Assim como quem visita sites de compras virtuais para escolher roupas e objetos, as mulheres têm agora, online, um catálogo de homens à disposição para amizade ou algo a mais. No novo site de relacionamentos AdoteUmCara a mulherada pode se cadastrar gratuitamente como “cliente”, escolher seus “produtos” favoritos e colocar no carrinho de compras. A partir daí, o rapaz pode trocar mensagens com a interessada e iniciar uma relação.
Presente em seis países, o portal já conta com mais de 12 milhões de usuários, segundo a diretora de negócios internacionais do site, Clara Bizien. Ela não revela, porém, quantos usuários tem no Brasil “por causa da concorrência”. “Temos 50% de homens e 50% de mulheres, entre 18 a 35 anos, com perfis modernos, curiosos, urbanos e com senso de humor bastante apurado”, afirma.
Clara conta que o site foi criado na França em 2007 por dois homens que observaram a insatisfação das amigas com os sites de relacionamentos tradicionais. “Sabemos que as mulheres gostam muito de shopping, então a decisão foi a de criar um site como se fosse uma loja, um catálogo”, explica Clara.
A diretora acredita que o rápido crescimento se deve ao fato de a ideia ter conquistando ambos os sexos. “A maior diferença é que o papel da sedução está sendo invertido, e elas jamais vão receber mensagens de caras indesejados. Eles também gostam, porque é o único site onde sabem que são escolhidos por mulheres que gostaram deles”, explica.
Opinião. Professora de educação sexual, Rita Gutierrez diz que a maior queixa das suas alunas está relacionada a essa questão de não poder escolher. Por isso, ela aprovou a iniciativa do site. “Cada vez mais a mulher vai ganhando espaço, com as mesmas profissões e fazendo tudo em relação à igualdade de gênero. Se tem uma coisa que homem gosta é de mulher de atitude”, afirma a professora.
Para a terapeuta comportamental Glauciane Lourenço, a ideia também foi vista como “divertida e bem-humorada”. “Desde sempre fomos educadas a esperarmos pelo nosso príncipe e sermos as meninas comportadinhas, que não podem fazer isso, não devem fazer aquilo. Hoje as coisas estão mudando, e eu gosto muito dessa mudança, a mulher saindo da condição de princesa e indo à caça”, avalia.
Glauciane não acredita que o site consiga mudar as relações entre homem e mulher, mas poderia ajudar a inverter os códigos tradicionais de sedução que sempre estiveram presentes na cabeça das pessoas. “O homem caça, e agora ele será caçado, ou melhor, escolhido como uma mercadoria numa prateleira. Vai dar o que falar num país tão machista”.
O que dizem as usuárias
“Conheci o produto que sempre procurei em todas as prateleiras e que sinceramente já não esperava encontrar. Obrigada por fazerem meus caminhos cruzarem com os do Roberto. Foi a melhor compra que fiz em toda a minha vida!” Juliana, 24 anos
“Graças ao app de vocês, encontrei a mulher da minha vida. Ou, como ela prefere contar, ela me encontrou” “Estou superfeliz e amando, é claro!! E agradecida por vocês terem me proporcionado esse encontro” Lincon, 28 anos
Lulu de volta
App. Após polêmica e saída do mercado, o aplicativo Lulu volta ao Brasil. Em 2013, quando foi lançado, o app recebeu críticas por permitir que as mulheres avaliassem os homens.
Minientrevista
Clara Bizien
Diretora de negócios AdoteUmCara.com.br
De que maneira o site pode modificar a forma como homens e mulheres se relacionam?
Na França, o site já alterou bastante os códigos da sedução e ajudou a sociedade a aceitar que as mulheres podem dar o primeiro passo. Acredito que a sociedade brasileira seja mais aberta e que o site também possa ajudar dessa forma.
Acha que a ideia pode ser alvo de críticas como o aplicativo Lulu foi em 2013?
Eu estava no Brasil quando o Lulu foi lançado, mas com o AdoteUmCara as mulheres não depreciam e não julgam os caras. Se fosse AdoteUmaGarota sabemos que as críticas seriam horríveis, mas acho que as pessoas devem compreender que o site também é uma brincadeira em relação aos outros sites de encontro.
Vocês pretendem lançar outras versões?
A gente esta trabalhando em uma versão para o público gay, mas no momento preferimos focar o público heterossexual.