impacto será “muito menor que o esperado”. Os moradores pontuam os congestionamentos diários que atingem avenidas como Presidente Tancredo Neves, Pedro II e Presidente Carlos Luz, mais conhecida como Catalão.
“Foi ponderado isso com a população. Essas famílias das moradias populares não são um público que usa carro com frequência. Só para saber, os empreendimentos só tem 1% de vagas correspondendo aos apartamentos, ou seja, para 100 apartamentos, são só 30 vagas. Impacta, sim, mas em uma medida menor que o esperado”, afirma.
Segundo o representante, a BHTrans está realizando um estudo sobre o trânsito na região para propor soluções adequadas que possam diminuir o congestionamento. No momento, no entanto, não há nada concreto nesse sentido. No plano de expansão da BHTrans, está prevista a instalação de uma estação de ônibus BHBus próxima às moradias populares. “Isso, tanto por demanda do Castelo, quanto por necessidade do entorno. Está nos planos”, informou o diretor-presidente do Urbel.
Na reunião, também foram ouvidas outras demandas dos moradores do bairro com relação à infraestrutura do local. Uma que se destacou foi sobre a possível falta de vagas em escolas municipais da região, devido ao aumento de residentes no Castelo. Sobre isso, a prefeitura prometeu avaliar o número de vagas ideal.
Entenda: moradias populares no Castelo
A construção de novas moradias populares na capital está prevista em uma parceria firmada, entre a Prefeitura de BH e o governo Federal, para a criação de 3.060 unidades habitacionais na cidade.
O projeto aprovado pelo Ministério das Cidades, em novembro do último ano, prevê investimento de cerca de R$520 milhões - cada unidade orçada em R$ 170 mil - para a construção dos imóveis em terrenos de propriedade do município, que serão transferidos ao Fundo de Arrendamento Residencial.
No bairro Castelo, a previsão é da criação de 500 unidades do “Minha Casa, Minha Vida” em três terrenos do Executivo municipal, localizados nas ruas Castelo da Beira (100), Castelo Setúbal (200) e Conceição Aparecida Augusten (200).