Na última semana, a TV Goiânia, afiliada da Band no estado de Goiás, promoveu um verdadeiro de show de constrangimento à musa do Goiás Esporte Clube durante a exibição do programa 'Os donos da Bola". Convidada pela atração para o quadro 'Desafio da musas', Karol Borges foi abordada de maneira preconceituosa e apelativa, recebendo perguntas de duplo sentido e de conotação sexual durante a sua participação, o que gerou revolta por parte do público e do próprio clube representado.
Mas como tudo que é ruim pode mesmo piorar, a maneira como o coordenador artístico da emissora lidou com a situação foi ainda mais vergonhosa. Leandro Vieira foi às câmeras no dia seguinte, com um discurso pronto, afirmar que as perguntas tinham sido feitas de maneira intencional, para que houvesse reflexão sobre o machismo no dia a dia.
O detalhe é que anteriormente, em entrevista à jornalista Ana Carolina Silva, do Uol, Leandro minimizou a polêmica, dizendo, inclusive, estar surpreso com a reação do Goiás e que o quadro não contribuía com a discriminação das mulheres. Anteriormente, Karolina Rodrigues, musa do Vila Nova, havia passado pelo mesmo constrangimento.
Raciocine comigo, leitor: o conteúdo apelativo é produzido por uma pessoa, que depois de se dar conta da repercussão negativa, enxerga na situação um jeito de sair como alguém que levanta a bandeira contra o machismo. Não sei pra você, mas pra mim, sem dúvida, essa é uma das coisas mais cínicas que tive o desprazer de ver nos últimos tempos.
O Goiás não ficou alheio à situação e entrou com uma representação no Ministério Público de Goiás solicitando as medidas cabíveis contra a emissora, que na terça-feira anunciou a demissão de Leandro Vieira. O programa foi retirado do ar e não tem data prevista de retorno ou de substituição na grade da TV Goiânia.
Em contato com a coluna, o gestor de marketing do Goiás, João Grego, informou, ainda, uma série de ações previstas para o jogo de ontem, contra o Coritiba, pela terceira fase da Copa do Brasil, que valoriza a presença da mulher no estádio.
Para o confronto com os paranaenses, cada ingresso vendido dava direito a uma entrada feminina ao Serra Dourada. As torcedoras que quisessem poderiam acessar o estádio por uma entrada exclusiva destinada a elas e os jogadores utilizaram uma hashtag na camisa de jogo que dizia: nada pode abalar o poder da mulher. Além disso, cinco torcedoras foram convidadas pata participar do intervalo de jogo e disputaram uma camisa oficial do clube.
É por essas e outras que o nosso engajamento com a causa não pode parar. Estamos em 2018 e ainda encontramos pessoas que acham divertido julgar uma moça pela beleza. Infelizmente, estamos cercadas de gente que acha que mulher serve para deixar o estádio mais bonito ou para desfilar do lado dos torcedores.
Ao Goiás, os meus parabéns por intervir na situação com o objetivo de valorizar suas torcedoras. À produção da TV Goiânia, o desejo de uma verdadeira reflexão. Não somos brinquedinhos para enfeitar estádio e muito menos os seus programas de mau gosto.