Nós temos respostas automáticas para várias situações. Temos memórias que, com base em experiências prévias, nos permitem tomar decisões rápidas em muitas das situações desafiadoras que nos são apresentadas. Contudo, desafios para os quais não temos repertório eficiente em mãos nos tiram do nosso eixo.
E o problema não é sair do eixo. O problema é não saber voltar.
Você acordou, tomou um bom café, escutou músicas que elevam sua energia e começou sua primeira reunião. Dois minutos depois, um barulho de britadeira insuportável invade seu apartamento, e a reunião precisa ser encerrada. Diante desse episódio, você se distancia do ponto de equilíbrio e se eleva para uma escala de nível 10.
Você toma mais uma xícara de café, fala alguns palavrões e volta a trabalhar. Ao abrir seu e-mail, descobre que aquela aplicação feita no mês passado vai mal. Imediatamente, seu estado emocional, que já estava na escala 10, sobe para 25. Você, então, decide ir trabalhar no escritório, já que o home office hoje não está trazendo sorte. No caminho, alguém bate no seu carro e foge. Para qual número, numa escala de 0 a 100, o seu nível de estresse subiria?
Não temos como determinar quais emoções vamos sentir, quando vamos sentir ou em qual intensidade. Contudo, se nós temos ferramentas que nos fazem voltar ao eixo depois de um pico de estresse, evitamos o efeito cumulativo e nos afastamos da possibilidade de uma reação explosiva. Afinal, emoções descontroladas transformam pessoas inteligentes em estúpidas.
A tal da resiliência nada mais é do que a capacidade de voltar ao nosso eixo depois de um momento de estresse. Se não temos essa capacidade, os desafios vão cumulativamente nos afastando do nosso ponto de equilíbrio.
E, assim, um momento que poderia provocar um estresse apenas pontual acaba se somando a vários estímulos prévios e ajudando a construir o que chamamos “estresse crônico”. Você começa o dia bem e, em pouco tempo, já ultrapassou a escala 100 de irritação.
Na verdade, o cenário da nossa realidade é ainda mais preocupante: a minoria nem sequer começa o dia no eixo. O sono não é reparador, e não existem hábitos que patrocinem a higiene mental. E, se já começamos o dia na escala 70, fica fácil prever a gravidade do pico que podemos alcançar em semanas e meses de desequilíbrio acumulado.
A verdade é que não interessa a quê ou a quem você atribui o seu estresse. Ele existe não porque as situações te fazem sair do eixo, mas simplesmente porque você não se ocupa de voltar.
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