A infraestrutura de recarga para veículos elétricos no Brasil tem avançado significativamente nos últimos anos. Em fevereiro de 2025, segundo a ABVE, o país registrou um total de 14.827 eletropostos públicos e semipúblicos, marcando um crescimento de 22% em relação aos 12.137 pontos existentes em novembro de 2024.
No entanto, o atual custo elevado dos carregadores DC impede uma expansão mais rápida da infraestrutura necessária para os carros elétricos, conforme destaca o Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), uma das autoridades globais sobre tema.
Enquanto os equipamentos em AC (corrente alternada), mais conhecidos como wallbox, são comuns em garagens e estacionamentos das casas, os carregadores em DC (corrente contínua) são essenciais para viagens de longa distância.
Contudo, o custo dos carregadores DC é bem elevado: uma unidade de 150 kW chega a custar aproximadamente R$ 400 mil, e modelos com maior potência podem ultrapassar R$ 1 milhão.
Segundo a ABVE, dos quase 15 mil carregadores públicos disponíveis no Brasil hoje apenas cerca de 2.400 são do tipo DC, ou seja, 16% do total.
Por que carregador DC custa tão caro?
Uma estação de carregamento é composta por uma ou mais portas que convertem a energia da rede para recarregar a bateria do veículo. O processo precisa controlar a voltagem, a corrente e a temperatura para evitar danos à bateria e riscos de sobrecarga ou choques elétricos.
Um sistema de segurança fundamental é o isolamento galvânico, que impede a transferência direta de energia entre a rede e a bateria.
Esse isolamento é normalmente implementado por meio de transformadores de alta frequência, mas é um dos principais responsáveis pelos altos custos – chegando a representar cerca de 60% do custo da eletrônica de potência em carregadores.
Ansiedade de recarga
Pesquisas, como a realizada pela Forbes em 2022, apontavam que 62% dos proprietários de carros elétricos se preocupam demasiadamente com a autonomia do veículo, alterando ou até cancelando seus planos de viagem.
Essa insegurança destaca a importância de uma infraestrutura robusta – tão decisiva que, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), investir em estações de carregamento pode ser até quatro vezes mais eficaz do que oferecer subsídios aos compradores.
Não dá para ser menor?
Segundo análises do IEEE Spectrum, o alto custo do isolamento galvânico eleva o preço dos carregadores DC. Por exemplo, um ponto de recarga de 300 kW em uma estação pode ter até US$ 90 mil (cerca de R$ 500 mil) em eletrônica de potência, com mais de US$ 54 mil (em torno de R$ 300 mil) destinados ao isolamento.
Além do impacto econômico, esse sistema contribui para perdas de energia e aumento do tamanho dos equipamentos, dificultando a inclusão de carregamento rápido nos carregadores de bordo dos veículos.
Aterramento duplo: solução proposta
Especialistas, como os cofundadores da AC Propulsion, Wally Rippel e Alan Cocconi, destacam que eliminar ou simplificar o isolamento galvânico poderia reduzir custos e permitir a expansão da infraestrutura para os VEs.
Uma solução proposta é o uso de aterramento duplo com detecção de continuidade, garantindo a segurança sem o elevado custo dos estágios de isolamento.
O aterramento duplo cria dois caminhos distintos para a corrente elétrica se dissipar no solo, em vez de somente um, como ocorre no aterramento tradicional.
No carregamento de um carro elétrico, o aterramento duplo adiciona um circuito de detecção que verifica se a conexão de aterramento está intacta antes de permitir que a corrente flua para a bateria.
Se houver alguma falha no aterramento principal, o sistema impede a ativação do carregamento, evitando situações de risco, como choques elétricos potencialmente fatais.
Carregamento de VE: Níveis 1, 2 e 3
Nível 1: Utiliza a rede monofásica padrão de 115V, com potência inferior a 2 kW. Para uma bateria de 100 kWh, a recarga completa pode levar cerca de 8 horas.
Nível 2: Comum em garagens residenciais, esse carregamento opera com 208V ou 240 V nos EUA – e 380V trifásico, na Europa. Em geral, uma carga de 6 kW pode fornecer cerca de 300 km de autonomia em uma recarga noturna.
Nível 3: Também conhecido como carregamento rápido ou carregamento DC, este método converte energia trifásica em corrente contínua diretamente aplicada à bateria. As taxas variam de 50 kW a 350 kW – e há desenvolvimentos para alcançar até 1.000 kW