A China, que nos anos 1970 tinha 60% dos deslocamentos urbanos feitos de bicicleta, viu as scooters elétricas herdarem esse legado.
Dados estimados revelam que o país tem hoje um total de 350 milhões de scooters, ultrapassando a frota de carros. O preço médio das lambretinhas elétricas à venda na China é de 3.000 yuans (R$ 2.400), com bateria para rodar de 40 a 60 km.
Enquanto modelos básicos custam em torno de 720 yuans (cerca de R$ 560), scooters para entregadores chegam a 8.000 yuans (R$ 6.200). No Brasil, um scooter elétrico equivalente parte de R$ 12 mil — mais que o dobro do preço chinês.
Além do preço inicial, pilotar uma scooter elétrica na China exige investimentos extras. Modelos que ultrapassam 25 km/h exigem carteira de moto e registro do veículo, com custo médio de 150 yuans (R$ 120).
Convivência conturbada
Embora tenham faixas exclusivas separadas dos carros em avenidas e ruas das grandes cidades chinesas, sem fazer nenhum barulho, as scooters elétricas invadem frequentemente calçadas e cruzamentos, disputando espaço com pedestres.
Na cidade de Xangai, por exemplo, onde o Autotempo esteve recentemente para a cobertura do Shanghai Auto Show, tornaram-se uma "praga urbana", circulando em alta velocidade até mesmo sobre faixas de pedestres. A mistura caótica gera críticas, mas reflete a massificação do veículo como solução de mobilidade.
Impacto na saúde
A transição em massa das bikes para as scooters elétricas no país asiático trouxe um custo invisível e muito caro para a população chinesa: o sedentarismo.
Um estudo da Comissão Nacional de Saúde da China, feito em 2020, apontou que 50,7% dos adultos chineses estão acima do peso, com taxas de obesidade saltando de 7,1% (2002) para 16,4%. Especialistas atribuem parte do problema à redução de atividades físicas, como pedalar.
Proibidas em locais fechados
Após um incêndio fatal em Pequim (2021), o governo proibiu estacionar scooters em áreas fechadas, com multas de 1.000 yuans (R$ 800), e tornou obrigatório o uso de capacetes (R$ 160) e seguro (R$ 320/ano).
Em dias mais frios, os chineses usam uma espécie de cobertor para pilotar as motinhas elétricas. As capas térmicas variam de R$ 25 a R$ 120.