O mercado de veículos eletrificados leves no Brasil continua em ascensão, registrando um crescimento notável de 76% nos primeiros oito meses de 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Essa marca representa 49.052 unidades emplacadas, comparadas com as 27.812 do mesmo período em 2022 e praticamente o total de vendas de todo o ano anterior, que foi de 49.245.

Peugeot e-2008 GT 2023

Crescimento exponencial

Comparado aos primeiros oito meses de 2021, o crescimento é ainda mais impressionante, alcançando 129%, com 21.397 unidades vendidas. Isso demonstra o aumento significativo na adoção de veículos eletrificados no Brasil em um curto período.

Apesar do crescimento do número de carros elétricos nas ruas brasileiras, persistem dúvidas sobre seu funcionamento, características e preços. Neste material especial produzido pelo Autotempo, apresentaremos informações detalhadas para  tirar essas dúvidas.

Quanto custa um carro elétrico no Brasil?

Carros elétricos costumavam ser muito caros, mas nos últimos anos, alguns fabricantes passaram a oferecer opções mais acessíveis no Brasil com preço na faixa de R$ 120 a R$ 140 mil.

O destaque vai para o Caoa Chery iCar, hoje o carro elétrico mais barato do Brasil, custando R$ 119.990 e acomodando quatro adultos com uma tela central de 10,25 polegadas no painel.

Caoa Chery iCar

Outra opção acessível é o Renault Kwid E-Tech, com um preço de R$ 139.990, apresentando design semelhante à versão original, mas com um motor elétrico de 65 cv e 11,5 kgfm de torque máximo.

A lista dos carros elétricos mais baratos à venda no Brasil ainda conta com o BYD Dolphin, o modelo 100% elétrico mais vendido no país em setembro de 2023.

Quanto custa carregar um carro elétrico?

Localizado no município de Porto Ferreira (SP), o eletroposto rápido é gratuito

O valor para carregar um carro elétrico varia conforme a região do país, devido aos diferentes custos de energia elétrica em cada Estado.

Em geral, o custo de carregamento pode variar de R$ 25 a R$ 80, dependendo da capacidade da bateria e da autonomia homologada do veículo.

Considerando o valor médio de energia em Minas Gerais (R$ 0,74 KWh), o custo médio de carregar um carro elétrico é de aproximadamente R$ 25 para os modelos mais acessíveis.

Onde carregar carros elétricos no Brasil?

Carro elétrico desperta interesse no consumidor, mas preços assustam

De acordo com dados da ABVE, o Brasil contava em agosto de 2023 com 3.800 eletropostos públicos e semipúblicos, representando um aumento de 28% em relação a dezembro de 2022.

Montadoras como a Volvo incentivam implementar pontos de recarga rápida para veículos elétricos no Brasil. A marca chinesa de origem sueca lançou um hotsite para estimular a instalação de eletropostos em diversos locais.

Além disso, algumas concessionárias disponibilizam carregadores para seus clientes, e sites e aplicativos de empresas privadas como o PlugShare ajudam os motoristas a localizar pontos de recarga.

Qual bateria é usada em carros elétricos?

Bateria de carro elétrico mostrada no chassi do veículo

A bateria de íon de lítio é a mais comum em carros elétricos e híbridos plug-in. Elas são conhecidas por seu bom desempenho em altas temperaturas, eficiência energética e capacidade de percorrer longas distâncias com uma única carga.

Além disso, as baterias de íon de lítio são compostas principalmente por materiais recicláveis, contribuindo para a preservação do meio ambiente.

Quanto tempo dura a bateria de um carro elétrico?

As baterias de carros elétricos geralmente têm uma garantia de 8 anos, sendo projetadas para percorrer entre 160 e 240 mil quilômetros. No entanto, estudos indicam que a autonomia de um veículo elétrico pode diminuir em média 2,3% por ano de uso.

É possível calcular a autonomia após uma recarga completa usando uma fórmula simples, considerando a capacidade da bateria e a autonomia declarada pelo fabricante.

A autonomia dos elétricos: ciclo PBEV (Inmetro)

No Brasil, o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), coordenado pelo Inmetro, também possui seu próprio padrão para aferir a eficiência energética, consumo e autonomia dos carros elétricos à venda no país. A tabela do PBEV, lançada em 2023, inclui informações adicionais sobre a autonomia dos veículos elétricos.

Essa iniciativa visa fornecer informações mais precisas, tendo em vista os padrões de condução, hábitos dos condutores brasileiros, condições climáticas do Brasil, características do percurso, dentre outras particularidades que podem ser consideradas por um processo de testagem realizado nacionalmente.

Esta nova metodologia prevê que a divulgação do valor contenha um “desconto” de 30% sobre os resultados colhidos em laboratório, para considerar o pior cenário e apresentar a informação da mínima autonomia possível.

A autonomia é um dos principais fatores a serem considerados na hora de comprar um carro elétrico. No entanto, é importante entender os diferentes padrões de teste utilizados pelas montadoras para compara a autonomia dos veículos.

Atualmente, os principais ciclos de testes são o NEDC, o WLTP e o EPA, além do PBEV (testagem realizada pelo Inmetro). Confira mais informações sobre cada um dos ciclos a seguir:

Ciclo NEDC 

O New European Driving Cycle (NEDC) é o ciclo mais antigo com sua origem na Europa, criado em 1980 e atualizado pela última vez em 1997. Os resultados do NEDC são obtidos a partir de testes realizados em laboratório, simulando uma distância de 11 km e um tempo de direção de 20 minutos.

O ciclo é dividido em duas fases, com 66% de condução urbana e 34% de condução em estrada. No entanto, esse modelo não utiliza cenários realistas, como ruas e estradas, o que levava a uma estimativa de autonomia muito maior do que o alcance real dos veículos elétricos.

Ciclo WLTP 

O Worldwide Harmonised Light Vehicle Test Procedure (WLTP) foi criado em 2017 para substituir o NEDC e corrigir suas limitações. Esse método não apenas considera os dados obtidos em laboratórios, mas também leva os veículos para as ruas e estradas, proporcionando uma avaliação mais realista do desempenho dos carros no mundo real.

O teste do WLTP é mais dinâmico, durando 30 minutos e percorrendo uma distância dobrada em comparação com o NEDC. O percurso é dividido em quatro partes, com diferentes velocidades médias (baixa, média, alta e extra alta) e é composto por 52% de condução urbana e 48% de condução rodoviária.

O WLTP também considera diversos recursos do veículo e a combinação de pneus e rodas, já que esses fatores podem influenciar o consumo e a autonomia.

Ciclo EPA 

O Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos determina a autonomia dos carros elétricos por meio de uma série de testes em um dinamômetro, que simula as condições de direção real.

O teste envolve duas etapas principais: o Urban Dynamometer Driving Schedule (UDDS) e o Highway Fuel Economy Test Driving Schedule (HWFET), que representam a condução em ambientes urbanos e rodoviários, respectivamente, usando uma mistura de 45% na cidade e 55% na estrada.

O veículo é totalmente carregado e submetido a sucessivas simulações de percurso combinado antes de ser recarregado. O valor da autonomia é multiplicado por um fator de correção para refletir com mais precisão o alcance no mundo real, que pode variar de 0 a 1.