O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) poderia ter impedido o clima de ódio que se vive hoje na política, que se agrava ainda mais com essa divisão histérica entre direita e esquerda, se tivesse sido eleito, no lugar de Dilma Rousseff, o seu candidato Aécio Neves.
A direita está representada, sobretudo, pelo bolsonarismo; a esquerda, pelo PT. Ou seja: por essa e outras razões, o PT e o movimento bolsonarista correm o mesmo risco do PSDB – o de serem enterrados definitivamente. Está cada vez mais difícil a pacificação do país, que só ocorrerá por meio da política, hoje demonizada (e, com ela, os políticos) de norte a sul do Brasil. Além de estar sempre em crise, e com o fim da janela partidária, o PSDB perdeu vereadores em 12 capitais.
Os petistas certamente dirão que estou incorrendo em grave erro, pois a diferença entre esses dois partidos, que já tiveram algo em comum, embora tenham disputado várias vezes a Presidência da República (sendo que o PSDB conquistou dois mandatos e o PT cinco, com o terceiro de Lula), jamais permitiria que tal ocorresse. O PT, diriam, foi fundado de baixo para cima, embora tenha contado, em grande parte, com a ajuda de intelectuais, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, e vários outros, que simplesmente viam com simpatia o nascimento de um partido ligado ao operariado brasileiro.
A propósito, o jornalista Eduardo Affonso, no jornal “O Globo”, em sua coluna no último sábado, depois de dizer que, após 21 anos de ditadura em nossas doídas costas, digo eu, já poderíamos, finalmente, estar vacinados contra a sedução do autoritarismo, afirmou que “passou da hora de a questão política deixar de ser posta em termos de esquerda x direita e mudar o eixo para democracia x autoritarismo”.
Desde jovem, assisto ao fenômeno denunciado pelo citado colunista: “Somos fascinados pelo mito do bom tirano, do outsider, que varrerá o lixo da política nacional e nos conduzirá, por decreto, a pastos mais verdejantes. Insistimos em ir ao inferno à procura de luz”. Não estará aqui a explicação do “prestígio” do ex-presidente Bolsonaro?
Há assuntos, enfim, a tratar em nosso país: a morte de Ziraldo, “o eterno Menino Maluquinho”; a morte do compositor e “mestre” Pacífico Mascarenhas, ocorrida antes destas tortas e difíceis linhas; a intervenção do governo em nossa maior empresa – a Petrobras; as guerras entre Ucrânia e Rússia e entre Israel e Hamas; o infame decreto do ditador Nicolás Maduro contra Essequibo; a ameaça de Biden de rever o apoio dos EUA a Israel; a atrevida ameaça de Elon Musk, dono do X, ao STF e ao nosso Congresso de não cumprir decisões judiciais brasileiras; o fim da “tese”, em decisão unânime do STF, do tal “poder moderador”; a excelente entrevista do ex-senador Tasso Jereissati sobre o PSDB etc.
Acílio Lara Resende é jornalista