Propagandas foram feitas para vender produtos, sejam eles um carro, um sapato, um candidato ou um governo. Mas, quando desrespeitam a inteligência da audiência ou tentam enganá-la, o efeito é quase sempre contrário. E o exemplo mais recente é o infeliz e mal-intencionado comercial da Cemig estrelado pelo ator Jonas Bloch.
Em uma tentativa de minimizar o aumento da conta de luz em um ano eleitoral e ainda transferir o ônus para outra esfera de poder, reduzindo o desgaste do governo estadual, a empresa mineira de energia elétrica veicula uma série de informações equivocadas e omite outras, quase chamando o público de “idiota”.
Na peça publicitária, a Cemig diz não ser ela a responsável pelo aumento da tarifa, mas sim a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Uma meia-verdade, ainda bem. Realmente, foi a Aneel quem autorizou o reajuste de 14%, sendo contrária ao índice pleiteado pela empresa mineira, de 29,7% – omitido do comercial, é claro.
Tão ruim quanto a propaganda é a defesa do PSDB para as críticas feitas ao anúncio. Segundo o partido, comercial similar foi veiculado no ano passado e ninguém protestou. Em momento algum, o mérito da questão – ou seja, as informações da peça publicitária – é confirmado ou legitimado. A verdade pouco importa, e o mais importante parece ser divulgar a mensagem enquanto a Justiça não impede a sua veiculação (inclusive, já deveria ter feito isso, não por se tratar de propaganda eleitoral, mas por ser enganosa).
Não teria sido melhor explorar a crise energética do país – pela qual o governo federal responde em grande parte –, da necessidade de usar as usinas térmicas etc?
É difícil entender a cabeça desses gênios do marketing e da propaganda, pois, para quem está de fora, o desgaste para explicar os “erros” grosseiros do comercial parece ser maior se comparado ao seus benefício. Provavelmente, eles devem ter estudos e pesquisas provando o contrário, além de apostarem no desconhecimento e na desinformação da maioria da população.
Fora do âmbito da política, outro caso curioso e mal sucedido foi a propaganda da Friboi querendo vender um Roberto Carlos carnívoro. Deu errado. O cantor, conhecido por não comer carne, não convenceu no papel de ex-vegetariano, principalmente porque nem toca na suculenta picanha durante o comercial. A propaganda acabou sendo retirada mais cedo do ar em razão da repercussão negativa.
Não se trata de esperar um purismo ou a busca pela verdade nas propagandas, muito menos censurar comerciais, mas, por favor, não subestimem a inteligência e o senso crítico das pessoas. Não pega bem chamar seu público de burro, e isso vale para qualquer área.
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