Não poderia existir momento menos apropriado para comemorações no PT. O partido sofre duras críticas pelo envolvimento de parte de sua cúpula com as denúncias da operação Lava Jato, e o governo enfrenta seu momento mais instável desde que o escândalo do mensalão foi deflagrado por Roberto Jefferson.
Este péssimo instante se soma ao surgimento das primeiras especulações e consultas sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Muitos caciques já estão preocupados com a possibilidade. O gaúcho Tarso Genro chegou a Belo Horizonte dizendo que há um clima estranho no ar.
Outro fator que denuncia a inquietação é a maneira como a guerrilha cibernética sustentada pelo PT tenta padronizar um discurso. Uma simples “googlada” com o termo “golpismo”, e o internauta se depara com o aparato de milhares de artigos, textos e comentários que partem da esquadrilha petista.
Porém, o PT, como instituição, está acuado, com suas principais estrelas se chocando, mantendo-se mudas e alojadas em ambientes reclusos, sem saber resolver o maior de seus dilemas políticos. O contra-ataque parte de figuras isoladas, como o deputado Durval Ângelo, que diz ter bala na agulha para silenciar opositores em Minas.
Mas cortar as asas de tucanos ainda inconformados com a derrota é tarefa menos complicada. Isso o PT aprendeu a fazer com as mãos nas costas. Deter o ímpeto de poder do PMDB, o gigante que vem sitiando o Palácio do Planalto, é que são elas.
Olhando por esse prisma, a tese de “golpismo” não está de todo equivocada. A aprovação da CPI na Câmara Federal coloca a presidente no fio da navalha, e a derrota acachapante que fez o governo aceitar goela abaixo o deputado Eduardo Cunha, sem que o partido conseguisse emplacar um único membro na Mesa Diretora, justifica o nervosismo.
O escândalo da Petrobras, agora nas mãos de congressistas repletos de segundas e terceiras intenções, pode, sim, tirar Dilma Rousseff de sua cadeira. A CPI pode seguir vários caminhos que se encerram no impedimento da presidente, desde a queda solitária até uma que leve junto o seu vice.
Os depoimentos tornados públicos pela Justiça Federal revelam um esquema para garantir recursos para o PT, mas também para o PMDB, além de outros partidos. Porém, a forma como a CPI será conduzida poderá concluir que Dilma, por ter sido a presidente do conselho da Petrobras durante boa parte dos anos de corrupção na estatal, seja penalizada sozinha. Neste caso, ela cai, e o PMDB fica, o que não é absurdo pensar, já que a Câmara e o Senado já estão sob o jugo peemedebista.
A teoria apregoada por Genro e seus companheiros passa a ter sentido somente se os golpistas forem outros. A imprensa e os opositores, alvos diletos do partido mais atingido pela crise, jamais teriam condições de dar um golpe. No máximo vão repercuti-lo.
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