O Brasil fechou o ano passado com uma taxa de desemprego que constituiu um recorde histórico: 11,8%, ou 12,3 milhões de desempregados. No entanto, o IBGE mostra agora um retrato mais completo.
Na verdade, faltou trabalho para 26,4 milhões de brasileiros em 2017. Além do contingente de desempregados, há os que simplesmente desistiram de buscar uma vaga e os que trabalham menos do que gostariam.
Trata-se de um gigantesco desperdício de mão de obra, de pessoas que não são aproveitadas pelo mercado de trabalho, convocando os governantes a considerar 26 milhões, e não 12 milhões, de desempregados.
Pela primeira vez, o IBGE mediu o tamanho do grupo dos desalentados, aqueles brasileiros que desistiram de procurar emprego. Seu número chega a 4,3 milhões – um recorde de 3,9%, o maior da série histórica, iniciada em 2012.
Essas pessoas nem tentam procurar emprego. Ou porque o buscam há muito tempo, sem sucesso, ou porque são jovens ou idosos demais, ou ainda porque moram longe e sabem que dificilmente terão uma chance.
Além dos desalentados, tem o grupo das pessoas que só encontram trabalho com menos de 40 horas semanais e que buscam uma complementação no mercado informal. São 5,9 milhões de trabalhadores.
A pesquisa verificou também como as dificuldades no mercado de trabalho afetam mais alguns grupos que outros. A taxa de desemprego dos brancos fechou 2017 em 9,5%, enquanto a dos negros e pardos chegou a 28,1%.
Do total de trabalhadores desalentados no país, quase 60% está no Nordeste. Se a desocupação está alta, o desânimo também fica alto. A pessoa perde o estímulo, prevendo de antemão que não vai conseguir uma vaga.
A pesquisa desenha um novo quadro do desemprego no Brasil, mais negativo, comparado ao anterior, porém mais verdadeiro para o conhecimento da atual conjuntura do mercado de trabalho no país.