Paulo Gustavo é um dos maiores atores deste século! Tinha um trabalho refinado, cheio de camadas e superpopular. As maiores bilheterias do cinema nacional vieram após anos de peleja no teatro com sua personagem de bobes nos cabelos que dispensa comentários. Desses talentos unânimes, irradiantes, cheios de empatia e personalidade. É uma dádiva que seu trabalho tenha alcançado reconhecimento.
Paulo Gustavo é um sorriso, uma gargalhada. E “rir é um ato de resistência”, como ele mesmo disse no especial de fim de ano da Globo, em 2020. Paulo Gustavo é uma família. Sua mãe maravilhosa, seu marido tão bonito, seus filhos lindos, sua irmã e suas amigas tão amadas nos mostram que todos os arranjos familiares são possíveis, desde que seja com amor.
Perdemos um ator. Um símbolo, um personagem da história. A pandemia também já nos tirou Nicette Bruno, a avó universal, Ismael Ivo e seu movimento negro, além do Sargento do samba e tantos artistas e personagens da cultura. No mesmo dia 4 de maio, exatamente um ano antes de Paulo Gustavo, perdemos o genial cronista da música que deu nome à primeira lei da emergência cultural brasileira.
Nossa “esperança equilibrista” mobilizou agentes culturais por todo o país, enquanto as parlamentares da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados e suas equipes, com o acúmulo de anos de experiência e discussão, escreviam o projeto. E, então, a Lei Aldir Blanc foi aprovada por (praticamente) unanimidade no Congresso Nacional. O Partido Novo foi o único que votou contra, mas isso é outra história...
Apesar dos boicotes de Bolsonaro e dos entraves para a liberação do dinheiro, a Lei Aldir Blanc investiu um volume inédito de recursos no setor. Foram quase R$ 3 bilhões distribuídos equitativamente por todo o país, garantindo auxílio emergencial a trabalhadores da cultura, manutenção de pontos de cultura, espaços independentes, pequenas empresas e produtoras, além do fomento à inúmeras programações culturais online.
Esses recursos “seguraram as pontas” mas já estão se esgotando. Enquanto isso, cerca de R$ 4 bilhões que deveriam ser investidos na cultura estariam parados, eternamente contingenciados, rendendo recursos da dívida pública brasileira ao capitalismo financeiro internacional. Essa é a verba que a Lei Paulo Gustavo quer destinar emergencialmente à cultura brasileira, aprimorando ainda mais a experiência da Aldir Blanc, em consonância com o Sistema Nacional de Cultura.
Em nome de Aldir, Paulo, Nicette, Ismael e Nelson, de Paulinho do Roupa Nova, da maestrina Naomi Munakata e de inúmeros outros artistas que perdemos, cantando como Agnaldo Timóteo, dançando o forró de Genival Lacerda, lembrando a performance de Miss Biá, as brincadeiras de Daniel Azulay ou os escritos de Alfredo Bosi, vamos aprovar a segunda lei de emergência cultural em tempos de pandemia. Depois, derrotaremos o bolsonarismo na cultura, recriaremos nosso Ministério e faremos políticas estruturantes a partir dessas experiências.
Paulo Gustavo explica por que isso é importante, no mesmo vídeo que viralizou: “Essa pandemia também deixou bem clara a importância da arte nas nossas vidas. Esse ano foi difícil? Foi. E foram as artes dramáticas, a música, o cinema, a dança, a cultura em geral que nos ajudaram a seguir em frente, tornando tudo um pouquinho mais leve”.
“(...) É bom lembrar que, contra o preconceito, a intolerância, a mentira, a tristeza, já existe vacina: é o afeto, é o amor. Então, diga o quanto você ama a quem você ama. Mas não fica só na declaração não, gente. Ame na prática, na ação. Amar é ação, amar é arte. Muito amor, gente. Até logo”, despediu-se.