Com os ministros da Justiça e da Defesa, o presidente Michel Temer esteve, ontem, em Roraima, onde foi ver de perto a situação calamitosa que vive Boa Vista, a capital do Estado, com a presença de 40 mil venezuelanos que lá buscaram refúgio.
Finalmente, o governo federal acordou para o problema, relegado até agora aos cuidados da prefeitura da cidade. Em consequência do descaso, a população local começou a se sentir incomodada, e daí a partir para uma reação irracional foi um passo.
Na semana passada, houve dois atentados contra venezuelanos acampados nas ruas ou em abrigos. Um guianense jogou uma bomba caseira e feriu uma criança e seus pais. Em outro caso, uma casa que abrigava vários refugiados foi incendiada.
Os incidentes fizeram o governo suspender o descanso de Carnaval para tratar do caso da Venezuela. O país vive uma crise humanitária, com colapso econômico e social. A falta de alimentos e de remédios atinge duramente os venezuelanos pobres.
A crise no país vizinho agravou-se com os governos “bolivarianos” de Chávez e Maduro. Entre 2014 e 2017, pediram asilo ao Brasil 22 mil venezuelanos. Um número duas vezes maior entrou no país clandestinamente, sem fazer um pedido formal.
A situação é pior na Colômbia, onde entraram 550 mil venezuelanos de forma regular e irregular. Com a decisão do governo colombiano de reforçar o controle das fronteiras, espera-se que o fluxo diário de 700 pessoas aumente para o lado brasileiro.
O governo daqui decidiu criar uma força-tarefa para dar atendimento médico aos refugiados e alimentá-los. Vai também distribuí-los por outros Estados, como fez com sírios e haitianos, que têm vistos humanitários concedidos pela Lei da Migração.
Já é alguma coisa. Apesar do rude cotidiano dos brasileiros pobres, estão todos no mesmo e único barco.