Enquanto o ex-presidente Lula critica duramente “certa imprensa”; enquanto defende, em sua primeira participação no horário eleitoral gratuito, uma vez mais, a censura à imprensa, mas com o nome de “controle da mídia”; enquanto ameaça, referindo-se a Dilma Rousseff, que “eles não sabem o que seremos capazes de fazer para reelegê-la”, a candidata Marina Silva, “hospedeira” do PSB, enfrenta no partido grave crise horas depois da transformação do falecido Eduardo Campos em simples cabo eleitoral do seu grupo, nas eleições de outubro próximo.
A comoção provocada pelo peso político de um morto, em qualquer parte deste controvertido mundo, pode produzir resultados eleitorais inimagináveis. Entre nós, na América Latina, isso aconteceu com Evita Perón, morta em 1952, cujo corpo foi exposto num enorme mausoléu. A morte de Lênin, em 1924, foi definida assim pelo grande poeta Maiakovski: “Mesmo agora, Lênin está mais vivo do que os vivos”.
A comoção provocada pela trágica morte de Eduardo Campos, que tinha, com certeza, próspera carreira política a sua frente, poderá não ter tanto peso na candidatura de Marina Silva à Presidência da República, como não está tendo na do seu (dele) candidato ao governo de Pernambuco. A sua ausência pode torná-lo vivo mais um pouco, mas talvez para lembrar à ex-senadora que, na sua aliança com Campos, era ele quem exercia o papel de algodão entre vidros…
Esse delicado e difícil papel de Campos, em razão da personalidade forte da candidata acreana, corre o risco de desaparecer em meio à acirrada disputa pelo poder, tanto no PSB quanto na Rede (que nem sequer existe). Prova disso foi a saída de Carlos Siqueira e Milton Coelho da coordenação da campanha. Irritado, Siqueira a deixou e ainda afirmou que “Marina não representa o legado de
Eduardo Campos. Eram muito diferentes política, ideologicamente, em todos os sentidos”.
Enquanto Marina tenta pensar as feridas abertas nas hostes socialistas, Aécio desenvolve ações com o objetivo de conquistar votos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Com mais razão, ainda, e com bem mais intensidade, o tucano promete promover as mesmas ações em Minas, com vistas a uma votação recorde em sua história. Para isso, necessita de Anastasia e, também, da experiência de Pimenta da Veiga.
Segundo alguns tucanos, apesar da confusão que os petistas desejam inutilmente criar em torno da “semelhança” entre os nomes “Pimenta” e “Pimentel” e, também, em torno da adoção agora pelo PT da cor azul, eleita pelo PSDB desde a sua fundação, os números – 45 e 13 – serão certamente sugestivos daqui para frente. Enquanto alguns petistas consideram certa a vitória do seu candidato, os tucanos argumentam que, exatamente nessa época, a diferença entre Antonio Anastasia e Hélio Costa era de 20 pontos em favor deste. E Costa tinha como vice Patrus Ananias – a maior e mais forte liderança do PT mineiro.
O esperado alinhamento da candidatura de Pimenta às de Anastasia e Aécio (Anastasia, candidato ao Senado, está muito à frente de Josué Alencar), segundo alguns tucanos, é questão de tempo, uma consequência natural. Ele vem se consolidando a partir da vigência do horário eleitoral, cujo início se deu há dez dias. É isso, dizem, o que deverá acontecer, e não o inverso, ou seja, o alinhamento da (invisível?) candidatura ao Senado de Josué à de Pimentel, carro-chefe do PT.
Como se vê, a política tem a sua própria dinâmica…
Marina enfrenta resistências, e Aécio tenta conquistar SP e RJ
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